A bênção de ser mãe

A bênção de ser mãe

Gerar um filho é um grande presente de Deus às mulheres. Eva, a primeira mulher, já carregava em seu nome a importância da maternidade, pois seu nome significava “vivente”, “cheia de vida”, “a que pode gerar uma vida”. É interessante citar que Deus, ao formar Adão e Eva, outorga a ambos o dever de subjugar a Terra e dominar os animais (Gênesis 1.27,28). O Criador sempre honrou e definiu a competência feminina para trabalhar e decidir sobre questões morais, espirituais e sociais, e Jesus resgatou a honra social feminina ao pagar o mesmo preço pela salvação de homens e mulheres.

A Bíblia sempre relatou histórias de mulheres relevantes, que romperam com o padrão social vigente, como é o caso de Débora, Rute, Ana e Ester. A mulher sábia, citada em Provérbios 31.10-31, nos é apresentada como uma mulher ativa, exímia negociante que de longe trazia seu sustento, administradora competente, dona de casa e esposa exemplar, que era exaltada por seus filhos.

Entretanto, por muitos séculos, a mulher foi educada exclusivamente para procriar. Ela não podia estudar, não devia aprender ofícios que fossem executados fora do domínio da propriedade onde vivia e, no máximo, aprendia a plantar, bordar, cozinhar, arrumar a casa e ser fiel a seu marido. O fato é que a mulher, por muitos séculos, foi subvalorizada. Esta compreensão errônea do papel materno chegou aos nossos dias, fazendo com que muitas mulheres hoje em dia, ao redor do mundo, menosprezem o privilégio de gerar filhos, especialmente no momento atual, quando assistimos a desconstrução do papel social da Família.

É claro que, para o bom exercício da maternidade, é importante que esta aconteça dentro de um casamento estável, por mulheres maduras, auto realizadas e preparadas para a tarefa de serem mães. Entretanto, é pesaroso observar que muitas mulheres repelem ou não priorizam a maternidade. Elas preferem carreiras, viagens, fama, dinheiro e corpo perfeito, perdendo a possibilidade de crescer emocionalmente no ofício maternal.

Mulheres que geram filhos de forma intencional e planejada aprendem a conviver com um ser que inicia sua vida dentro delas, pois o movimento da criança no útero torna possível à mãe a consciência de uma vida ativa dentro da vida que ela já vive. Gerar nos ensina a ser e viver para outros. Implica na formação de mulheres mais maduras e altruístas, menos egoístas e mimadas, implicadas diretamente com a criação de um novo ser, que nasce absolutamente dependente, física e emocional, da mãe que o gerou. 

As doces e belas lembranças da criação 

Olhar um filho recém-nascido é algo emocionante. Há um sentimento de pequenez diante da perfeição do bebê que agora podemos tocar. Os dias passam e as cólicas, a amamentação, os banhos, as papinhas, o sono prejudicado, os choros e manhas nos envolvem de tal forma que é preciso um grande esforço para que uma mãe se lembre que também precisa se manter feminina, esposa amorosa, profissional competente e serva atuante na Casa de Deus. Em contrapartida, são tantas as emoções geradas pelos sorrisos sinceros, pelos olhares profundos e curiosos, e pelos braços ávidos para serem tocados e carregados ao colo! 

Os anos seguem e surgem as perguntas engraçadas, as gargalhadas soltas, a correria pela casa, a bagunça dos brinquedos barulhentos, os almoços e lanches alegres em que eles aprendem a comer (ou a não comer) o que vamos introduzindo no cardápio. É claro que sempre guardaremos lembranças de tempos difíceis: enfermidades, quedas, notas baixas na escola, dificuldades de adaptação social ou até mesmo dos castigos que precisamos impor e que doeram mais em nós do que nos nossos filhos.

Por outro lado, quantas lembranças boas guardamos das conversas gostosas em almoços, das aventuras radicais em viagens, das músicas cantadas juntas, das brincadeiras barulhentas e do som do violão ou do piano ecoando pela casa!

Sempre que penso em Maria aos pés da cruz, olhando para Jesus no momento mais doloroso, tenho certeza de que inúmeras lembranças vieram à sua mente. Ela certamente se lembrou da infância de Jesus, de carregá-lO no ventre, de segurá-lO nos braços, dEle correndo e rindo pela casa, da alegria estampada no rosto dEle ao dar os primeiros passos e balbuciar as primeiras palavras, e da disciplina que desenvolvia ao estudar na sinagoga. Maria, sendo mãe, teve lembranças de Jesus que jamais partilhou com alguém!

A verdade é que, quando há amor e disciplina envolvidos na criação, não há como apagar tantas vivências lindas que nos afetam, por mais complexa que seja a vida.

A emocionante tarefa de formar 

No âmbito da maternidade, educar, instruir, ensinar, corrigir, admoestar, consolar, animar, apontar defeitos, direcionar atitudes, elogiar gestos e castigar os erros são os desafios mais importantes e difíceis. A Bíblia nos ensina: “A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe” (Provérbios 29.15). Deus, em sua sabedoria, entende que, por mais que pareçam frágeis e dóceis, os bebês aprendem rapidamente a fazer manha, a exigir direitos e a manipular os outros membros da família. Eles descobrem ainda cedo qual genitor cede mais facilmente a seu choro ou se submete às suas vontades e caprichos. E se não forem educados, ainda na infância ou adolescência vão enveredar por atitudes pecaminosas e caminhos errôneos. 

A verdade é que moldar temperamento, construir o caráter e formar um indivíduo requer muita determinação. A educação dos filhos não pode ser postergada ou confiada a outros. Criar filhos demanda comprometimento, firmeza, exatidão nas ordens e definição clara dos conceitos e valores sociais e bíblicos a serem partilhados.

Formar filhos é fazer juntamente com eles o caminho da maturidade, guiando-os da fase lúdica para a lucidez, da dependência para a independência, da inocência à consciência. Ao longo desta formação, os filhos nos ensinam a admirar e valorizar as coisas pequenas e simples (como eles fazem) e a amar e perdoar verdadeiramente (pois o fazem mesmo depois de disciplinados de forma justa). Eles nos cobram a viver o que pregamos e a fazer o que prometemos.

Mas há ainda um detalhe: quando convidamos Deus para comandar nossa casa e direcionar o exercício da nossa maternidade, formar filhos se torna uma tarefa recompensadora! Vemos a alegria de Ana, que mesmo tendo a coragem de deixar Samuel na Casa do Senhor, pôde observar o grande homem de Deus que ele se tornou! O contentamento de Joquebede, que educou Moisés na Lei do Senhor, mesmo sem saber que ele se tornaria o libertador e legislador de Israel. Quando vemos o caráter ilibado de José, tão diferente de seus irmãos, eu penso na educação esmerada que Raquel lhe dedicou por quatorze anos. Ou quando observo a lealdade e a firmeza de Timóteo, me emociono com a satisfação de Eunice e Lóide, que o educaram para que fosse ministro e servo de Deus! 

Há recompensa para o esforço, as rugas, os cabelos brancos, as noites insones, os jejuns, as madrugadas em oração, as conversas, a disciplina, o desgaste do corpo, o cansaço, o gasto financeiro, os cultos domésticos, os nãos, os abraços, beijos, sorrisos, afetos, amores e as lembranças que ficam. A bênção maior é poder devolvê-los a Deus, pois na Eternidade estaremos juntos, mães e filhos, que são heranças doadas por Deus para abençoarem e complementarem nossas vivências!

por Elaine Cruz

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