Como sabemos, desde a Revolução Islâmica de 1979, um regime autoritário islâmico está em vigor no Irã. Aquele levante ocorrido há 44 anos transformou o país de uma monarquia autocrática em uma república islâmica teocrática sob o comando dos aiatolás. Como consequência imediata, a vida dos poucos cristãos que habitavam aquele país mudou radicalmente, com a oposição e a perseguição se tornando comuns nas décadas seguintes. Os missionários foram todos expulsos do país, o evangelismo foi proibido, as Bíblias na língua persa também foram proibidas e muitos líderes cristãos e pastores foram presos e até mesmo martirizados por sua fé.
Diante desse cenário, todos os prognósticos humanos para a fé cristã no Irã eram sombrios. Se o Cristianismo já era uma minúscula minoria no país, o que seria dele agora com uma oposição tão feroz? A violência contra os cristãos grassava fortemente nos primeiros anos. Porém, de pouco mais de uma década para cá, muitos corações começaram a se voltar para o Cristianismo. Se o número oficial de cristãos – ortodoxos, católicos e protestantes – no Irã é de 300 mil, estima-se que, na verdade, o número de cristãos da igreja clandestina seja de mais de 1 milhão, sendo a maioria esmagadora de pentecostais e mulheres. O próprio governo iraniano manifestou em 2019 preocupação com o crescimento vertiginoso do Cristianismo no país. Segundo as agências missionárias, simplesmente a igreja que mais cresce no mundo hoje – percentualmente falando – é a iraniana.
De acordo com um relatório de 2022 da Operation World, de apenas 500 evangélicos no Irã em 1979, hoje “as estimativas sugerem que o número é maior do que 1 milhão”, com “um grande número de persas encontrando o Cristo ressurreto também fora do Irã. A Igreja na Pérsia não crescia tão rápido desde o sétimo século”. O relatório lembra que, no Irã, “uma pessoa pode receber uma sentença de morte por apostasia – abandono da fé islâmica”. Ao final, o relatório declara que “esse crescimento é um movimento notável do Espírito Santo, com muitos sinais e maravilhas, sonhos e visões sendo relatados”.
Segundo relatório da agência missionária Asia Link, “as igrejas domésticas do Irã começaram a crescer, mesmo quando seus líderes continuavam a ser mortos. [...] O Irã é o lar da igreja que mais cresce no mundo. Deus está claramente se movendo entre os iranianos, abrindo os olhos para a falsa esperança do Islã e para a vida eterna encontrada em Cristo”. A agência ressalta que “por vários anos” apoiou “a produção e distribuição de cartões SD (cartão de memória) cheios das Escrituras e materiais evangelísticos. Todos os anos, centenas de iranianos encontram equipes de divulgação distribuindo esses cartões, com muitos encantados com o presente que há muito desejavam para explorar as reivindicações do Cristianismo. Louvado seja Deus por aqueles que chegam à fé através deste ministério!”.
A Asia Link enfatiza que “a igreja no Irã continua a crescer em ritmo acelerado” e que, em razão disso, “há uma necessidade urgente de uma nova geração de líderes teologicamente treinados e piedosos”. Logo, para atender a essa demanda, a agência missionária apoia “uma faculdade que treina remotamente estudantes iranianos para o ministério, garantindo a preparação contínua de novos pastores para o rebanho em crescimento”. O relatório da Asia Link conclui celebrando: “Louvado seja Deus pelo que Ele fez no Irã! Onde antes as perspectivas eram sombrias, hoje está o lar da igreja que mais cresce no mundo. Aleluia!”.
Maior crescimento cristão da história da Pérsia
O Ministério Elam, criado em 1990 pelo reverendo Sam Yeghnazar, na época um dos líderes das Sociedades Bíblicas Unidas, é voltado para a evangelização dos iranianos e tem acompanhado de perto esse crescimento nas últimas décadas. O nome do ministério é baseado na passagem de Jeremias 49.38, onde Deus diz “Estabelecerei meu trono em Elam”, sendo Elam um reino nos tempos antigos que se tornou uma região importante dentro do Império Persa, onde hoje fica o Irã.
Segundo o ministério Elam, contra todos os prognósticos, “os iranianos se tornaram o povo muçulmano mais aberto ao Evangelho no Oriente Médio”. Mas, como isso aconteceu? De acordo com o ministério, “dois fatores contribuíram para essa abertura. Primeiro, a violência em nome do Islã causou desilusão generalizada com o regime e levou muitos iranianos a questionar suas crenças. Em segundo lugar, muitos cristãos iranianos continuaram a falar com ousadia e fé aos outros sobre Cristo, em face da perseguição. Como resultado, mais iranianos se tornaram cristãos nos últimos 20 anos do que nos 13 séculos anteriores desde que o Islã chegou ao Irã”.
O Ministério Elam criou uma faculdade, o Elam College, para treinar obreiros para a evangelização dos iranianos. O grupo também trabalhou em parceria com a Projeto Wycliffe para lançar em 2014 a Versão do Novo Milênio, que é a Bíblia em persa moderno. Mais recentemente, o Ministério Elam deu início a programas para desenvolvimento de liderança, plantação de igrejas, impressão e distribuição das Escrituras, ministério da mulher, ministério da família, TV via satélite e ministérios de mídia, de tradução e de desenvolvimento de recursos, defesa e alívio para cristãos iranianos perseguidos. Há ainda um crescente ministério desenvolvido pelo Elam para refugiados de língua persa fora do país.
“Acreditamos que o Irã está em um ponto de virada. Pela graça de Deus, apesar da crescente hostilidade do governo do Irã contra a igreja, continuamos a ver o rápido crescimento da igreja à medida que o Evangelho é proclamado aos iranianos. Portanto, acreditamos que o futuro reserva uma expansão significativa dos esforços ministeriais em evangelismo, discipulado, desenvolvimento de liderança e plantação de igrejas por meio do ministério direto, TV e mídia”, declara o relatório do ministério.
Afegãos levados a Cristo pelos irmãos iranianos
Um dado interessante é que o crescimento da igreja no Irã já está trazendo frutos missionários. De acordo com a organização misionária Operation World, “crescendo quase tão rápido quanto a igreja iraniana está crescendo a igreja no Afeganistão”, porque “os afegãos estão sendo alcançados em parte pelos iranianos como resultado de suas línguas serem semelhantes”.
Testemunhos
Alguns dos testemunhos compartilhados pelo Ministério Elam dão uma amostra do que Deus está fazendo no mundo iraniano. “Hamed era contrabandista e traficante de drogas. Ele era violento e cruel com sua esposa, Lydia, por muitos anos. Mas, depois de ler o Novo Testamento e entregar sua vida a Cristo, ele começou a mudar. Vendo a transformação na vida de Hamed, Lydia também entregou sua vida a Jesus. Hoje eles estão sendo treinados para servir como evangelistas”, relata o ministério.
“Mona, uma iraniana de meia-idade, queria um sentido para sua vida. Um dia, ela conheceu um cristão chamado Reza, que compartilhou o Evangelho com ela. Depois, Mona teve um sonho com Jesus. Ela procurou outra vez Reza para aprender mais e entregou sua vida a Cristo. Ela começou a falar aos outros sobre Jesus. Desde que foi salva, Mona viu Deus salvar sua filha e seu filho mais novo. Ela continua a testemunhar para o marido e outro filho. Mona recentemente participou de uma conferência do Elam. Ela agora distribui corajosamente Novos Testamentos dentro do Irã. Por meio de seu evangelismo, sete mulheres vieram a Jesus e ela as está discipulando”, compartilha o Ministério Elam.
Segue outro testemunho: “Vahid é um refugiado iraniano que vive no Reino Unido. Ele nos pediu para levar um Novo Testamento para sua irmã, Mina, que ainda vivia no Irã. Alguns meses depois, ele nos ligou entusiasmado para compartilhar que Mina havia entregado sua vida a Cristo. Além disso, Mina havia compartilhado o Novo Testamento com outras três pessoas que também haviam aceitado a Cristo. Uma nova igreja doméstica está se formando agora”.
“A história que Deus está escrevendo para o Irã nos lembra que temos todos os motivos para nos alegrar e permanecer confiantes em nosso soberano Senhor e no poder de Seu Evangelho. Jesus edificará a Sua igreja. É uma promessa (Mateus 16.18). Por favor, ore pelo povo e pela nação do Irã”, conclui o relatório.
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