Como o professor de EBD pode ser mais eficiente em sua aula aos pré-adolescentes

Como o professor de EBD pode ser mais eficiente em sua aula aos pré-adolescentes


O professor continua sendo um personagem vital na formação do caráter cristão dos seus alunos e no preparo deles para sociedade e o serviço no Reino de Deus

“Como vencer a timidez?” Essa foi a pergunta de uma aluna da classe de pré-adolescentes durante a aula na Escola Bíblica Dominical. O assunto abordado era sobre dons e talentos a serviço do Reino de Deus. A jovem não justificou a pergunta, apenas sentiu a necessidade de fazê-la, o que me fez entender que a incomodava muito. Após alguns minutos analisando o contexto, respondi: “Servindo!”

Os olhos arregalados da garota e de todos os que estavam ao redor me pediam uma explicação, então imediatamente propus o seguinte questionamento: “Você já viu um professor tímido? Ele continuamente está em sala de aula, diante de várias pessoas, transmitindo conhecimento e sempre com o poder da fala. Você já viu um pregador tímido? Por mais que ele esteja, ali no púlpito, nunca vai demonstrar porque sabe que sua dependência está no Senhor”.

Eu poderia parar a resposta por aqui e seguir a lição adiante. Mas, para o pré-adolescente, essa resposta seria apenas o começo. Explicar a parte técnica não é uma opção, mas precisa ser mencionada. Hoje em dia, existem várias estratégias de oratória, inclusive cursos rápidos que podem ajudar uma pessoa a se apresentar de forma excepcional. No entanto, como dizer isso a um pré-adolescente com desejo de fazer algo a mais na igreja? Ela e os colegas na turma precisavam de uma orientação, um caminho a seguir.

Sabemos que os adolescentes têm o desejo de se agrupar e precisam desenvolver suas habilidades recém-descobertas. E é exatamente nessa fase, deixando o infantil e iniciando a adolescência, que os “pré” se encontram. Dentro da igreja sempre temos uma turma disposta a contribuir na obra, uns com aquele desejo de se tornar cantor, outros com o dom da liderança, e tem ainda aqueles mais tímidos nos cultos. Nessa fase, precisamos estimular os alunos a desenvolver seus dons, a compartilhar com os amigos e a aperfeiçoar os talentos.

Assim como Jesus nos ensina através das parábolas, precisamos apresentar modelos próximos à realidade dos pré-adolescentes. Com isso, a figura do professor, seguindo pelo voluntariado dos irmãos na igreja, foram minhas estratégias para a resposta. “À medida que uma pessoa se disponibiliza a participar de algum departamento, ela já está servindo” – justifiquei à jovem. Cantando em grupo ou individualmente, orando em comunhão com os demais integrantes, lendo a Palavra de Deus em voz alta, estes são atos de serviço e um passo a mais para a autoestima ganhar a luta contra a timidez.

Servir é uma lição bíblica que vai além de suas atribuições; é uma ordenança do próprio Deus quando nos diz para amar o próximo. Como está escrito em Mateus 20.28: “Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Servir ao Senhor nos faz crescer, vencer as barreiras da timidez, ser alguém melhor, com confiança e autoestima elevadas.

Ao concluir a resposta, percebi os olhares dos alunos diferentes. Afinal, eles já estavam servindo, mas ainda tinham vergonha. O apóstolo Paulo ensina ao jovem Timóteo: “Deus não nos concedeu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (1 Timóteo 2.7). Enfrentar a timidez servindo a Deus e aos irmãos na igreja é o remédio.

Outra estratégia para ganhar a confiança e a atenção dessa turma é contar sua própria história. Eles amam ouvir as experiências dos professores, principalmente quando se conectam com suas próprias vidas. Quando descobri que relatar experiências chamava a atenção dos meus alunos, isso trouxe um elo maior. Às vezes, apenas para despertar a curiosidade, eu começava um pequeno relato e não terminava, de propósito, para ver a reação. E sempre aparece aquele que diz: “Tia, termina a história!”

Precisamos da resposta do outro. Ao compartilhar suas vivências, o professor deve esperar algo em troca. Então, sempre pergunte aos alunos: “Isso já aconteceu com vocês?”. A troca sincera fará eles ganharem confiança e estímulo para se abrirem e compartilharem o que pensam, a forma como têm aprendido as lições e como irão aplicar em suas vidas.

A minha experiência em sala de aula, mais especificamente na Escola Bíblica Dominical, produziu em mim grandes mudanças. De uma menina tímida, passei a ser professora, aplicando as próprias técnicas com uma dosagem de autoestima e ousadia do Espírito Santo. O planejamento das aulas, os cursos oferecidos pela igreja e as oportunidades para ministrar fizeram e ainda hoje fazem algo surpreendente. Acredito que todo cristão tímido consegue usufruir desse milagre.

Foi assim com Moisés que, mesmo dotado de dons e talentos, e educado em toda a ciência dos mestres no antigo Egito, também tinha essa timidez. Fato expresso por ele mesmo a Deus, registrado em Êxodo 4.10: “Ó Senhor! Nunca tive facilidade para falar, nem no passado nem agora que falasse a teu servo. Não consigo falar bem!”. Mas a resposta foi contundente: “Disse-lhe o Senhor: “Quem deu a boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concedeu vista ou torna o cego? Não sou eu, o Senhor? Agora, pois vá, eu estarei com você, ensinando-lhe o que dizer” (vv. 11 e 12).

Diante desse exemplo, nós, cristãos, precisamos abrir a porta da disponibilidade, estar aptos para servir e se preparar à luz das Escrituras. O exemplo do professor dentro e fora de aula é muito importante. Uma vez conectados pelo elo da Escola Bíblica Dominical, em todos os cultos vocês serão vistos como professor e aluno. Estimular essa geração a desenvolver habilidades, descobrir talentos e usá-los à serviço do Reino de Deus faz parte da nossa missão enquanto educadores. Devemos conduzi-los à obra de Deus com amor e responsabilidade para garantirmos um futuro como servos bons, fiéis e ousados no Espírito Santo.

por Leonarda Barros

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