Como lidar com gatilhos emocionais de problemas do passado?

Como lidar com gatilhos emocionais de problemas do passado?


Gatilhos emocionais são as memórias do passado que surgem em forma de sintomas, comportamentos e patologias que afetam profundamente vida e a saúde mental das pessoas.

Os gatilhos emocionais são sinais que indicam que as pessoas podem ter algum transtorno mental ou sintomas que precisam de cuidados especiais. Muitas pessoas estão sofrendo com estes gatilhos, sem saber por que estão sofrendo e como se libertar desta dor que nunca passa, dessa angustia sem explicação, dos pensamentos confusos, da desilusão, da vontade de morrer e muitos sintomas sem objeto ou muitas perguntas sem respostas. Os gatilhos trazem a memória alguma coisa triste ou algum problema sem solução ou uma preocupação sobre um incerto futuro sem expectativa e sem resultados plausíveis. Como pastor e psicólogo, um dia por semana atendo pessoas com transtornos mentais e problemas afins. Sinto de perto os dilemas de pessoas que não conseguem entender porque são assim ou porque pensam deste jeito, ou ainda como se libertar daquela tristeza que nunca passa, mesmo sendo servo de Deus. Pensemos um pouco sobre isto.

De onde vêm estes gatilhos emocionais? Nós somos a nossa história de vida e tudo que nos acontece tem uma origem. Jesus disse: “no mundo tereis aflições” (João 16.33), ou seja, aflições fazem parte de nossa existência neste mundo. O próprio Mestre sentiu na pele o que é ser gente e chegou a dizer: “A minha alma está angustiada até a morte...” (Mateus 26.38). Na vida, passamos por dificuldades e traumas que podem nos marcar até à morte.

Na fase intrauterina. Neste período de nove meses no ventre materno pode ter surgido alguma predisposição para algum sofrimento durante a vida como a rejeição do feto no ventre da mãe ou violência durante a gravidez, bem como exposição ao estresse, medicamentos ou tóxicos, ou coisas semelhantes que podem dar origem a algum transtorno mental durante a vida.

De ordem biológica. Alguns transtornos podem estar na formação da criança. Por exemplo, transtornos de desenvolvimento como o autismo, déficit intelectual (retardo mental), síndrome Down, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Além disso, pode ainda na formação surgir algumas tendências genéticas para depressão e esquizofrenia, dentre outras.

Traumas da infância. O período principal da vida onde surgem os traumas emocionais é na infância, na qual as crianças podem ser vítimas de violência, abusos, separação dos pais, alienação parental, bullying, exposição demasiada a telas como televisão, celular e tablet, maus tratos e muitas outras formas de sofrimento, levando estas vítimas a desenvolverem muitos transtornos mentais.

Famílias disfuncionais. Familiais extremamente desorganizadas, ou sem a presença de um ou os dois genitores, criada só com o pai ou só com a mãe ou mesmo com avós ou em situações de extremo sofrimento, podem criar pessoas totalmente desestruturadas.

Estresse pós-traumático. Quando uma pessoa tem uma perca ou é vítima de um acidente ou ato de violência passa por um estresse profundo, podendo desenvolver a partir daquele trauma algum tipo de patologia como ansiedade e estresse crônico. Os gatilhos emocionais podem provocar crises quando a pessoa se lembrar do fato ou for exposto a situações que tragam à memória o que aconteceu.

Como funcionam os gatilhos emocionais? Tudo de marcante que acontece negativo ou positivo vai para nossa memória. A psicanálise diz que estas marcas vão para o inconsciente. A psicologia fala de subconsciente e a neurociência fala de memória a longo prazo. Um lugar onde essas memórias ficam por toda a vida. Com o decorrer da vida essas memórias podem se transformar em transtornos mentais como ansiedade generalizada, depressão, esquizofrenia e muitos outros. Os gatilhos são os reflexos dessas memórias amargas. Por exemplo, uma pessoa que foi vítima de um abuso ao ver o abusador tem uma crise de ansiedade, de medo, de terror ou de ódio.

Como lidar com estes contextos patológicos? Este é um desafio do nosso tempo. O site Medicina S/A mostra que 12% da população brasileira (19 milhões) sofre de sintomas de algum transtorno mental. É bom lembrar que personagens bíblicas também revelaram algum transtorno deste tipo. Davi, no Salmo 32, demonstra que está com um processo depressivo. Jó, no seu capitulo 3, mostra também um processo depressivo. O profeta Elias, em 1 Reis 19, revela sintomas depressivos, quando até desejou a morte. Entendemos que ninguém está livre desses sintomas. Pensemos um pouco em como lidar com estes desafios:

Jesus cura todo tipo de doença. Jeremias declarou: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lamentações 3.21). Jesus é Medico dos médicos e Psicólogo dos psicólogos. Ele pode curar qualquer transtorno. Davi confessou e foi curado; Elias foi visitado pelo anjo e ficou livre da angustia; e Jó recebeu de Deus a restituição de tudo, inclusive da sua saúde física e mental.

Busca de equilíbrio. Em casos de sintoma leve, a pessoa pode se recuperar usando algumas técnicas que estão publicadas nos sites da internet, bem como lendo a Bíblia, mudando sua rotina alimentar e de exercícios e tomando atitudes sabias como perdoar e ser perdoado. Enfim, existe forma de superar sintomas e gatilhos emocionais.

Buscando ajuda profissional. Uma pessoa pode ser ajudada pelo pastor ou um conselheiro da igreja que tenha experiência no assunto; procurar um terapeuta como psicólogo, psicanalista e outros que lidam com este assunto. Outro profissional importante, principalmente nos casos mais graves, é o psiquiatra. Muitas pessoas desenvolvem um preconceito com profissionais de saúde mental, mas eles são necessários para restaurar o equilíbrio das pessoas que sofrem com esses sintomas. Os terapeutas lidam com equilíbrio da mente, dos pensamentos, do humor e dos comportamentos, já o psiquiatra passa remédio para equilibrar a química cerebral. Quando uma pessoa tem um desequilíbrio mental as células do cérebro chamadas de neurônios diminuem a comunicação entre si, chamadas de sinapses, provocando o aumento dos sintomas. O medicamento age nos neurotransmissores buscando este equilíbrio.

O papel da igreja. Considerando o aumento constante dos transtornos mentais em nosso meio, precisamos estar atentos para o cuidado desde a idade mais tenra das pessoas da igreja. As crianças precisam de cuidados especiais, pois têm aumentado os abusos, a ideologia de gênero nas escolas; as que nascem com autismo, TDAH e outros sintomas. Precisamos cuidar e encaminhar essas crianças. Também há adolescentes com diversas crises próprias destes tempos modernos que precisam de pessoas preparadas para lidar com suas inquietações e gatilhos, tendo como causa o uso exagerado de internet. E os adultos com diversos transtornos precisam também de cuidados especiais. Então, precisamos de pessoas preparadas para nos ajudar no aconselhamento e acolhimento dos que sofrem.

Enfim, a igreja é formada por pessoas e essas passam por problemas diversos, porque enquanto estivermos no mundo estamos sujeitos a todas estas coisas. Mas o apóstolo Paulo dá uma receita para curar a mente. Em Filipenses 4.13,14, lemos: “Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”. Libertemo-nos das memórias amargas do passado e vivamos um novo tempo na presença de Deus!

por Israel Alves

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