Buscando a excelência no ministério cristão

Buscando a excelência no ministério cristão

O ministério cristão é reconhecidamente um trabalho de grandes responsabilidades. Em consequência disso, as exigências são estritas quanto à escolha e à ordenação de ministros. Algumas exigências dessa escolha transparecem quando da separação do primeiro grupo de diáconos (Atos 6.3).

As Assembleias de Deus no Brasil vivem um período muito fértil em sua história. Grandes multidões aceitam Jesus em nossos cultos e é crescente o número de crentes que afluem para seminários ou cursos teológicos visando ampliar conhecimentos bíblicos e buscar maior capacitação para o ministério. Diante desses fatos, é muito apropriado enfatizarmos os requisitos essenciais para o exercício do santo ministério e quais as implicações de uma possível separação para o mesmo. São muitas as expectativas, os sentimentos, as intenções e motivações envolvidas no processo de ordenação ministerial, bem como os desafios ao serviço e comprometimento com a missão da Igreja.

Vocação ministerial

Todos os membros da igreja são vocacionados para servir a Deus através do desenvolvimento de talentos naturais e através dos dons espirituais (Efésios 4.1). Tal fato é por vezes denominado de “sacerdócio universal dos crentes”. A palavra vocação tem origem no verbo grego “kaleo”, que tem sentido de “chamar”, “reclamar para si”, e “comissionamento”. Portanto, vocação significa “chamada”, “convocação” ou, de forma mais literal, “sair de si mesmo para servir aquele que chamou”. Às cartas paulinas empregam a palavra “kaleo” 29 vezes, “klesis” 8 vezes e “kletos” 7 vezes, quase sempre com o sentido de vocação divina. O obreiro deve estar consciente de que o seu ministério é uma vocação divina e que alcançou não pelos seus próprios méritos, mas através da convicção da sua chamada por Deus (Efésios 3.7; Mateus 4.21).

O líder cristão deve seguir as pegadas de Cristo. Ele nos escolheu, nos chamou, nos consagrou e enviou. Quem é enviado por Cristo não está centrado em si mesmo, mas nAquele que o enviou. O enviado não se deixa guiar por suas próprias ideias, mas pelo Espírito Santo de Deus; não determina todas as coisas, mas discerne a vontade de Deus; não se impõe, mas vive em submissão; não desiste nas dificuldades, mas se apoia no Espírito Santo; não defende sua própria opinião, mas deixa o Espírito falar por ele; não se torna dono, mas servo da ação de Deus.

Vejamos outras qualidades indispensáveis ao que almeja o ministério: que tenha conversão inequívoca (Atos 9.15-22); que seja batizado com Espírito Santo (Atos 2.4; 4.8-3); que o candidato seja dizimista convicto (Lucas 14.33); que o candidato não olhe o ministério como uma profissão; que o candidato possua fidelidade aos princípios bíblicos esposados pela sua igreja (2 Timóteo 3.10,11,14); que o candidato não pertença a nenhuma sociedade secreta; que o candidato não seja portador de doenças mentais; que o candidato saiba relacionar-se com outros obreiros. Nesse relacionamento, é necessário respeito e consideração sem perder a sua identidade visando à cooperação e amor para o engrandecimento do Reino de Deus.

Como servos de Deus, vocacionados, consagrados e comissionados para o trabalho ministerial, somos chamados à renúncia (Mateus 10.3-15), sem a qual haverá muitas dificuldades para o cumprimento do ministério. Vocação não significa a concordância de Deus com os projetos pessoais, mas renúncia a projetos c expectativas pessoais e familiares para servir a Deus.

Receber o comissionamento sem olhar para trás é imperativo, pois não é digno do Reino de Deus o trabalhador que lança mão do arado e olha para trás (Lucas 9.62). É preciso ter fé para renunciar. Teologicamente, a fé é a atitude mediante a qual o homem abandona toda a confiança em seus próprios esforços para confiar em Deus; no sentido bíblico, significa crer e confiar em Deus (Hebreus 11.1).

Outro aspecto a ser lembrado é que a vocação e a nomeação ministerial não liberam a pessoa do estudo e da formação secular. Na escola do Reino de Deus, o aprendizado tem dia para começar, mas não para terminar. Mesmo Paulo, nas proximidades de seu martírio, ainda ansiava por rever os “livros, especialmente os pergaminhos” (2 Timóteo 4.13). Tal dedicação também se refere ao aprendizado secular, uma vez que a composição atual de nossas igrejas bem como a complexidade das relações sociais exige que obreiros possuam alguma espécie de formação generalista. É necessário que nossos aspirantes ao ministério saibam que a influência e prosperidade de um ministério é proporcional à nossa dedicação.

A vida de oração é o nosso alicerce (Marcos 11.23,24). A oração deve acompanhar a vocação, à consagração e ordenação, as nomeações e as ações ministeriais. É indispensável que os aspirantes ao ministério tenham vidas consagradas a Deus em oração. Não podemos cometer o erro de pensar que um crente que não tem uma vida de oração passará a vivê-la através do “estímulo” de uma separação para o ministério.

Quando oramos, obtemos discernimento (sabemos que direção tomar).

Valor e natureza do ministério

O valor de um homem de Deus é dimensionado não apenas pelo seu discurso, mas principalmente por sua espiritualidade e aplicação dos princípios de Deus em sua própria vida.

Não há nenhum problema em alguém almejar o ministério se apresenta pré-requisitos que habilitam o candidato: a família respalda o ministério do obreiro, há disciplina pessoal, organização pessoal, pontualidade, vida financeira equilibrada, hábito regular de estudar a Bíblia etc. O “afrouxamento” nesses requisitos poderá refletir-se num fracasso espiritual e ministerial.

Paulo coloca-se em várias ocasiões como um modelo de disciplina a ser observado (1 Coríntios 9.26,27; Filipenses 4.9; 2 Timóteo 3.10-14). Vivemos em dias de profundas transformações e as necessidades humanas se tornam ainda mais prementes diante dos falsos ensinos, do materialismo, do consumismo desenfreado, da exploração pelos poderosos, da falsa segurança representada por uma vivência de pura aparência e, sobretudo, por uma religiosidade meramente externa.

A Igreja é desafiada frente ao descompromisso e ao esfriamento da fé e do amor como cumprimento do tempo do fim. Faz-se necessário um comprometimento ainda maior, uma dedicação ainda mais sacrifical. É preciso ser destemido e fazer cumprir a chamada ministerial perante tamanhos desafios.

Os ministros são usados por Deus para a edificação da igreja, foram instituídos pelo próprio Senhor (Efésios4.11,12) e não devem ser depreciados, nem idolatrados. É através deles que Deus move os corações dos homens. Então, creiamos que Deus nos ensina pela Sua Palavra, externamente por meio dos seus ministros e internamente pelo mover que opera nos corações dos seus eleitos para a fé pelo Seu Espírito Santo; portanto, devemos atribuir a Deus toda a gloria por todo esse benefício.

No que diz respeito à sua natureza, os ministros são remadores, cujos olhos estão fixos no timoneiro; portanto, são homens que não vivem para si mesmos ou segundo sua própria vontade, mas para 0s outros. Eles são “despenseiros dos mistérios de Deus” (1 Coríntios 4.1). Dentre seus deveres estão o ensino da Palavra e a administração eclesiástica, desdobrados em diversas tarefas, desde a ação pública, na liderança dos cultos e pregação, até as ações particulares, descritas pelos verbos ensinar, exortar, estimular, consolar, confirmar, corrigir, reconduzir, levantar, convencer a igreja unida, evangelizar e participar em atividades de cunho social.

Por, Eli Martins.

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