Resistindo à crise familiar

Resistindo à crise familiar

Vivemos tempos de crise. Não apenas uma crise econômica e política, mas uma crise sem precedentes que coloca à prova todo o modelo social estabelecido, refletindo no comportamento e, por conseguinte, na moral dos indivíduos que formam a sociedade.

O modelo judaico-cristão de família (marido, esposa e filhos) está sofrendo constantes ataques por aqueles que o consideram retrogrado e incapaz de atender aos anseios de uma cultura cada vez mais secularizada e distante de Deus. Este modelo que durante milênios serviu como base para toda a sociedade ocidental está tendo, nas últimas décadas, que concorrer com outros modelos impostos por grupos minoritários que ganham cada vez mais espaço no pensamento contemporâneo. Mas não é somente isso. O divórcio, que era tido como escandaloso, tornou-se corriqueiro, com o seu número crescendo a cada ano que passa. O adultério, que era considerado afronta à moral e aos bons costumes da sociedade, é cada vez mais incentivado pela mídia secular através de seus folhetins e suas celebridades que traem constantemente seus cônjuges, incentivando, assim, as novas gerações.

A Igreja, que é “sal da terra e luz do mundo”, tem a obrigação de defender o modelo tradicional – homem e mulher –, vivendo um casamento monogâmico e indissolúvel, formando, assim, uma família juntamente com seus filhos, pois este foi o modelo estabelecido por Deus no momento em que criou o ser humano. Mas não basta apenas protestar e dizer que não concorda com as recentes mudanças sociais que vêm agredindo a família. Cabe à Igreja ensinar que o modelo tradicional é o certo, pois este é o único que funciona na manutenção da felicidade do ser humano enquanto ser social.

A sociedade vive uma crise de identidade. Pais e filhos não sabem mais qual é o seu papel social. As famílias cristãs devem servir de referência neste momento de incerteza e mudança. Para que isso ocorra, as Sagradas Escrituras devem servir de orientação, pois mostram como podemos ter uma vida agradável diante de Deus e dos homens. A Bíblia relata que Deus criou a família porque viu que não era bom que o homem estivesse só (Gênesis 2.18). Sendo esta criada por Deus, deve obedecer à vontade do Seu Criador, não para ser escravizada, como alguns opositores do Evangelho afirmam, mas para a sua felicidade, pois a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita (Romanos 12.2).

As Escrituras ensinam que “devem os maridos amar a sua própria mulher como a seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo.” (Efésios 5.18). Uma ordem como esta é de extrema relevância em uma sociedade cujos números de violência doméstica contra a mulher aumentam a cada dia. Muitos lares seriam conservados e vidas poupadas se esta simples ordenança fosse obedecida.

Os maridos devem amar a sua esposa da mesma forma que Cristo ama a sua Igreja, com um amor sacrificial (Efésios 5.25), alimentando-a e sustentando-a como a si mesmo, da mesma forma que Cristo trata a Sua Igreja. Não agir de forma tirânica, mas “dando honra à mulher, como vaso mais fraco” (1 Pedro 3.7), pois somente assim suas orações não ficarão impedidas.

As esposas devem ser submissas aos seus maridos da mesma forma que a Igreja é submissa a Cristo (Efésios 5.22-24). O movimento feminista nega esta verdade bíblica, e infelizmente muitas mulheres cristãs estão comungando desse pensamento. Mas, se o esposo cumprir o seu papel e amar a sua esposa, não será difícil para ela se submeter a um marido amoroso, da mesma forma que para a Igreja se submeter a Cristo é motivo de alegria e satisfação. A mulher foi criada para ser ajudadora de seu marido, auxiliando-o na sua missão dada por Deus (Gênesis 2.18). Isso não a torna inferior ao seu esposo. Ambos são iguais perante Deus, criados à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1.27), mas possuindo responsabilidades distintas. Enquanto o homem tem a responsabilidade de alimentar e de sustentar sua família, tarefa esta também assumida por muitas esposas, a mulher deve edificar a sua casa. Esta tarefa é de suma importância, pois se for realizada sem sabedoria, o lar será destruído (Provérbios 14.1). O capítulo 31 do livro de Provérbios relata o comportamento da mulher considerada virtuosa. Seu agir faz com que seu marido confie totalmente nela, pois não desperdiça a sua fazenda, é generosa com os necessitados, é sábia e trabalhadora. Além de possuir todas essas qualidades, ela teme ao Senhor. Segundo a Bíblia, a mulher que se comporta desta maneira é digna de ser louvada.

O casamento deve estar pautado no amor e no respeito mútuo. Se ambos os cônjuges agirem assim, serão felizes em seu relacionamento. A felicidade conjugal produzirá pais felizes. O bom marido será um bom pai e a boa esposa será uma boa mãe. Ambos amarão seus filhos e reconhecerão neles a bênção do Senhor (Salmos 127.4), pois todo nascimento acontece com a permissão de Deus. Atualmente, grupos pró-aborto defendem a ideia da interrupção da “gravidez indesejada”, como se o embrião fosse um produto que pudesse ser descartado a qualquer momento. Eles afirmam que a vida só começa com doze semanas de gestação, e que antes disto não existe ser humano, apenas um “amontoado de células”. A Bíblia nos mostra que a vida começa na concepção e que Deus se relaciona com o embrião de forma amorosa e protetora. O salmista afirma com grande alegria que os olhos de Deus acompanharam todo o seu desenvolvimento no útero materno (cf. Salmos 139.13-16). O aborto deve ser combatido com toda veemência pelas famílias cristãs que compõem a Igreja, pois é um atentado contra a vida que pertence a Deus. A chegada dos filhos representa uma nova fase no casamento. O casal (marido e esposa) se transformam em uma família (marido, esposa e filhos), alterando toda a rotina até então praticada. Homem e mulher adquirem uma nova responsabilidade: criar seus filhos na presença de Deus, ensinando o caminho em que devem andar (Provérbios 22.6). Os pais precisam entender que os filhos não são sua propriedade, mas indivíduos em desenvolvimento físico e psicológico, que devem ser respeitados (cf. Colossenses 3.21) e tratados com carinho. Os filhos, se quiserem agradar a Deus, devem honrar e obedecer a seus pais (Efésios 6.1-3), seguindo o exemplo de Jesus, que, mesmo sendo Deus, enquanto criança foi sujeito aos seus pais (Lucas 2.51).

Qual o resultado para a sociedade, se estas instruções forem seguidas? Famílias felizes e estruturadas. O salmo 128 relata a felicidade de uma família reunida à volta da mesa – algo raro nos dias atuais –, e um casamento estável e saudável. Mas o que deve ser feito para que isso aconteça? Deve-se temer ao Senhor e andar nos seus caminhos (Salmos 128.1). Em uma cultura cada vez mais secularizada e distante de Deus, não é de se estranhar o número cresceste de famílias desestruturadas e infelizes, que não veem seus sonhos se realizarem. Somente quando a família faz a vontade de Deus e anda no Seu caminho, consegue resistir à crise. Cabe à Igreja propagar a verdade do Evangelho e influenciar a sociedade à sua volta.

por Sérgio de Moura Sodré

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