Questões aparentemente controversas sobre a figueira que Jesus amaldiçoou

Questões aparentemente controversas sobre a figueira que Jesus amaldiçoou

Como entender a “falta de paciência” do Senhor Jesus com a figueira? E a figueira amaldiçoada secou imediatamente (Mateus 21.19) ou no dia seguinte (Marcos 11.14, 15, 20)?

As figueiras tinham uma grande importância no cotidiano da Palestina e representavam uma importante fonte de alimentação, acessível e abundante. Durante o período mais frio do ano, essa árvore permanecia sem folhas nem frutos. Porém, com as temperaturas mais quentes, surgiam os frutos que amadureciam ao mesmo tempo em que abundavam as folhas. Em pouco tempo, as figueiras estavam repletas de uma folhagem verde e frutos disponíveis a todos que desejassem.

Mas, por que Jesus amaldiçoou a figueira? Seria “falta de paciência”? Foi justo para aquela árvore em um momento ainda distante do período mais quente do ano? São questões importantes para o entendimento da mensagem revelada pelo Mestre naquele episódio. As figueiras da Palestina iniciavam sua brotação a partir de março, porém só tinham os frutos maduros em junho. Aquela figueira tinha algo de anormal, pois já na Páscoa estava repleta de folhas, um sinal de que já deveria estar frutificando. Essa história, apresentada em dois evangelhos, contempla uma importante revelação: a árvore representava a nação de Israel que não estava glorificando a Deus por conta da sequidão espiritual impedindo-a de frutificar (Oséias 9.10). A vontade divina para Israel, assim como para com a Igreja, é que os frutos espirituais sejam produzidos e o nome de Deus seja glorificado. A ausência de frutos aponta para uma religiosidade vazia e sem propósito levando ao não cumprimento de seus propósitos. Infelizmente, Israel não se apresentava pronta para receber o seu Salvador. Os discípulos se surpreenderam com a sobrenatural secagem da árvore desde as raízes. Não perceberam a mensagem por traz do ocorrido. A figueira, por suas folhas, indicava um fruto inexistente. Uma aparência que não correspondia à realidade apontava para uma triste constatação: a árvore que não dá bom fruto está fadada à destruição (Mateus 3.10). Possivelmente, aquela árvore era estéril ou ainda doente, o que explicaria a ausência dos bons frutos.

Nas duas vezes em que esse fato é narrado nos evangelhos, um detalhe nos chama a atenção: a árvore secou imediatamente (Mateus 21.19) ou apenas no dia seguinte (Marcos 11.20)? Essa aparente controvérsia cronológica é simples de ser esclarecida.

Mateus, em seu evangelho, busca condensar toda a história em um único bloco de informação: no caminho de Betânia, o Mestre teve fome e avistou uma figueira repleta de folhas, porém sem os frutos. Ele decreta juízo e a planta seca deixando os discípulos impressionados. Era uma frondosa figueira contradizendo-se ao negar os frutos. Já Marcos, provavelmente orientado por Pedro, estende-se na apresentação dos fatos: pelo caminho, com fome, encontraram uma figueira que, pela aparência das folhas, deveria ter frutos. Após eventos de grande intensidade, o Mestre volta ao local buscando ensinar a Seus discípulos mais uma lição: a relevância do frutificar. As palavras de Jesus decretaram a consequência da atitude negativa da árvore, só foi percebida no dia seguinte.

Uma grande verdade nos é apresentada através dessa história: a Igreja precisa estar atenta para não incorrer no mesmo erro, de não cumprir em seu tempo sua importante missão de anunciar as Boas Novas de salvação a toda criatura.

Por Marcos Tedesco.

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