Contra o “politicamente correto”

Contra o “politicamente correto”

Somos sabedores de que vivemos em uma sociedade pós-moderna. Como se isso não bastasse, estamos conscientes de que esta época é marcada pelo “politicamente correto”. Não é fácil escrever livros ou textos bíblicos, teológicos e completamente cristocêntricos para certos grupos. Cativar a atenção de alguns leitores nessa era é algo quase impossível. Mais difícil ainda é pregar a Palavra de Deus em praça pública nos dias de hoje. Mesmo em nossos púlpitos e reuniões dominicais, há crentes e descrentes com uma enorme dificuldade hoje de ouvir a verdade bíblica devido à crescente ditadura do politicamente correto. O objetivo desta é neutralizar discursos supostamente fundamentalistas religiosos, preconceituosos, racistas, de ódio, xenofóbico, sexista etc. Dizem que aquele que apoia o politicamente correto respeita a diversidade do mundo moderno. Do ponto de vista lógico, muitos querem entender o que realmente motiva essas pessoas a rejeitarem as pregações “politicamente incorretas” (Esta é a nomenclatura dada pelos adeptos às opiniões contrárias às suas ideias) e rejeitar até mesmo o estilo de vida cristã que a Bíblia Sagrada nos propõe.

Qual a razão para a crescente rejeição à Palavra de Deus? Qual a explicação para a evasão, em alguns lugares, da Escola Dominical e dos cultos de ensino da Palavra? E quais seriam as razões que direcionam muitos cristãos a se omitirem na sociedade, não defendendo os seus princípios e seus valores morais moldados pela Palavra de Deus? Seria o medo de serem taxados negativamente pela sociedade pós-moderna, moldada pela hipocrisia do politicamente correto, em detrimento da verdade a ser anunciada (Marcos 16.15,16)?

Vejamos aqui colocações mais assertivas para preencher as lacunas das dúvidas causadas por tais perguntas e ideias claras sobre o perigo das pregações e do estilo de vida cristã politicamente correta que tem permeado alguns púlpitos, onde os seguidores de Balaão, falsos mestres e falsos atalaias dos dias atuais têm se vendido para agradar seus ouvintes (Judas v.11). 

O apóstolo Paulo exemplifica muito bem a apatia espiritual de muitas pessoas, revelando, pelo Espírito Santo, quão laboriosos e árduos seriam os últimos dias da Igreja na Terra. Ao escrever sua Segunda Carta a Timóteo, ele diz: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda o no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2 Timóteo 4.1-4). Neste texto sacro, o apóstolo está alertando o jovem obreiro Timóteo quanto aos perigos do que hoje é chamado de “politicamente correto”. Vemos isso desde o primeiro século da Era Cristã. Há uma crise de identidade entre muitas pessoas, que não veem a verdade como princípio para viverem em santidade, mas acham que cada indivíduo deve se interessar por pregações que lhe agradam ao invés de ouvir palavras que o confrontam, assim como agiu o rei Acabe (2 Crônicas 18.17).

É característico da natureza humana não gostar de ser confrontado. Para os adeptos do politicamente correto, o ideal é “amar pessoas e não apontar seus erros”. Mas, Jesus Cristo pregou uma dura mensagem: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mateus 4.17). E o Seu precursor, João Batista, também anunciou uma mensagem dura (Mateus 3.2). Neste evangelho politicamente correto de hoje, o amor – falso amor – assume o lugar da verdade e chega a ser mais importante que o evangelho. Em outras palavras, é melhor tolerar erros e heresias do que parecer desamoroso para o mundo. Assim, em vez de pregar e ensinar a Palavra de Deus como ela é – cumprindo a Grande Comissão (Mateus 28.18-20; Marcos 16.15,16; Atos 1.8) –, os cristãos devem fazer as pazes com os pecadores, lavar os seus pés e pedir-lhes perdão por terem sido tão “preconceituosos” e “intolerantes”. O amor cristão tem por base a verdade (2 João 1.1,2,4,6). Ele não é sinônimo de tolerância. Amar a Jesus Cristo é submeter-se aos Seus mandamentos, pois a obediência ao Senhor implica em fidelidade à Sua Palavra (João 14.23; Tiago 4.4,7).

As pregações em muitos púlpitos mudaram muito por causa da ditadura do politicamente correto, pois ela, obviamente, se opõe à liberdade de expressão. Não podemos tocar em assuntos “sensíveis”, tais como aborto, homossexualidade, feminismo, ideologia de gênero, adultério, prostituição, mentiras, vícios etc.

Os pastores e pregadores sentem-se impedidos de pregar a divina Palavra dentro dos templos, pois há uma perseguição, até mesmo por parte de ditos “cristãos” que são defensores do politicamente correto. As mensagens devem ser light, precisam massagear o ego daqueles que não possuem a verdadeira identidade cristã. João Batista, o profeta politicamente incorreto, não elogiava seus ouvintes. Além do mais, ele denunciava seus pecados de forma contundente e autêntica. Até mesmo os fariseus e saduceus não tiveram seus egos massageados pelo profeta, mesmo ocupando as posições mais influentes da religião judaica na época.

Todo cristão dos dias atuais deve pensar em como está sua alma (Lucas 12.20) e aceitar as verdades bíblicas e o viver irrepreensível para herdar a salvação. Chegará o dia do Grande Juízo, onde haveremos de nos apresentar diante do Justo Juiz. Sabedor disso, João Batista disse aos seus ouvintes que se quisessem escapar da condenação do Juízo Final, eles deveriam converter-se e apresentar frutos dignos de arrependimento (Mateus 3.7-10).

João Batista conhecia e anunciava a verdade. O cristão deve abraçar a qualquer custo aquilo que a Palavra de Deus nos propõe, mesmo que isso resulte na perda de sua cabeça, como foi o caso de João Batista. A identidade cristã nos leva a denunciar o erro e dizer “Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão” (Marcos 6.18). Mesmo que a “Herodias” da pós-modernidade peça para servir nossa cabeça em um prato (Marcos 6.28), não percamos de maneira nenhuma a nossa razão. É a verdade que nos liberta (João 8.32), pois ela é o que nos direciona a contemplar o nosso Deus (João 14.6).

Estando devidamente consciente e assegurado de sua identidade cristã, o cristão precisa assumir uma posição sábia e crítica diante da sociedade, dentro de seu lar e dentro de sua comunidade cristã. Sendo assim, um atalaia chamado e responsabilizado por Deus (Ezequias 3.16-27) deve anunciar com intrepidez as verdades da Palavra de Deus, voltadas para um viver santo e irrepreensível, de forma que o crente se apresenta como sal da terra e luz do mundo (Mateus 5.13-16).

Destarte, é salutar reafirmar que devemos nos comprometer com a verdade, seguir o exemplo de Cristo, dos profetas, dos apóstolos e dos grandes homens e mulheres de Deus que dão sua vida pelo amor com base na verdade, tendo em vista que muitas vezes serão esquecidos e taxados de “pregadores politicamente incorretos”, mas por amor aos pecadores prosseguimos anunciando a verdade de que Jesus Cristo salva, cura, batiza com Espírito Santo e em breve voltará para arrebatar a Sua Igreja.

por Marcos Júnior

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