A mulher e o ministério pastoral

A mulher e o ministério pastoral


Breve análise dos casos bíblicos de mulheres que se destacaram de forma incomum na obra de Deus

Até bem recentemente, na Assembleia de Deus no Brasil, nada se falava quanto à mulher exercer o ministério pastoral. Líderes espirituais de grande envergadura, dos quais vários ainda estão entre nós, não se preocupavam com tal assunto. Só de dez anos para cá é que o referido assunto passou a ser abordado em conversas pessoais e em certos eventos da igreja local e até mesmo regional, como congressos e encontros.

O assunto, como é hoje ventilado, originou-se nas igrejas neopentecostais (algumas delas chamadas de “renovadas”), e em certas ramificações e apêndices da Assembleia de Deus, sem identidade doutrinariamente conservadora, e mesmo de práticas liberalistas, e que confundem, na igreja, modernismo com modernidade.

O contingente de mulheres na igreja é evidentemente muito maior que o dos homens, mas isso não justifica a pretensão que se propala.

Nos trabalhos da igreja, é, graças a Deus, grande o número de irmãs em atividade, dedicadas à santa causa do Senhor, número esse que deveria ser muito maior. São atividades as mais distintas.

A passagem de Gálatas

A passagem de Gálatas 3.15-28 tem a ver com a unidade espiritual da Igreja, em Cristo. E, destaque-se, “em Cristo”, no sentido desta expressão bíblica. A salvação em Cristo une todos os salvos igualmente num só Corpo – a Igreja dos redimidos. O texto acima precisa ser visto no seu respectivo contexto, como 1 Coríntios 12.12 e Efésios 2.11.

O texto de Gálatas não confere hegemonia à mulher. Basta que se considere esse texto com total isenção de ânimo, juntamente com passagens como Gênesis 5.2: “Macho e fêmea os criou, e os abençoou, e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados”.

Deus, ao criar (não formar) Adão e Eva, os chamou pelo seu nome genérico: “Adão”, e não “Adão e Eva”, ou apenas “Eva”. Por que afirmar uma coisa em nome da Bíblia sem a sua sanção?

Em Gênesis 3.15, “semente da mulher” tem a ver com a encarnação de Cristo, pela virtude do Espírito Santo, através da mulher. Fala dela como instrumento de Deus para trazer ao mundo o Salvador. Mulher alguma tem semente em si, no sentido de genitora, sem o concurso do homem. Se a partenogênese ocorresse no gênero humano, o nascido seria sempre mulher, jamais homem, como foi o caso do Senhor Jesus.

Outrossim, na queda ocorrida no Éden, Eva pecou primeiro, mas na hora de Deus julgar os culpados, Ele chamou Adão primeiro, mostrando que este era o cabeça. De fato, Eva foi formada de parte de Adão.

Num assunto deste gênero, nunca se deve partir de enunciado, arrazoados e teses humanos, como os articulistas estão fazendo, como se a causa do Senhor dependesse de juízo humano.

Jesus, Paulo e as mulheres

Jesus teve, no seu ministério terreno, auxiliares mulheres. Eram santas mulheres, que o serviram de várias maneiras, e isso até a cruz. Ele nasceu de uma mulher. Ele sempre as recebeu e as considerou, permitindo que seus nomes se imortalizassem no registro bíblico. Mas Ele nunca nomeou “apóstolas”; Ele sempre soube o que fazia e o que deveria ser feito, como é bem patente nos Evangelhos.

Apóstolo Paulo, constituído por Deus, pregador, apóstolo e doutor dos gentios, o maior expoente como obreiro de Deus neotestamentário, nunca separou, e sequer mencionou “apóstalas” e “pastoras”, apesar de carinhosamente destacar nomes de obreiras e o seu desempenho na obra, como em Romanos 16.

O caso de Febe

Vejamos o caso de Febe, em Romanos 16.1. Literalmente, a expressão alusiva a Febe – “a qual serve à igreja” – é “a qual exerce o diaconato na igreja”. Mas a construção frasal no original está no masculino. É que talvez não houvesse em Cencréia diáconos, porque o trabalho estaria sendo iniciado, ou porque não havia diáconos suficientes, e então Febe exercia o diaconato.

Quanto à expressão “a mulher moderna”, aplicada às irmãs da igreja, diga-se que o mesmo que ocorre aos homens da igreja hoje, ocorre igualmente às mulheres. No passado, na igreja, tínhamos homens de menos conhecimento e de menos preparo acadêmico (tanto secular como teológico), mas eram mais sábios e mais poderosos espiritualmente. O mesmo vem acontecendo às mulheres.

O desejável é que tenhamos tanto eles como elas cada vez mais preparados, mas ao mesmo tempo poderosos em Deus e na Palavra. Em certos aspectos, precisamos voltar “a Betel”, “ao Cenáculo”, e não avançar para tão longe que não divisemos mais esses santos lugares de encontro com Deus.

Outros casos

Casos bíblicos como os de Débora, Hulda, Ana – a profetisa, as filhas de Filipe, Priscila, Evódia e Síntique devem ser considerados em seus respectivos contextos bíblicos. Por exemplo, Debora e Hulda. O seu contexto espiritual era de apostasia. Os homens em condição de servir a Deus bandeavam para a perversa idolatria dos países vizinhos de Israel.

Ora, a obra de Deus não pode parar só porque o homem fracassa. Em tais Situações, Deus suscita a quem Ele quiser, mas isso não é regra bíblica; é exceção. Tais mulheres em ação no ministério releva a soberania de Deus, mas saiba-se que não é regra geral da parte do Senhor.

Pessoalmente, fui, sou, e serei favorável ao ministério da mulher na igreja, como vemos na Bíblia, máxime em o Novo Testamento, como já mostramos, bem como a História da Igreja do passado e do presente, mas não vejo suporte nas doutrinas bíblicas (bíblicas mesmo) do ministério evangélico, para a ordenação da mulher cristã ao exercício do ministério pastoral.

Portanto, meu particular ponto de vista é que a Assembleia de Deus no Brasil decline de tal propósito: ordenar mulheres para o ministério pastoral. As igrejas da nossa fé e ordem, de outros países, que ordenaram mulheres de maneira regular e constante, como ocorre aos homens chamados por Deus para o santo ministério, hoje, veladamente, desestimulam tal prática, e o número de irmãs ministras nesses países é regressivo.

por Antonio Gilberto

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