Criança de ‘ossos de vidro’ vive milagre

Criança de ‘ossos de vidro’ vive milagre

Mãe se nega a abortar e, mesmo enfrentando sofrimento, vê a ação de Deus em seu filho

Clarice da Silva Soares estava grávida de seu segundo filho. Ela é membro da Assembleia de Deus em Candeias do Jamari (RO), coordenadora do Departamento de Crianças, regente do Círculo de Oração e professora de Escola Dominical na congregação em Vila Samuel. Clarice não sabia que lhe aguardavam dias de luta e de grandes milagres. A igreja onde ela congrega com a família está sob a presidência do pastor Jessé Azevedo Junior e a direção (na época do compartilhamento deste testemunho) do pastor Josiel de Lima Torres.

Tudo começou quando Clarice, aos sete meses de gestação, fez uma ultrassonografia morfológica. O exame constatou que o feto estava com os ossos mais longos do corpo menores que o normal. Até então, a família não via anormalidade, pois os pais são de baixa estatura.

No oitavo mês, sentindo muita dor, Clarice foi levada ao Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho (RO), para mais uma ultrassonografia. No exame, se constatou que o pé da criança estava quebrado. Além de apontar o problema, o exame também mostrou que Isaac era portador de Osteogênese Imperfeita, condição genética rara que afeta ossos e cartilagem.

Em razão da má formação do feto, os médicos aconselharam aborto. Ao ouvir a proposta, Clarice falou: “Tirar o meu filho? Matar o meu filho? Não vão, não! Do jeito que Deus o mandar, eu quero. Eu não vou interromper minha gravidez de jeito nenhum. Não vou! Pedi demais para Deus essa criança!”.

A mãe conta que foi arrasada para casa. Clamando por misericórdia ao Senhor, contou ao esposo, Eliseu Pereira da Costa, o que havia acontecido. Daí em diante, ambos passaram a intensificar suas orações pela criança, acompanhados pela irmã Balbina da Silva Paulo, mãe de Clarice, que se manteve por perto com palavra de conforto. “Não contei para ninguém, nem para as irmãs do Círculo de Oração. Só contei para Deus. Pedi que Deus fizesse o milagre na vida dele”, conta Clarice.

Ao completar os nove meses de gestação, Clarice foi ao hospital para dar à luz. Ela ficou lá três dias sofrendo na tentativa de ter o filho em parto normal, mas sabia que não teria, pois seu primeiro filho havia sido com cirurgia por não ter passagem. Assim, nasceu também o pequeno Isaac por meio de cesariana. “Quando dei fé, ainda dentro da sala do parto, eles pegaram Isaac, sacolejaram ele lá para cima e disseram: ‘Olha, mãe, como o teu neném é lindo!’. Eles fizeram assim por não saberem do problema de saúde dele. Pensei que iriam trazê-lo de volta para eu dar de mamar. Não foi isso que aconteceu. Meu filho foi levado para a UTI às pressas com quatro costelas quebradas, a clavícula e a perna”, recorda Clarice.

Criança de ‘ossos de vidro’ vive milagre

Ao examinarem Isaac, a junta médica trouxe a notícia. A médica colocou uma cadeira ao lado da cama onde estava Clarice e ficou sem saber como contar, mas, depois de fazer grande rodeio e elogiar a beleza do menino, perguntou: “Mãe, você já ouviu falar em ‘ossos de vidro’, conhecido também como ‘ossos de cristais’?”. Isaac era portador da doença conhecida como Osteogênese Imperfeita de grau 3 (tipo mais grave). A médica, então, informou que ele estava na UTI, respirando apenas pelos aparelhos, e pediu para a mãe ir se preparando, pois, crianças que nasciam assim não andavam e não falavam, e ainda reforçou que a chance dele sair do hospital com vida era muito pouca.

“Fiquei observando de perto toda a medicação que davam para o meu filho, anotando os nomes para saber se eles estavam dando algum medicamento para acelerar a morte dele. Ali, comecei a clamar. Com minha mão posta sobre ele pelo buraco da incubadora, comecei a louvar e sentir o Isaac se mexendo. Entendi que o Senhor queria que eu louvasse o nome dEle. Foi isso que eu passei a fazer naquele lugar todos os dias: louvar ao Senhor”, lembra a mãe, que diz ter visto os resultados dia após dia com a melhora da criança. Da UTI, o menino foi transferido para o berçário; do berçário, ele recebeu alta hospitalar e foi para casa.

Durante todo o primeiro ano de vida, sempre deitado, Isaac precisava ser mantido pela mãe em cima de um travesseiro chamado “casca de ovo”. Nele, ela colocava o menino e tinha que, ao pegá-lo, controlar certinho na palma da mão sem mexer para lado algum por causa da fragilidade dos ossos. O cuidado era muito grande, pois um dos médicos disse que se Isaac quebrasse um osso do pescoço, morria na mesma hora. Nem de roupa eles podiam vesti-lo; apenas um paninho podia ser colocado em cima dele, algo frustrante para a mãe que havia providenciado o enxoval do filho. Na tentativa de pôr uma roupa no filho, a mãe percebeu os ossos do bracinho dele estralarem, como se fosse um vidro. O choro do menino, de tanta dor, levava a mãe de forma desesperada ao hospital em busca de socorro, de onde ela voltava com o filho enfaixado por orientação do ortopedista. Clarice conta que não dava nem tempo de uma lesão cicatrizar e já vinha outra. Certa ocasião, ele quebrou os dois braços e as duas pernas. “Ele já teve mais de 58 fraturas que eu contei. Ele tem um monte de calo ósseo: quando cola, dá uma deformidade”, conta a mãe.

A criança conseguiu tomar banho em sua banheira apenas quando tinha um ano e dois meses. Foi um dos dias mais felizes da vida dele, segundo a mãe.

Ciente de que Clarice era membro da Assembleia de Deus e que mantinha o hábito de congregar, a médica lhe disse: “A partir de hoje, caso você vá para a igreja, não vai poder levar seu filho”. A razão alegada pela médica foi o som alto do templo, que podia estourar os ouvidos da criança. A mãe pensou: “Como é que o meu filho vai alcançar o milagre dele, se eu não for para a igreja com ele?”. Com os cuidados devidos, Clarice começou a levar seu filho ao templo, pois tinha consigo a convicção de que o Senhor assim queria. Curioso é o fato de Isaac ter apresentado um problema de audição ao nascer, o que fez a família levá-lo ao Hospital Santa Marcelina, em Porto Velho. Após exames, se constatou que o problema havia desaparecido. Pelo problema detectado inicialmente, a criança ou passaria por procedimento cirúrgico ou teria que usar aparelho auditivo, mas nenhuma das duas coisas foi preciso.

O milagre na vida do menino não foi só na audição, mas também na fala. Geralmente, os médicos dizem que quem tem grau três dessa enfermidade da qual ele é portador não fala, mas com o Isaac tem sido diferente. De forma surpreendente, o pequeno começou a pronunciar suas primeiras palavras. Entre elas “papai”, “mamãe”, “vovó”, “tia”, “tio” e “pastor”. Depois, não demorou muito para construir frases e sentenças completas. E os milagres não param por aí. Em razão da não recomendação do uso de andador para Isaac, ninguém da família concordava que ele usasse o aparelho, mas a mãe creu que o filho daria seus primeiros passos e providenciou o objeto, pois não queria vê-lo atrofiado como outros casos de crianças que conhecia. Colocado no aparelho com todo cuidado pela mãe, para surpresa de todos os membros da família, o menino começou a se movimentar de um lado para o outro sem sofrer lesão alguma.

Em duas situações distintas, milagrosamente o Senhor curou Isaac de coágulo na cabeça. Na primeira, se fazia necessária uma cirurgia para retirada da água presente com um dreno. Na segunda, em uma queda que sofreu da cama, Isaac teve início de um traumatismo craniano. Agora, ele estava não mais com um coágulo de água na cabeça, como antes, mas com um coágulo de sangue. Nos dois casos, após oração, sem intervenção cirúrgica, foram feitos exames após um tempo e os coágulos haviam desaparecido.

Hoje, aos três anos de idade, Isaac segue seu tratamento, no qual inclui idas a Porto Velho para fisioterapia e a Brasília (DF) para tomar periodicamente o medicamento Pamidronato, mas tudo regado a orações ao Senhor. Quanto aos resultados e a como o menino tem reagido a todo esse processo, conta a mãe: “Já faz mais de dois meses que o Isaac sofreu a última fratura. Ele é um guerreiro. Ele me passa muita força. Percebia que a cada fratura sofrida, ele tentava até não chorar para não me deixar triste. Ele é muito forte. Ele é muito guerreiro mesmo. Muito, muito mesmo. Hoje, quando ele chega à igreja, pega sua harpinha e louva a Deus mais alto que todos os irmãos. Todo mundo é apaixonado por ele. Ele é alegre, ele é mimado, ele dá beleza. No momento de tirar fotos, ele ama fazer poses”, conta a mãe, agradecida a Deus pelos milagres na vida do pequeno Isaac.

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem