Israel: uma análise histórica e teológica

Israel: uma análise histórica e teológica

Não há que se duvidar que, assim como na História Antiga, os gregos exerceram grande influência na filosofia, na política, nas artes e nos jogos públicos, e os romanos, na área jurídica, militar, geográfica, dentre outras. Da mesma forma, não existiu e nem existe outro povo que tenha influenciado tanto o mundo na área religiosa como o povo israelita.    

Veio deles a herança monoteísta, o conhecimento acerca do único e verdadeiro Deus. Foram eles que deram ao mundo os preciosos textos sagrados do Antigo Testamento, além do que os autores dos livros do Novo Testamento foram todos judeus (com a exceção de Lucas). Foi Israel o povo escolhido para ser testemunha de Deus no Antigo Testamento (Isaías 43.10). Foram eles que nos fizeram saber, através do cânon e dos profetas, o glorioso plano da redenção universal da humanidade, por meio do Messias, Rei de Israel e Salvador do mundo, que o Novo Testamento nos mostrou ser o nosso Senhor Jesus Cristo. Maria, a mãe de Jesus segundo a natureza humana, era judia. Os 12 apóstolos eram judeus. Os primeiros discípulos de Jesus eram judeus. Em Israel nasceu a Igreja e, a partir de Jerusalém, ela se espalhou por toda a terra. Grande parte da influência da chamada cultura judaico/cristã, exposta nos livros da Bíblia Sagrada, sob a qual o mundo cristão foi erguido, deve-se aos judeus.

Como é impressionante notar que nenhum outro povo conseguiu manter tanto a sua identidade cultural, linguística e religiosa, durante milênios, como os judeus, mesmo diante das guerras, exílios, diásporas e retornos que experimentaram. Sim, quando olhamos para a história de Israel, podemos perceber a mão de Deus agindo e governando, não apenas essa nação, mas todo o universo.

A origem desse povo semita deu-se a partir de Abraão (Gênesis 12.1-3), quando Deus prometeu, a partir dele e da sua descendência, levantar uma grande nação. O mais profundo disso é que Gênesis 12 foi escrito por causa de Gênesis 3.15, onde encontra-se a revelação da promessa do Redentor da humanidade, que viria da semente da mulher. Deus então separa um homem para dele levantar um povo específico, de quem viria o Redentor. Sim, Deus não enviaria o Seu Filho Unigênito por meio de nações ímpias, idólatras e politeístas. Israel foi escolhido para abençoar as nações ao seu redor. Deus separa, mas não é separatista. Quando Ele separa parte, Ele está visando o todo.

Além de ter prometido levantar uma grande nação, Deus também prometeu a este povo uma terra, um lugar de habitação. Lemos isso em Números 34 e também em Josué 1.

Da fase patriarcal, que envolveu Abraão, Isaque, Jacó e seus filhos, até a entrada no Egito por providência de Deus, usando José, houve a multiplicação das tribos, que agora passam a ser caracterizadas como nação. Os descendentes de Abraão, em constante processo de florescimento, multiplicando como as areias do mar, por serem numerosos, tornaram-se escravos de Faraó. Deus, então, levanta Moisés, tanto para ser o canal da libertação do povo como da transmissão da Lei e do estabelecimento da religião israelita. Moisés foi, portanto, libertador e legislador do povo da promessa. Findado o período mosaico, Deus levanta Josué como conquistador da Terra Prometida, o homem usado por Ele para fazer o povo entrar em Canaã. Já em sua terra, Deus levanta juízes para governar as tribos, período este que se estende até Samuel, que, além de ter sido o último juiz, foi um importante personagem de transição para a monarquia israelita.

Samuel, homem de Deus, ungiu os dois primeiros reis de Israel: Saul e Davi. A monarquia de Israel compreendeu quatro períodos essenciais, que foram, o do reino unido (com todas as tribos sob o mesmo reinado), o do reino dividido (quando houve a separação das tribos, sendo ao norte, o Reino de Israel e ao sul, o Reino de Judá), o do reino solitário (com o cativeiro do reino do norte pela Assíria em 722 a.C.) e o do reino caído (com o cativeiro do Reino do Sul por parte da Babilônia em 605-586 a.C.). Por fim, tivemos o retorno (538 a 444 a.C.) já no período medo-persa. Apesar do cativeiro sofrido pelo Reino do Norte ter sido mais cruel e eles não terem conseguido se reerguer enquanto reino, todavia podemos perceber que houve uma migração de parte deles para Judá, como uma provisão para a não descaracterização total das tribos ou extinção delas, como bem gostava de fazer o império da Assíria com os povos que dominava (2 Crônicas 31.6; 34.6-9).  

Mesmo no chamado período interbíblico, podemos perceber a mão de Deus preservando esse povo. Fosse no período helenístico ou na ascensão do período romano, mesmo na fase do silêncio canônico, Deus agia e guardava o povo da promessa. No período neotestamentário o povo judeu era uma província do Império Romano. Prevalecia entre os judeus o pensamento e a expectativa de um Messias político, libertador do povo.

No ano 70, ocorreu a Grande Diáspora, por ocasião da invasão e destruição de Jerusalém provocada pelos romanos, sob o comando do general Tito, e que causou a maior dispersão histórica dos judeus de sua terra. Todavia, sempre houve um pequeno remanescente deles, seja na cidade santa ou nos arredores dela. Enfim, fosse no período bizantino ou árabe, ou no das cruzadas medievais ou até mesmo no otomano, Deus sempre preservou o povo hebreu.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, onde ocorreu por parte do nazifascismo a maior e mais sangrenta perseguição aos judeus, o que provocou a morte de mais de 6 milhões deles, houve, por parte das nações da recém-formada ONU um posicionamento favorável à criação do Estado de Israel. Desde o final do século 19, o movimento sionista já defendia o retorno dos judeus à sua terra. Assim, após quase dois mil anos, Israel voltaria a ser uma nação.

O dia 14 de maio de 1948 foi histórico, pois deu-se nele a Declaração do Estado de Israel. A votação para a criação de dois estados - um palestino e outro judeu - já havia ocorrido no dia 29 de novembro de 1947, e foi presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. Não há dúvida de que a criação do Estado de Israel e o retorno de milhares de judeus espalhados pelo mundo quase dois mil anos depois da grande dispersão foram um forte sinal da proximidade da Segunda Vinda de Cristo e um cumprimento das Escrituras.

Um dia depois do 14 de maio, já houve conflitos na região, quando uma coalizão de exércitos árabes atacou Israel. A partir daí desencadeou-se uma série de conflitos, que perduram até os dias de hoje. Os mais conhecidos foram, a Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Yon Kippur (1973). O período da Guerra Fria, conflito liderado pela antiga União Soviética e os Estados Unidos, fez com que houvesse um dualismo de influência naquela região do Oriente Médio. A URSS historicamente apoiou os palestinos e os EUA apoiaram Israel. Com a abertura da chamada “cortina de ferro” e a queda do muro de Berlim, desenvolveu-se um novo cenário internacional.

Atualmente, Israel tem uma população de aproximadamente 10 milhões de habitantes, sua capital econômica é Tel Aviv e os israelenses consideram Jerusalém a sua capital política e religiosa (embora não seja reconhecida por todas as nações que compõem a ONU). No seu atual mapa, Israel az fronteira com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza (que compõem, mesmo em territórios separados, o Estado Palestino), além de fazer fronteira com o Egito, a Jordânia, o Líbano e a Síria. É o país mais desenvolvido do Oriente Médio e também considerado o mais democrático. Possui uma alta capacidade tecnológica, bélica e econômica. O sistema político de Israel é a República Parlamentarista. Jerusalém, claro, é a capital religiosa do mundo, e a principal referência das três principais religiões monoteístas do planeta: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.

Como cristãos que amam a Jesus e ao próximo, precisamos, primeiro, ter o discernimento bíblico de que, como bem escreveu o apóstolo Paulo, “Deus não rejeitou o seu povo” (Romanos 11.2), ou seja, ainda há planos de Deus para serem cumpridos em relação a eles. Por outro lado, não podemos esquecer a visão missionária, o fato de que o único caminho para o ser humano ser salvo, seja ele judeu ou gentio, é confessando Jesus Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador. Deus ama a todos - palestinos, judeus, árabes, africanos, europeus, asiáticos, americanos, índios, enfim, todos os homens. Devemos orar pela paz de Jerusalém e pregar o Evangelho a toda criatura.

Com relação a este extraordinário povo - Israel -, ele continuará existindo e resistindo, pois foi o nosso Senhor Jesus Cristo que disse a eles: “Desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mateus 23.39). Que dia glorioso este dia há de ser!

Por Cláudio César Laurindo da Silva.

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