Os mistérios do Éden descritos pela Bíblia

Os mistérios do Éden descritos pela Bíblia

A Bíblia é clara ao indicar que Deus é o autor da criação através do poder da Sua Palavra, conforme Gênesis 1.1-31. O verbo utilizado aqui é אָרָּב - bará, que significa criar do nada, sempre tendo Deus como sujeito; isto é, dar início a algo novo que nunca existiu. Em cada etapa da criação, Deus avaliou seu trabalho como tov (“bom”), expressão que traz a ideia de que a obra foi bem-sucedida, deu certo, passou pela aprovação do Eterno. Havia luz; as plantas e árvores davam seus frutos; as águas produziram abundantes répteis, peixes e toda espécie de alma vivente; e havia as bestas feras do campo, os gados e as aves do céu, todos segundo sua espécie (Gênesis 1.4,12,20-25). 

Diante da formosura da criação, o Eterno decide dar um toque especial criando o homem, conforme Sua imagem e semelhança (Gênesis 1.26-27), a coroa da criação (1 Coríntios 11.7). Então, Ele observou tudo que havia feito e expressou-se dizendo que tudo era tov meod, “muito bom”, extremamente perfeito. Deus ficou muito feliz pelo que havia feito (Gênesis 1.31). Em seguida, coloca o homem em um jardim no Éden e ordena que ele governe sobre toda criação e se alimente livremente de toda árvore do jardim. Porém, o Criador estabeleceu limites ao dizer que da árvore do conhecimento do bem e do mal ele não poderia comer, porque no dia em que comesse dela certamente conheceria a morte (Gênesis 2.17).

Percebemos que mesmo no Éden, um lugar de perfeição e harmonia, Deus decide colocar limites para o homem e concede ao ser humano o livre arbítrio, com ele tendo que escolher entre obedecer Sua Palavra e permanecer em plena comunhão com Ele ou desobedecer e conhecer a morte. Deus proporciona ao homem uma adjutora (em hebraico, רֶזֵע – ezer, que significa literalmente “aquela que ajuda”) para estar a seu lado e juntos cumprirem os propósitos que Deus havia determinado desde o princípio. Ao final do capítulo 2 de Gênesis, encontramos algumas informações importantes que vale a pena ressaltar. No versículo 25, a Bíblia relata que ambos estavam nus, porém não se envergonhavam. Perceba que em momento algum o Senhor mencionou qualquer tipo de roupa ou algo para que pudesse cobrir a nudez do primeiro casal. O termo “nudez” aqui vem da raiz hebraica םורע - erom, isto é, “estar nu” ou “estar exposto”, porém não era assim que eles se sentiam; ao contrário, viviam tranquilamente sem malícia alguma, sem constrangimento, pois tratava-se de um ambiente perfeito e sem pecado.

Alguns estudiosos afirmam que, no momento em que Deus formou Adão e Eva (Gênesis 2.7), Ele colocou em ambos um revestimento de glória e esplendor, de forma que a pele deles resplandecia e era revestida de um brilho, um fulgor, considerando que, na viração do dia, Deus passava no Jardim para conversar com Adão e somente a matéria não suportaria a presença gloriosa do Eterno. Sobre isso, diz Davi: “Contudo pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste” (Salmos 8.5). Nesse cântico, Davi exalta a majestade divina por toda Sua criação. Então, no versículo 5, que lemos, ele relata que o homem foi criado um pouco menor que os anjos. Aqui a palavra elohim tem o sentido de seres celestiais. Isso significa que o rei de Israel disse que Deus criou o homem menor do que os seres celestiais e de glória (kavod) e de honra (hadar) o coroou (atar).

A palavra hadar, que no texto está traduzida por “honra”, pode ser traduzida literalmente como “esplendor”, “algo que brilha”; e a palavra atar, que no texto está como “coroar”, pode ser traduzida por “cercar”, “envolver por inteiro”. Portanto, Davi indica que o Senhor criou e cercou o homem com um esplendor, um brilho, um revestimento especial, onde o homem e a mulher olhavam para si mesmos e não enxergavam a sua nudez física, a imoralidade, não se sentiam expostos, pois estavam revestidos da Glória e do Esplendor de Deus.

A partir dessa visão, o Maligno vai lutar para retirar esse revestimento, essa proteção e esse brilho que Deus colocou no homem, a fim de fazê-lo pecar, pois somente assim seus olhos espirituais seriam abertos e ambos perceberiam que estavam nus, expostos e sem o esplendor e o brilho que os protegiam. No capítulo 3 de Gênesis, o pior acontece: o homem cai na tentação e desobedece a ordem divina ao comer do fruto da árvore proibida. A partir desse ato, o esplendor, o brilho que revestia ambos, é retirado deles e eles se tornam seres comuns, sem luz e sem proteção. A dupla percebeu que agora estavam nus, logo a primeira atitude foi se esconder da presença do Senhor (Gênesis 3.7-11).

Quando estamos na presença de Deus e obedecemos Sua palavra, somos revestidos pelo esplendor e o brilho do Espírito Santo, concedido pelo próprio Deus para sermos diferentes do mundo. Esse brilho é para glória de Deus e santificação do Corpo de Cristo. Em Êxodo 34.29-35, Moisés sobe ao monte Sinai para falar com Deus e, na ocasião, o monte fumegava, saíam relâmpagos e a nuvem da Glória de Deus estava sobre o monte. Ali, Moisés falou com Deus face a face, recebeu do Senhor as tábuas da Lei e, após o período de 40 dias, desceu do monte sem perceber que seu rosto brilhava de modo que as pessoas não conseguiam olhar para ele. Assim é todo aquele que tem intimidade com Deus: sua vida é revestida de esplendor, brilho. Jesus disse a Seus seguidores: “Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5.14). Portanto, não perca o brilho, a luz e o esplendor que Deus colocou em você! Não permita que o pecado retire de você a intimidade e a comunhão com o Senhor. A nudez espiritual nos leva a nos escondermos da presença de Deus, porém atentemos para Paulo: “Todavia estejamos revestidos para não sermos achados nus” (2 Coríntios 3.5). O apóstolo João também nos exorta: “Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes para que não ande nu e não apareça a sua vergonha” (Apocalipse 16.15).

Por Anderson Araújo

Compartilhe este artigo com seus amigos.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem