Como entender o fato de Jesus ter se esvaziado de si mesmo e ter continuado sendo Deus?

Como entender o fato de Jesus ter se esvaziado de si mesmo e ter continuado sendo Deus?

Se Jesus “a si mesmo se esvaziou”, de acordo com o que lemos em Filipenses 2.6,8, como Ele poderia ainda assim ser Deus?

De acordo com a História, um dos tópicos mais controvertidos entre os que afirmam seguir a Bíblia tem sido a natureza de Jesus e sua relação com o Pai. Nos primeiros cinco séculos após a encarnação de Cristo, vários grupos defendiam visões completamente diferentes com respeito à natureza e à divindade de Jesus Cristo.

Esse fato não deve nos espantar, pois Satanás deseja mais do que nunca introduzir entre os discípulos erros quanto à natureza de Deus. Tais erros são básicos e extremamente prejudiciais. Além disso, qualquer ser humano que tente compreender a natureza de Deus está lidando com um assunto muito mais profundo que ele mesmo, pois somos tentados a reduzir Deus às condições humanas e começar a analisá-lo de acordo com as nossas limitações. Ainda hoje há acirradas controvérsias entre os supostos seguidores do Senhor Jesus no que diz respeito à natureza e ao conceito da divindade.

Considerando Filipenses 2.6-8, entre tantos outros textos bíblicos, vemos que quando Jesus se fez carne, passou a ser humano. Participou da nossa natureza; submeteu-se à experiência humana. Assim, experimentou a fome, a sede, o cansaço.

É importante entendermos que, quando Jesus se fez homem, não deixou de ser Deus. Ele era Deus vivendo como homem. Mas restringiu-se a forma e a limitações muito diferentes da natureza de sua existência eterna. Ao afirmar que Jesus é Deus, então, não estamos tentando negar a realidade de Jesus ter-se tornado um ser humano verdadeiro. E afirmar que Jesus é Deus não é afirmar que ele é o Pai. Seria válido admitir neste texto que se acha revelada nas Escrituras uma nítida diferença entre o papel do Pai e o do Filho. Uma delas é que foi o Filho que se fez carne, não o Pai.

Mas, o que é mais fundamental, o Pai parece ser revelado na Palavra como o planejador e diretor, e o Filho, como o concretizador. O Filho submeteu-se à vontade do Pai. Nesse sentido, Jesus afirmou: “O Pai é maior do que eu” (João 14.28). Aqui Jesus não se refere à sua natureza, mas ao seu ofício de Mediador. Sendo mandado pelo Pai, Jesus era inferior ao Pai. Por estas mesmas palavras Jesus dá a entender, de algum modo, uma igualdade divina, porque nenhum homem diria. “Deus é maior do que eu”!

Entendemos que, de acordo com as Escrituras, o marido deve ser o cabeça da esposa, e ela deve submeter-se ao marido. Mas isso não significa que o marido seja superior em essência; simplesmente tem um papel de autoridade. Tanto marido quanto mulher são plena e igualmente humanos. Da mesma forma, a liderança do Pai e a submissão do Filho não implicam diferença de natureza. Ambos são plena e igualmente divinos.

A Bíblia deixa bem claro que Jesus é Deus. O menino que haveria de nascer se chamaria “Deus Poderoso” por nele ter sido incarnado o Filho de Deus (Isaías 9.6). O menino nasceu; o nele o Filho que nos foi dado e que não nasceu, foi encarnado.

Em suma, embora sendo Deus, Jesus só agiu como tal aceitando adoração e perdoando pecados. Além de ser Deus apresentado por João, Jesus era Rei apresentado por Mateus, era servo, ou escravo, apresentado por Marcos, e era homem perfeito apresentado por Lucas, que traça a genealogia dele até o Adão criado sem pecado. As quatro cores do Tabernáculo nos dão os quatro retratos de Jesus nos evangelhos. O esvaziamento de Jesus não foi da Sua natureza divina, mas da glória dessa natureza, que Ele revelou apenas aos mais íntimos na transfiguração.

(Artigo baseado em Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, de Myer Pearlman, Editora Vida, 1977, e em Compêndio de Teologia, de Amos R. Binney, Editora Nazarena, Campinas, sem data, além de outras obras).

Por Abraão de Almeida.

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