Levando vidas a Cristo por todos os meios

Levando vidas a Cristo por todos os meios

Nesta entrevista exclusiva ao Mensageiro da Paz, o pastor José Wellington Bezerra da Costa, 88 anos, presidente do Conselho Administrativo da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), presidente de honra da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Brasil (CGADB), líder da Assembleia de Deus Ministério do Belém em São Paulo e da Convenção Fraternal das Assembleias de Deus no Estado de São Paulo (Confradesp), compartilha lições de seus 65 anos de ministério, fala dos cuidados que a igreja precisa ter no contexto em que vivemos e da importância da Escola Dominical e da literatura cristã para a vida da igreja, além da necessidade de utilizar todos os recursos legítimos à nossa disposição hoje para  alcançarmos o maior número possível de vidas a Cristo. Ele também destaca a expansão da presença da Assembleia de Deus brasileira e da CPAD no exterior.

Após 65 anos de ministério e já tendo acumulado tantas experiências na Obra do Senhor, que lições o senhor destacaria para compartilhar com os obreiros de hoje?

Uma das principais necessidades para o obreiro é que ele tenha plena convicção da sua chamada, pois a chamada para o ministério não pode ser por indução. Não pode ser por qualquer outro motivo, se não por Deus falar. Não podemos fugir da Bíblia. No capítulo 13 de Atos dos Apóstolos, escrito está que, quando os apóstolos precisavam de obreiros, eles oravam e jejuavam, e o Espírito Santo falava. Servimos ao mesmo Deus. Em segundo lugar, o obreiro de Deus, chamado e naturalmente vocacionado, precisa aprender a confiar inteiramente no Senhor. O que quero dizer com isto? É que alguns aceitam o ministério, mas continuam com a vida dupla. No púlpito pregando, no outro dia vendendo carro. Quando Deus chama o homem, Ele tem responsabilidade pela sustentação daquela pessoa. Quando você olha para Bíblia e encontra Deus chamando Elias, vemos o profeta à beira do riacho de Zarefate e Deus prometendo a ele sustento, dizendo que bebesse a água do riacho que Ele lhe mandaria pão e carne pelos corvos. O que Deus quis dizer a Elias? Quis dizer: “Você precisa aprender a confiar inteiramente em mim. Eu vou te sustentar”. Todo obreiro precisa ter essa confiança total no Senhor. Em terceiro lugar, o obreiro deve ter dedicação, mas não uma dedicação profissional, mas espiritual. Faz parte da chamada de Deus a unção divina no ministério para que ele possa exercer seu trabalho com vitória. Ele pode até sofrer algumas dificuldades, porém a vida espiritual dele irradia sempre alegria. Ele é um obreiro que no púlpito revela para a igreja sempre satisfação, alegria. O obreiro nunca deve vir para a igreja com semblante desfalecido. Há mais uma coisa interessante que o obreiro também precisa. Ele precisa de consagração continuada: oração, jejum, leitura e estudo da Palavra de Deus. Por último, quero dizer que ele precisa entender que, por mais abençoado que seja como obreiro, por mais atuante e de resultados maravilhosos seja seu ministério, o obreiro deve sempre compreender que tudo quem faz é Jesus. Ele é o número 1. Somos apenas zeros que se seguem, de maneira que devemos deixar Deus aparecer sempre no nosso ministério. E por último, o obreiro precisa amar, aprender a amar a igreja. Quando falo “igreja”, falo do doutor, do indouto, do preto, do branco, do pobre, do rico: a Igreja de Deus. Ele tem o coração voltado para aquele grupo, para aquelas pessoas que Deus entregou para que ele cuidasse espiritualmente. Amor à igreja. Amor, respeito e comunhão com ministério ao qual ele está ligado.

Recentemente, o senhor falou sobre a importância de usar todas as tecnologias que temos disponíveis hoje para evangelização. Fale sobre isso.

Quando comecei a pregar, era ao ar livre; como se dizia antigamente, no “gogó”. Não tínhamos qualquer instrumento eletrônico. Então, pregávamos assim. Após isso, você tem que ter continuadamente sua mente focada. Jesus mandou pregar, mas não disse que é só para meia dúzia. Ele mandou pregar a todo mundo. De maneira que é a pregação do evangelho é de uma amplitude para nós incalculável. Pois bem, mas para alcançá-los, se eu prego aqui com um pequeno megafone, eu alcancei o quê? Creio que 50 a 100 pessoas. Mas se eu pregar pela internet, alcanço milhões de pessoas. Mas para você usar esses meios eletrônicos que estão fora da igreja, do templo, para um auditório lá fora, você precisa se aprimorar naquilo que vai falar. Entendendo sempre que dentro do templo você prega a Bíblia para os crentes; e lá fora, você está pregando a Bíblia para todos. Então, se faz necessário ter cuidado com o que prega, ter cuidado, naturalmente, na pronúncia, ter cuidado na aplicação ou interpretação de qualquer texto bíblico e, sobretudo, na responsabilidade das palavras para evitar ofender A, B ou C. Nunca esquecendo o que dizia o apóstolo Paulo: “Prego Cristo, e este crucificado”.

No atual contexto, quais os maiores cuidados que a igreja precisa ter?

Esta é uma pergunta interessante. Somos obreiros um pouquinho mais velhos, do século passado. Aceitei Cristo em 1942. De 1942 para 2023, a igreja teve uma modificação tremenda. Não só na sua estrutura organizacional, mas também no seu crescimento e na sua posição como Igreja de Jesus Cristo, que não pode sair do seu lugar. Falo da manutenção das doutrinas bíblicas e do testemunho que pessoalmente e presencialmente damos, daquilo que falamos e fazemos. Isso fala muito alto também sobre o nosso ministério. Porém, ainda mais, devemos demonstrar que o crescimento da igreja não se deveu porque foi José Wellington que estava a pastorear. A igreja cresceu porque o Espírito Santo continua trabalhando no meio do Seu povo. José Wellington é apenas aquele vaso de barro. Agora, glorifico ao Senhor porque o conteúdo é de ouro. Então, essa igreja, repito, sofreu modificações. Com esse crescimento social, o pastor deve ser aquela criatura de mente aclarada. Nós não podemos nos apegar ao passado e nem podemos também nos misturar com a vida lá fora, com o pecado. Biblicamente falando, pecado é pecado, salvação é salvação. Então, esse cuidado a se manter na Igreja do Senhor Jesus neste presente século é o cuidado espiritual, com oração, leitura, consagração. E cuidado na administração, porque igreja não é só microfone. É preciso ter uma administração cuidadosa. Não quero me referir à questão de honestidade, porque honestidade não é virtude; honestidade é obrigação. Todos temos obrigação de sermos honestos, o crente ou o não-crente, essa é que é a verdade. Falo de uma administração bem transparente, olhando sempre para Jesus. Quando você trabalha com um grande Deus como é o Senhor, você não pode pensar pequeno, você tem que pensar pelo menos se aproximando dEle, debaixo da grandeza da virtude e do poder do Senhor.

O senhor sempre foi um apoiador da CPAD e já há alguns anos tem dirigido o Conselho da Casa. Qual a importância da Escola Dominical e da literatura cristã para vida da igreja?

Sempre agradeço ao Senhor pela CPAD, que é um órgão que, pode-se assim dizer, nos alimenta com todo o material usado nas nossas congregações. Então, a CPAD faz parte intensamente da vida da igreja. Mesmo quando se fala comercialmente, louvo a Deus, porque até aqui temos uma boa administração, temos lojas em quase todas as capitais do Brasil, trabalhos fora no exterior. Porém, voltando à sua utilidade nas edições e, especialmente, na dedicação à Escola Dominical, sempre sou muito feliz por ver o desenvolvimento da didática usada pelos nossos irmãos. Hoje temos na Escola Dominical revistas para todas as faixas etárias. A Escola Dominical na igreja para mim é imprescindível. Sou aluno da Escola Dominical desde 1942. Não sou tão ruim assim, é que o Livro é muito grande. Estudamos só sobre um livro, mas ele é tão grande que, cada vez que me debruço na leitura desse Livro, fico mais impressionado com suas mensagens, com sua profundidade espiritual, intelectual e sociológica. A Escola Dominical é um momento oferecido por Deus através da igreja para os crentes tirarem dúvidas. No culto, você não pode perguntar nada ao pastor ou pregador, mas na Escola Dominical você pode trazer ao professor suas dúvidas sobre algum assunto da lição, você tem a liberdade maior de uma comunicação direta e tira todas as dúvidas em relação ao ensino da Palavra de Deus. A Escola Dominical nos faz, em primeiro lugar, aclarar a nossa mente em relação à luminosidade da Palavra. Em segundo lugar, na Escola Dominical você alimenta a sua vida espiritual com o ensino da Palavra. Na Escola Dominical, você cresce na fé, cresce no amor, cresce intelectualmente na sua vida teológica, cresce também como crente com maiores experiências para o dia de amanhã. Quanto às literaturas que a CPAD produz, acho que as edições da nossa Casa até aqui são cuidadosamente editadas. Temos uma equipe boa, competente, de pastores e não pastores, mas de irmãos que conhecem não só teologia, mas o Jesus da Bíblia. Eles então se debruçam na Palavra, especialmente a escrita. Sempre digo que aquilo que falamos o vento leva, mas o que escrevemos fica para a posteridade. Daí o porquê acho que os livros que a nossa Casa tem editado são de edificantes mensagens e bons ensinamentos para nossa vida espiritual e material. A CPAD, como editora, até aqui Deus tem abençoado. O que ela edita é de uma necessidade premente para a igreja, não só para as sedes, mas para as congregações em todo Brasil. Hoje, pela graça do Senhor, alcançamos até outros países. Para a CPAD e a Assembleia de Deus, no nosso trabalho, o céu é o limite.

Nos últimos anos, assim como o trabalho missionário da Assembleia de Deus brasileira tem se expandido, a CPAD também tem aumentado sua presença no exterior. Como o senhor vê esse momento da Assembleia de Deus brasileira e do trabalho da Casa?

Em primeiro lugar, entendo que a Assembleia de Deus é um braço para evangelização, para ganho de preciosas almas para o Reino de Deus. Daí o porquê de Deus ter dado graça e nossos tentáculos terem aumentado. Alcançamos a América Latina. Já estamos também trabalhando na América do Norte. Alcançamos a África, a Ásia, a Oceania; alcançamos a Europa. E o que mais me empolga é que a CPAD não se estabeleceu somente pela moeda; nos estabelecemos com o objetivo de ganhar almas para o Reino do Senhor. Daí a sua grande importância. O trabalho da CPAD é igual a almas para o Reino dos céus.

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