Tempo de cura para uma sociedade doente

Tempo de cura para uma sociedade doente

“Amado, desejo que te vá bem em todas as tuas coisas, e que tenhas saúde, assim como vai bem a tua alma” (3 João 1.2).

O que vem à sua mente quando você pensa em saúde? Muitas vezes somos tentados a pensar apenas na saúde física, não é verdade? Associamos saúde à ausência de doenças como gripe, câncer, diabetes, entre outras. Contudo, o conceito de saúde é muito mais amplo. Ele envolve três dimensões: físico, mental e espiritual. Primeiramente, precisamos entender o que é ser saudável em cada uma dessas dimensões. É fácil compreender o conceito de saúde na dimensão física, mas o que seria saúde mental e espiritual?

Saúde mental tem a ver com emoções e pensamentos. Somos tentados a pensar em pessoas que têm transtornos mentais quando pensamos nos “mentalmente doentes”, mas alguém que sofre de ansiedade, estresse ou depressão, ou alguém que não consegue dominar suas emoções, não consegue se relacionar bem com as pessoas, também está com problemas na dimensão mental da saúde. E a saúde espiritual? O que seria estar espiritualmente saudável? A saúde espiritual tem a ver com nosso relacionamento com Deus, nossa fé e nossas práticas como filhos de Deus. 

Podemos estar aparentemente bem, mas quando somos orgulhosos ou mesquinhos, por exemplo, nossa saúde espiritual vai mal!

Na Bíblia, encontramos a relação entre saúde física, mental e espiritual. Há dois textos em Provérbios que exemplificam essa relação: “Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal. Isto será saúde para o teu âmago, e medula para os teus ossos” (Provérbios 3.7 e 8); “O coração alegre é como o bom remédio, mas o espírito abatido seca até os ossos” (Provérbios 17.22).

No primeiro texto, vemos que “temer ao SENHOR e apartar-se do mal” (saúde espiritual) produz saúde mental (“âmago”, de acordo com o dicionário, significa, entre outras coisas, a essência do ser, seus sentimentos) e física (representada por “medula para os teus ossos”). No segundo texto, é expressa a relação entre mente e corpo, como nossas emoções podem afetar nossas condições físicas. Biblicamente, nossas dimensões física, mental e espiritual estão intimamente relacionadas. Vemos diversas histórias de personagens que tiveram problemas de saúde em uma dessas dimensões e, consequentemente, as outras também sofreram. Vemos Davi (Salmos 32.3,4), por exemplo, que por pecar com Bateseba (dimensão espiritual) teve grande sofrimento psíquico (dimensão mental) e físico.

Deus deseja que tenhamos saúde de forma plena, completa, e não apenas em uma ou outra dimensão, até porque quando uma dessas três dimensões (física, mental e espiritual) não estiver bem, as outras provavelmente também não estarão! Como aspectos de uma vida saudável, temos: alegria, motivação, persistência, confiança, autocontrole, paciência, perdão, flexibilidade para tratar conflitos, fortalecimento emocional, gratidão, administração eficiente do tempo, coragem, vínculos afetivos fortalecidos etc. Como aspectos de uma vida nada saudável, temos: desânimo, fragilidade emocional, intransigência, medo, vínculos fragilizados, teimosia, ansiedade, descontrole do tempo, comportamento compulsivo, desespero, inconstância, preocupação, tristeza, revolta, dúvida da ação de Deus, feridas na alma, depressão etc.

O caminho para a saúde física, mental e espiritual

No âmbito social e religioso, a fé é o fator preponderante para uma vida mais saudável. Há pesquisas que apontam o quanto a fé beneficia o indivíduo nessas três esferas da existência humana. Deus tem prazer em nosso bem estar e se preocupa com os mínimos detalhes para alcançarmos plena realização como seres humanos. Acreditar em Deus e em Seu poder traz à alma segurança e confiança de que tudo é possível e todas as coisas estão no controle de Suas mãos.

A importância da autoestima

“Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me vestiu de vestidos da Salvação, me cobriu com o manto de Justiça” (Isaías 61.10a). Como uma pessoa pode conseguir uma autoestima saudável em todos os sentidos? Será que através de altura e peso ideais? Pertencer a uma família influente? Marcando presença com atitudes, palavras, entonação de voz e gestos precisos? Como podemos identificá-la no meio da multidão?

O cristão é valoroso e reconhecido por Deus assim porque Jesus Cristo está em sua vida e ele busca sempre estar na presença de Deus. Esta vivência faz com que o Espírito Santo o desperte para o reconhecimento dos talentos que possui; logo, a sua mente está ocupada em usá-los, sentindo-se útil, feliz e realizado. Assim, naturalmente o servo de Deus se percebe como alguém capaz e valoroso. É o alimento que a nossa autoestima precisa.

Muitos homens e mulheres, entretanto, não vivem plenamente o sentido das suas próprias vidas. Vivem escondidos por sentimentos de inferioridade e autodesvalorização, perdendo oportunidades para inúmeras realizações, desenvolvendo infelicidade, pelo conflito entre as suas possibilidades e as exigências que os seus papéis impõem.

Que tipo de problema é esse? São os complexos, que são um conjunto de ideias com forte carga emotiva que foi recalcada no inconsciente, em tenra idade e que agem sobre a conduta da pessoa. É a coleção individual de lembranças e ideias que surgem das próprias experiências da pessoa. É a sua memória em longo prazo.

Sentimento de inferioridade vem de um estado psíquico anormal, que reflete o complexo. É aquele sentimento depreciativo de desvalorização pessoal. Às vezes, um sentimento de desprezo, a terrível intuição de que não é querido por ninguém, que você não é suficientemente inteligente e hábil quanto os demais que atuam na igreja, trabalho, família, amigos etc. Nós, filhos e filhas de Deus, quando aceitamos a Jesus como nosso Salvador, sabemos que Ele tem planos para nossas vidas, conhece nossas melhores aptidões e espera que nós as reconheçamos para melhor servi-lO. Como servos e servas, não podemos admitir sentimentos de inferioridade embargando a nossa atuação. É possível identificá-los e descartá-los para sempre da nossa vida.

Como trabalhar estes aspectos? 

Isso é possível refletindo e desenvolvendo:

Sentimento de aceitação: Saber que é amado(a). Sentir-se apreciado(a). Esta sensação modifica as expressões faciais, irradiando simpatia. Criança que não foi desejada facilmente desenvolve sentimento de rejeição.

Senso de valor próprio: É a consciência de que é capaz de afirmar “Eu tenho Valor”. Sou valioso(a) para Deus e posso compartilhar coisas boas.

Senso de competência: É um conceito emocional que leva a crer que sou capaz de realizações, de suportar situações com tenacidade e, se for preciso, também flexibilidade. Sou capaz diante da vida.

A minha autoimagem ou a maneira como me percebo pode ser construída por, pelo menos, quatro fatores ou fontes de impressões:

O mundo exterior: Nosso nascimento, infância, meninice e adolescência. Toda a nossa experiência de vida até o presente momento reflete atitudes dos nossos pais e familiares. O que eles nos comunicam a respeito de nós com palavras, gestos e expressões.

O mundo interior: São os elementos físicos, emocional e espiritual que trazemos conosco ao nascer. Deles fazem parte os nossos sentidos, sistema nervoso, nossa capacidade de reagir diante da realidade. Satanás: Ele é influenciador da autoimagem negativa. Ele utiliza nossos sentimentos de autodesprezo como uma terrível arma contra nós, nos três papéis que desempenha: ele é mentiroso (João 8.44), acusador (Apocalipse 12.10) e cega entendimentos (2 Coríntios 4.4). Para atuar nessas três funções, ele emprega as armas da inferioridade, incapacidade e autodepreciação para derrotar o cristão e impedir que ele redescubra todo o seu imenso potencial de filho de Deus.

Deus: Ele cura a autoimagem negativa, os sentimentos de inferioridade. Deus e a Sua Palavra consertam as nossas falsas ideias. Ele não quer a autodepreciação na nossa vida. “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22.37-39).

Complexos de inferioridade geram baixa autoestima, que geram conflitos + falta de perdão, que geram arquivos de mágoas e feridas profundas dentro das pessoas, que, por sua vez, geram doenças psicossomáticas. Esse conteúdo, além de pernicioso para a saúde mental, emocional e física, é entulho que obstrui o canal da graça e das nossas bênçãos.

O Perdão nos moldes de Cristo é um “Remédio eficaz”! Ele cura as feridas, limpa e possibilita renovar a mente, abre portas para o crescimento, faz voltar a alegria e a motivação, traz paz interior, proporciona reencontrar o equilíbrio emocional, traz fortalecimento e torna possível a reconciliação. Jesus ensinou na oração do “Pai Nosso”: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos nossos devedores” (Mateus 6.12).

Perdão é um ato de vontade, uma demonstração de força de caráter, remissão de uma falha, ofensa ou dívida. É um desafio. Quanto maior o esforço, maior o ganho. O perdão é o óleo dos relacionamentos. Aprender a perdoar está na lista das tarefas mais difíceis de realizar. Além de aprender a perdoar as pessoas, é preciso aprender a perdoar a si mesmo.

Como perdoar, então? Cristo é o modelo; o Espírito Santo dá poder; e a Palavra orienta. Através do amor de Deus em nós, esse sentimento maior se sobrepõe aos outros sentimentos de raiva, frustração, interesses, tristezas etc. Devemos viver sem rancor e vinganças, entregando tudo ao Senhor. Se houver vingança a ser feita, Ele fará. “Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor” (Romanos 12.19).

Se não perdoarmos, haverá bloqueio da atuação do Espírito Santo em nossa vida; Deus não aceitará o nosso culto; a nossa vida espiritual poderá ser afetada e definharemos espiritualmente; poderemos ter amizades destruídas e divisão na família. Que Ele continue trabalhando em nossos corações para que possamos exercitar com sabedoria a ação de perdoar. Que nenhuma raiz de amargura bloqueie ou impeça as bênçãos de Deus em nossas vidas, e que a nossa autoestima esteja compatível com o investimento de Deus em dons e talentos pessoais, e, assim, alcancemos plena saúde nas três dimensões da vida: a física, a mental e a espiritual.

por Sonia Pires Ramos

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