Integridade da família por meio da Palavra

Integridade da família por meio da Palavra

O entrevistado desta edição do Mensageiro da Paz é o pastor Agnaldo Roberto Betti, fundador e administrador do Canal EBD no Youtube. Ele é pastor-auxiliar na Assembleia de Deus em Campinas (SP), bacharel em Teologia, graduado em Gestão Financeira, pós-graduado em Docência na Educação Superior, professor de diversas matérias teológicas em cursos de Mestrado, Bacharel, Médio e Básico em Teologia; e palestrante há mais de 20 anos nas áreas de Casais, Família, Liderança e EBD, tendo já ministrado em todo o território nacional e no exterior, já tendo visitado 19 países ministrando. O pastor Agnaldo Roberto Betti é casado com Eliane Betti, pai das filhas Ellen e Alline, e avô do Lucca e da Isabella.

O entrevistado discorre acerca da família e dos perigos que rondam a sua estrutura estabelecida por Deus. O ministro fala sobre como prevenir a família das ideologias anticristãs, da relevância do culto doméstico, da influência positiva da Escola Dominical na manutenção da família, do divórcio e da atividade pastoral junto às famílias.

A família tem sido muito atacada por ideologias anticristãs nos últimos anos, inclusive com uma onda midiática e escolar de doutrinação. De forma prática, como as igrejas e as famílias podem se proteger desses ataques?

A família é um projeto divino, mas tem sofrido ataques da sociedade com o objetivo de desvalorizar a tão notável entidade social que ela é. Essa perseguição tem como plataforma os meios de comunicação e projetos de lei. Mesmo com toda essa hostilidade, o Senhor Jesus a mantêm como sal e luz do mundo, enquanto ela deve se mover e anunciar o Evangelho do Reino. A Bíblia começa a sua narrativa com um casamento, entre Adão e Eva, e termina com um casamento, entre Jesus Cristo e Sua noiva, a Igreja. O casamento e a família são projetos de Deus e um tesouro que deve ser preservado. A Bíblia diz que o mundo jaz no maligno (1 João 5.19) e Satanás veio para “roubar, matar e destruir” (João 10.10). Certamente o Diabo quer implementar essa destruição em primeiro lugar no seio familiar, pois o que acontece na sociedade é o reflexo do que acontece no lar. Por exemplo: Quem é o adolescente que desrespeita professores na escola? Os mesmos que desrespeitam os pais em casa! Quem são os jovens e adolescentes que respeitam todo tipo de autoridade fora de casa? Os mesmos que desrespeitam a primeira autoridade, que são os pais dentro de casa. É como disse: O que acontece na sociedade é o simples reflexo do que acontece no lar, daí o demônio investir na destruição da família. Por sua vez, a escola tem um papel importante e da mesma forma a igreja local, contudo o dever de criar os filhos pertence aos pais. As famílias se protegem contra os ataques dessas ideologias anticristãs ao observarem esse precioso princípio: os cônjuges devem pautar suas vidas de acordo com os princípios da Palavra de Deus, uma vez que ninguém entende mais da coisa criada do quem a criou, isto é, o nosso Deus, que nos forneceu toda a orientação necessária de como nos conduzir no casamento e na família. O manual fornecido é a própria Bíblia, que logo no primeiro capítulo do Gênesis observamos reiterar a citação de que o que Ele fez “era bom” (Gênesis 1.12,18,21,25,31). E no capítulo 2 do mesmo livro, vemos o Altíssimo dizer que “não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2.18). Portanto, quem sabe o que é bom ou não para nós é nosso Criador, e o que Ele faz de Gênesis 3 até Apocalipse é nos mostrar isso. Outro ponto é que os pais devem oferecer a devida atenção aos filhos, que precisam muito mais de presença do que de presentes. O nosso envolvimento em cada fase da vida deles é o maior presente que podemos oferecer aos nossos filhos. Também não devemos, como pais, terceirizar a criação de nossos filhos. Vale destacar também que nossos filhos farão não aquilo que dizemos mas o que fazemos, portanto é de fundamental importância o exemplo. Aprendemos primeiro com os olhos e depois com os ouvidos. Quando a família é conduzida pelos princípios da Palavra, com cada membro cumprindo seu papel, certamente se constrói uma barreira de proteção contra esses ataques.

Gostaríamos que o senhor falasse sobre a importância do culto doméstico e de levar os filhos à Escola Dominical como formas também de “vacinar” os filhos contra as influências más.

Falando de um modo geral, infelizmente, esta geração tem perdido a prática do culto doméstico, e isto tem gerado prejuízo para as famílias. O culto doméstico não é necessariamente uma reunião de uma hora ou mais, mas alguns minutos em que uma família cristã dá as mãos e faz uma oração unida, lê a Palavra unida e louva unida. A família que faz isso permanece unida! O próprio Jesus disse que “se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mateus 18.19). Sendo isso realidade entre quaisquer discípulos orando juntos, quanto mais um marido e sua esposa orando juntos, quanto mais poder há nisso! Os casais têm uma intimidade física natural por serem marido e mulher, mas muitos casais cristãos não têm uma intimidade espiritual, pois nunca oram juntos e com a família. Um marido e pai cristão precisa dar atenção e não ser omisso em ser o sacerdote no lar. O sacerdote representava o povo diante de Deus e o marido e pai cristão não pode passar um dia sem apresentar sua esposa e filhos a Deus. O Senhor concedeu autoridade para o homem exercer a liderança como cabeça em seu lar (Efésios 5.22-33), contudo a quem Deus dá autoridade Ele dá junto responsabilidade. A mulher, como esposa e mãe, deve, como mulher sábia que edifica o lar (Provérbios 14.1), influenciar positivamente seu esposo e filhos, sendo uma incentivadora e guardiã dentro de casa, de modo a prestar atenção ao que entra em sua casa, elementos vistos e falados (Deuteronômio 7.26).  Quanto à importância da Escola Dominical como forma de “vacinar” os filhos contra as influências nocivas deste mundo, é muito importante não apenas que os pais levem os filhos à EBD, mas que frequentem juntos ela, uma vez que a exortação em Provérbios 22.6 é instruir a criança no caminho — e não simplesmente o caminho — em que deve andar. Instruir o caminho é dizer “Vá por ali”, mas instruir no caminho é dizer “Siga-me, eu sou o modelo”. Estamos fazendo discípulos dentro de casa. Há sete razões para frequentar a EBD: comunhão entre  irmãos; família caminhando unida; disciplina; discipulado contínuo; interação do aprendizado; crescimento intelectual e espiritual; e preparo para o serviço.

Infelizmente, hoje em dia, os índices de divórcio têm aumentado. Conte uma experiência de recuperação do casamento de um casal em crise e como isso foi possível.

Dentre as diversas experiências, lembro-me de um casal que manifestou o desejo de se divorciar, na verdade ambos vieram apenas nos participar por consideração. Eu os atendi em oração e prestei atenção aos argumentos dos dois a fim de trazer a palavra certa, no momento certo e da maneira certa. Lembremos que a nossa luta não é contra “carne e sangue” (Efésios 6.12), isto é, não é contra as pessoas. O inimigo não é o marido, a esposa ou filhos e, sendo a batalha espiritual, as armas não são carnais, mas “poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” (2 Coríntios 10.4). Em nosso encontro, procurei mostrar a eles que o divórcio é um recurso doloroso para os envolvidos. Quando casaram, eles se tornaram uma só carne e rasgar a carne dói muito. Mostramos também que antes de casar o termo utilizado é “eu”, mas depois de casados muda para “nós”; a bênção respinga nos dois e o problema também. Existe prova, mas existe também consequência, e na vida de casado e de família, a maior parte dos vendavais não é de provas, mas de consequências de decisões equivocadas ou de algo que não realizamos. Na verdade, tudo que não se cultiva definha e morre! Após o aconselhamento, o casal estava em lágrimas, nós oramos e dissemos ao final: “Esse é o primeiro dia de seu novo casamento!”. Eles estão juntos até hoje, para glória de Deus! Lute pelo seu casamento e família. Façamos nossa parte e creiamos na intervenção divina em nosso favor.

De que maneira os pastores podem oferecer ajuda a famílias em crise, seja em relação aos filhos, seja em relação ao casal?

Além de estar disponível para aconselhamento conforme abordado acima, podem e devem investir em seminários para a família, encontros e jantares de casais com renovação dos votos do casamento, e palestras para pais e filhos. Minha esposa Eliane e eu temos atuado nessa área há mais de 20 anos, e temos visto a boa mão do nosso Deus operando na restauração e transformação de casais e famílias, além do que a prevenção é o melhor remédio. A maior parte de um trabalho pastoral envolve tratar de questões relacionadas a casamento e família, e eventos como estes auxiliam muito na prevenção de futuros problemas. É muito importante também os líderes darem atenção às recomendações de Paulo a Timóteo, como em 1 Timóteo 3.5 e 5.8. Na ordem de prioridades vem obviamente Deus. Nosso Deus não exige apenas prioridade, mas exclusividade. Qualquer coisa que em nosso coração ocupa o lugar de Deus é um ídolo em nossa vida. Depois de Deus, nossa maior prioridade é nossa família e dentro da família a prioridade de um marido cristão é sua esposa; da esposa é o marido e dos pais, os filhos. Não podemos inverter isso, sem trazer sérios prejuízos a nosso casamento, família e ministério.

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