Aprendendo a orar com Jesus

Aprendendo a orar com Jesus

Em Mateus 6.5-15, estamos diante de um trecho de um dos maiores sermões pregados pelo Senhor Jesus, conhecido como “O Sermão do Monte”. Os dizeres de Cristo são objeto de admiração de muita gente, porém entendidos e obedecidos por poucos. Neles, o Mestre nos deixou algumas lições essenciais para o desenvolvimento de nossa vida cristã. Uma dessas lições é sobre a oração. Ao tocarmos nesse assunto, falamos de diálogo, de relacionamento interpessoal com o Criador. Em Sua prédica, o Messias ensinou uma “oração modelo” repleta de significado, que, após analisada, nos proporcionará uma profundidade maior acerca do verdadeiro sentido e valor da oração na vida do discípulo.

O que não é oração?

Oração não é um ato de exibicionismo hipócrita. “E, quando orardes, não sejais como os hipócritas” (v.5). Jesus critica a maneira de orar dos fariseus, pois demonstravam ser quem não eram; pois, embora aparentemente expressassem o sentimento de “gosto pela oração”, o faziam com intuito de serem vistos, percebidos, admirados e reconhecidos pelos outros. Eram hipócritas. Achavam-se melhores e mais dignos do que seus contemporâneos, quando, na verdade, eram, nas palavras do próprio Jesus, verdadeiros sepulcros caiados, com aparência de vida piedosa, no entanto estavam mortos espiritualmente. Não foi sem razão que Jesus, em Lucas 18.9-14, propõe a parábola do fariseu e do publicano, na qual revelou as verdadeiras motivações que haviam naqueles corações.

Oração não é um ato de reprodução de palavras sem significado. “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios” (v.7). Os gentios utilizavam em suas orações palavras vãs. Eles tagarelavam (falar além do necessário e comentar frivolidades). Falavam demais, porém sem nenhum significado. Jesus não criticava, necessariamente, a prática da repetição na oração, uma vez que Ele mesmo repetiu sua oração por três vezes, no Getsêmani (Mateus 26.44). Antes, o Senhor condenou a verbosidade daqueles que falam sem pensar. Tais palavras são apenas uma maquiagem, pois visam a demonstrar uma vida próxima de Deus, quando, na verdade, o coração está longe dEle.

O que é oração?

A instrução de Jesus para aqueles que objetivam estabelecer um diálogo com Deus se fundamenta na nova compreensão de que Deus é o nosso Pai amoroso e poderoso: “Pai nosso” (v.9). Sendo assim:

Oração é o reconhecimento e a exaltação dos interesses de Deus como prioridades. “Teu nome [...] Teu reino [...] Tua vontade” (vs. 9,10).

“Santificado seja o teu nome”. O nome de Deus não é apenas uma combinação das letras D-E-U-S. Seu nome representa Sua Pessoa, Seu caráter e Sua atividade. O nome de Deus é uma autorrevelação do próprio Deus. O nome de Deus é Santo. Jesus ensina que Seu nome precisa ser tratado como santo, santificado.

“Venha o Teu reino”. O nosso Deus é Rei e possuidor de um Reino. Ele reina soberano e absolutamente sobre tudo. Não é por acaso que o salmista declara tão perfeitamente em Salmos 24.1: “Do Senhor é a Terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam”. Orar para que o Reino venha é pedir que o mesmo cresça à medida que as pessoas se submetem a Cristo através do testemunho da Igreja, pois o Reino é maior que a Igreja e representa o domínio de Deus em todas as esferas do esforço humano.

“Seja feita a Tua vontade”. Inteligentemente, o apóstolo Paulo declara aos crentes de Roma que a vontade de Deus é “boa, agradável e perfeita” (Romanos 12.2). Ele nos sonda e nos conhece. É conhecedor do passado, do presente e do futuro. Afinal de contas, o tempo é um eterno presente para Ele. Nada foge ao Seu alcance. Tudo que Ele faz é bom. Todos os Seus caminhos são retos, por isso podemos descansar em Sua vontade.

Na primeira parte deste ensino de Jesus, devemos concluir que nossa prioridade não deve ser com o nosso nome, nosso reino e nossa vontade. Precisamos viver para glória do Seu nome, cooperando para Seu Reino e em submissão à Sua vontade.

Oração é a entrega total de nossas necessidades a Ele. “Dá-nos [...], perdoa-nos [...], livra-nos” (vs. 11-13).

“O Pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. Esse pedido não pode ser simplificado apenas ao “pão”. Afinal de contas, o ser humano possui muitas outras necessidades fundamentais para sobrevivência. Jesus nos ensina que Deus tem o interesse de nos proporcionar o necessário para a preservação desta vida. O “pão” aqui se refere às necessidades e não aos luxos da vida.

“Perdoa-nos as nossas dívidas...”. Aqui é evocada a graça do perdão concedida ao pecador. O pecado é comparado a uma dívida, porque merece castigo. Mas o perdão divino cancela a penalidade e anula a acusação que existe contra nós. Ele nos declara justos e santos. Deus perdoa o arrependido. Uma das principais evidências do verdadeiro arrependimento é um espírito perdoador (Mateus 18.23-35).

“Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”. Isto é, o pecador, cujo mal praticado no passado foi perdoado, anseia ser libertado de sua tirania no futuro. Jesus nos ensina a orarmos com a finalidade de vencermos as tentações. A vida cristã é marcada por uma ferrenha batalha entre a carne e o espírito. Todos os dias enfrentamos inúmeras lutas, provações e tentações. Somos levados a transitar entre vales, desertos e montes, porém somente com a ajuda e a presença fortificadora do Espírito Santo em nossa vida podemos nos manter firmes e inabaláveis. Esses três pedidos evocam as três necessidades essenciais do homem: material (o pão nosso), espiritual (perdão dos pecados) e moral (livramento do mal). 

Deixemos de lado o exibicionismo hipócrita da religiosidade, bem como as palavras vazias de significados e sem verdade, e nos aproximemos com ousadia e intimidade do nosso Pai que está nos céus. Tenhamos como prioridade os interesses de Deus. Que nossa vida seja movida pela intimidade com o nosso Senhor através de uma vida de oração. Como afirmou Richard Foster, “orar é mudar. A oração é a principal via usada por Deus para nos transformar. Quanto mais próximos chegarmos do coração pulsante de Deus, mais enxergaremos a necessidade de sermos conformados a Cristo e mais desejaremos isso”. Orai sem cessar! Deus nos abençoe.

Por Rafael Luz.

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