Pastor Carlos Marchioro

Pastor Carlos Marchioro

Líder da Assembleia de Deus em Rio Branco do Sul (PR) destaca importância do ensino

Pastor Carlos Marchioro nasceu em 16 de agosto de 1933. Aos 21 anos, o descendente de italianos nascido na cidade de Rio Branco do Sul (PR) tomou conhecimento do Evangelho e se converteu em um culto na Assembleia de Deus em Curitiba (PR), então  pastoreada pelo missionário escandinavo Simon Lundgren, em setembro de 1954. Apesar de seus pais não se oporem à conversão  do filho, o jovem foi alvo da indignação e chacota de seus parentes e amigos. Sem saber, o irmão chegou a urdir o encontro entre Carlos e o padre da cidade, a fim de que o novo convertido voltasse aos arraiais da Igreja Católica. Mas, ele permaneceu firme na fé em Cristo.

Quase três anos depois, Carlos Marchioro casou-se, mais precisamente em 29 de junho de 1957, com a irmã Ivanilde Garcia, e do enlace matrimonial nasceram Elizabete, Elioenai e Geisiane. À sua carreira ministerial teve início quando foi consagrado  ao presbitério em março de 1958, em Curitiba. Em 22 de fevereiro de 1966, ele foi ordenado pastor pela Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus do Estado do Paraná. Até então, o município onde morava não tinha um pastor. Mas, quando estava exercendo a sua atividade como barbeiro, ele escutou uma voz que lhe dizia: “Enquanto você trabalha aqui, a minha obra perece!". A partir de então, passou a visitar famílias é à pregar o Evangelho, muitas vezes se deslocando a pé, mais tarde nos lombos de um cavalo e montado em uma bicicleta, depois, com muito sacrifício, em uma Rural de sua propriedade. Assim, pastor Carlos Marchioro fundou a Assembleia de Deus em Rio Branco do Sul, a qual preside até hoje.

Nesta entrevista, o pastor Marchioro fala de suas experiências como novo convertido, como aconteceu a sua chamada ministerial e como a Escola de Educação Teológica das  Assembleias de Deus (Eetad), da qual sua igreja foi a primeira no Brasil a receber uma extensão, surgiu como resultado de uma iniciativa do saudoso missionário norte-americano Bernhard Johnson, um entusiasta do ensino teológico no Brasil.

Como se deu a sua conversão?

Por essa época eu era barbeiro e, certa vez, atendi a um cliente da Igreja Batista, que me anunciou o Evangelho. Sou filho de uma família tradicionalmente católica e nunca tinha tido contato com a Palavra de Deus. Ele me ofereceu uma me deixou muito feliz. Logo, o outro barbeiro que trabalhava comigo percebeu meu interesse pela Bíblia e se revelou evangélico também. Agora, porque ele nunca me contou antes, eu não sei, mas aproveitou para me orientar a ler em primeiro lugar o Novo Testamento, pelo fato de estarmos na plenitude da Graça de Deus. Mais tarde, fui com ele ao culto na Assembleia de Deus em Curitiba, que é próxima à minha cidade. O culto estava sob a direção do missionário Simon Lundgren, também pastor da igreja na época. Quando ele perguntou quem gostaria de aceitar Jesus como Salvador, aceitei o convite. Acontece que era difícil ser crente em Rio Branco do Sul, até porque o número de evangélicos era ínfimo nessa pequena cidade. Passei a ser alvo de todo tipo de brincadeiras e digo que não foi fácil resistir à pressão imposta pelos meus conterrâneos. Sofri perseguição e escárnio, mas tive o apoio de meus pais. Inconformado com a minha conversão, o meu irmão juntamente com a sua esposa, arquitetaram um plano para um encontro entre mim e o padre da cidade, para tentar fazer com que eu voltasse a ser católico.  Ele era católico praticante e por isso convidou o religioso a comparecer em sua casa e, quando nos encontramos, o vigário  perguntou a razão que me levou a abandonar o catolicismo. Na hora, expus a ele algumas questões sob a condição de, se respondidas, eu voltaria para a Igreja Católica. Hoje, eu olho para trás e me pergunto como eu fiz aquele trato com o padre, porque seria algo que eu jamais faria. Fiz isso, talvez, motivado pelo calor do momento. Mas, eu argui o religioso e  pedi para que me provasse na Bíblia que o apóstolo Pedro foi realmente o primeiro papa, que realmente Maria foi assunta ao céu em vida, que o purgatório existia. Enfim, fiz, no total, cinco perguntas. O padre retrucou: “Eu não posso lhe responder, porque eu tenho que pesquisar a Bíblia”. Mas, naquele momento, ele me emprestou dois livros para ler durante o período no qual estudaria a Palavra de Deus e encontraria respostas às minhas perguntas. Voltei para a casa de meu irmão para reencontrar o religioso, mas, durante o longo período de dois meses de espera, finalmente minha cunhada disse que o padre não havia deixado nenhuma resposta, mas pediu os livros de volta, e até hoje as respostas às minhas perguntas não foram respondidas.

Como aconteceu a sua chamada ministerial?

Fui separado para exercer o presbitério em 1958 e, no ano de 1966, fui ordenado pastor. Os trabalhos da Assembleia de Deus que alcançariam Rio Branco do Sul começaram em 1941, no município vizinho de Almirante Tamandaré, tendo uma família como embrião do trabalho, Em 1950, já existia um pequeno grupo de crentes assembleianos, fruto do trabalho evangelístico de jovens que visitavam o interior do município. Esse grupo de crentes ainda era pequeno e ninguém comentava a respeito, e como eu morava no centro, me desloquei para a Curitiba. Com a graça de Deus, fundamos a Assembleia de Deus nesta cidade.

Quais foram os resultados da parceria entre a igreja em Rio Branco do Sul e a Eetad?

Esses estudos beneficiaram e muito a nossa igreja. Eu recepcionei o missionário Bernhard Johnson e sua visita tinha como objetivo a instalação da Eetad em Rio Branco do Sul, em caráter experimental. O resultado foi que nós tivemos vários alunos  que se formaram pela entidade. Fui o primeiro aluno e o primeiro pastor formado na Escola, tendo recebido o diploma das mãos do próprio Bernhard Johnson. Depois, foi a vez de Curitiba e, mais tarde, todo o país teria um núcleo de ensino da Eetad.

Depois de décadas de trabalho, quais os seus planos para o crescimento da igreja em Rio Branco do Sul?

A nossa expectativa é melhorar cada vez mais o nosso saber em Cristo para que tenhamos amplitude na graça e conhecimento de  Jesus Cristo.

Qual a sua avaliação sobre a missão da Assembleia de Deus ao longo de 100 anos de existência?

A Assembleia de Deus é a maior denominação do país e isto se deve ao seu desbravamento evangelístico pelo Brasil, o que gerou seu desenvolvimento em todos os âmbitos; crescimento numérico, mas acompanhado também pelo conhecimento bíblico. Que continue assim.

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