A Palavra e os relacionamentos em família

A Palavra e os relacionamentos em família

Nesta edição do jornal Mensageiro da Paz, nosso entrevistado é o veterano pastor Elienai Cabral. Consultor Doutrinário e Teológico da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus (CGADB), membro da Casa de Letras Emílio Conde, teólogo e escritor de diversas obras publicadas pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), como comentarista da revista Lições Bíblicas Adultos da editora do segundo trimestre deste ano, ele aborda nesta conversa alguns pontos do tema geral da revista, que tratará sobre “Relacionamentos em família: superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus”.

Nesses últimos anos, temos tido um recrudescimento dos ataques contra a família tradicional. Logo, gostaria que o senhor falasse sobre a importância dessa lição no atual contexto.

Especialistas em assuntos de família escreveram e comentaram Lições Bíblicas de Escola Dominical sobre esse assunto, entre os quais Estevam Ângelo de Souza, Elinaldo Renovato e outros mais. Nessa oportunidade, me foi sugerido alguns temas que tratam de problemas da vida íntima das famílias. Os temas trazem à tona histórias bíblicas de famílias que enfrentaram problemas de ciúme, inveja, rebeldia de filhos, idolatria, displicência na criação de filhos, mentira nas relações conjugais e familiares, incesto, adultério, traições e outros assuntos mais. Creio que essa revista irá confrontar problemas antigos que se repetem na atualidade. Está na natureza humana pecaminosa a tendência para a prática desses pecados, mas que podem ser evitados, confessados e anulados da vida das pessoas dentro da família.

Temos na Palavra de Deus inúmeros exemplos de pais que acertaram e falharam na criação dos filhos. Que princípios bíblicos gerais o senhor ressaltaria para uma boa criação dos filhos?

A Bíblia não esconde os problemas e as falhas humanas dos seus personagens. A ênfase dessa revista está nos bons e maus exemplos de pais na criação de filhos. Em cada uma das lições, temos os exemplos registrados nas Escrituras que nos ensinam o que podemos fazer e o que não devemos fazer. Naturalmente, todos os pais cristãos almejam ser melhores pais para seus filhos. Quando se decide educar os filhos nos princípios da Palavra de Deus, sem dúvida se obterá resultados positivos.

Todo ser humano em algum momento pode sofrer de ciúmes ou inveja. Logo, de que maneira podemos controlá-los?

Na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, na língua hebraica, a palavra ciúme aparece como qináh, com o sentido de zelo por algo que não lhe pertence, mas que se deseja ardentemente (Gênesis 26.14; 30; 37.11); mas, também com o sentido negativo de paixão em relação a outra pessoa, no caso de marido e esposa (Números 5.14,15,29). Tal paixão pode ser podridão para os ossos (Provérbios 14.30). No Novo Testamento, o sentido de ciúme pode ser entendido como um sentimento causador de problemas sociais na igreja local (1 Coríntios 3.3), bem como, na vida conjugal. O termo grego phthonos aparece também como inveja. Na lição da revista de Escola Dominical do 2º trimestre deste ano, vemos que a inveja dos irmãos de José, filhos de Jacó, surgiu pela atitude preferencial do velho pai por seu filho José. O ciúme ou inveja dentro da família fere emoções, provoca mágoas e rancores. Para controlar o ciúme é preciso cultivar o fruto do Espírito (Gálatas 5.22,23).

A Bíblia afirma que o sacerdote Eli e o profeta Samuel não tiveram êxito na educação dos filhos. É verdade que Eli tinha suas falhas, mas qual a razão de pais zelosos na Obra de Deus, como foi o caso de Samuel, às vezes não serem vitoriosos na missão de criação dos filhos?

O sacerdote Eli e o profeta e sacerdote Samuel foram homens tementes a Deus e fiéis no exercício de seus ministérios na vida do povo de Israel. Entretanto, como chefes de família e como pais, eles não souberam administrar suas casas. Na verdade, ambos foram relapsos com os filhos, porque não tinham tempo para cuidar deles e de suas almas. Os dois eram extremamente zelosos com os assuntos espirituais do Tabernáculo, mas esqueceram dos filhos, que, a despeito de fazerem parte das responsabilidades sacerdotais, agiam com total desrespeito às coisas sagradas, sem que seus pais soubessem de seus comportamentos. É lamentável que, em nossos tempos atuais, pastores tenham a mesma ideia de que a responsabilidade maior de um pastor é com a igreja e que a família vem em segundo lugar em sua vida pessoal. Geralmente, deixam a responsabilidade de criação e disciplina com a esposa, obrigando-as a fazerem o trabalho que é pertinente a eles. Antes de sermos pastores das famílias da igreja, devemos ser pastores e assumir a responsabilidade paternal dos nossos filhos. Esta é uma das razões por que tantos filhos de pastores se tornam rebeldes e não permanecem na igreja. A Bíblia é bem explícita quando declara que o ministro do Evangelho deve governar bem a própria família. A situação dos filhos de Eli era muito séria, pois eles já eram sacerdotes, mas “não conheciam ao Senhor” (1 Samuel 2.12). A história demonstra que nem Eli, nem Samuel, passaram para seus filhos o conhecimento do Senhor, Seus mandamentos e leis, por isso tiveram que amargar com as consequências dos pecados de seus filhos.

Hoje em dia já existem instituições de ensino com banheiros inclusivos e ensinos moldados no secularismo. Como deve ser o procedimento dos pais cristãos nesse ambiente contaminado?

O problema ético da educação sexual e da moral relativista é uma realidade secular. A implantação de “banheiros inclusivos”, que podem ser usados por meninos e meninas, é uma distorção de valores. A ideia da “ideologia de gênero” trata a sexualidade humana de forma plural. Os ativistas da ideologia de gênero desenvolvem uma doutrinação massiva, especialmente sobre nossas crianças nas escolas públicas. A identidade de gênero refere-se à orientação sexual e, segundo a ideia dos que promovem essa ideologia, classifica-se o gênero humano como “plural”. Afirmam os defensores dessa ideologia que “o ser humano tem múltiplas capacidades de se envolver afetiva e sexualmente”, como aponta a psicóloga Marisa Lobo. Porém, quando escolas públicas criam “banheiros inclusivos”, estão, de fato, confundindo a mente de nossos filhos com a ideia de que não há diferença biológica e que todos nós somos iguais. A Igreja de Cristo tem um papel importante na educação cristã, quando ensina e orienta os pais sobre o dever de doutrinar seus filhos acerca dos valores morais e espirituais. É dentro dos lares que são ensinados esses valores e, depois, também na igreja, através da Escola Dominical. Os pais, fiéis a Deus e aos princípios da Sua Palavra, não devem aceitar essas imposições corruptas do mundo, especialmente das escolas onde seus filhos estudam. Ensinem, antes de tudo, em casa aos seus filhos e mostrem a eles quem são: se meninos, meninos; se meninas, meninas. Essa interferência diabólica de políticos e falsos educadores deve ser rechaçada. Essa educação subversiva da ideologia de gênero não pode impor aos nossos filhos nem desrespeitar as famílias dos seus valores sagrados.

A saúde emocional é tão importante quanto a saúde física. Logo, como a família deve agir para que seus membros sejam aptos emocional e espiritualmente para não se contaminarem com as ofertas deste mundo?

No mundo científico da Psicologia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde emocional pode ser definida como “um estado de bem-estar onde o indivíduo realiza suas próprias habilidades, lida com os fatores estressantes normais da vida, trabalha produtivamente e é capaz de contribuir com a sociedade”. Do ponto de vista cristão, a saúde emocional de uma família tem a ver, antes de tudo, com a saúde espiritual dos pais, os quais devem possuir um bom fundamento bíblico em que valores como amor, sinceridade, generosidade, paciência e compartilhamento estejam presentes no dia a dia da família. Os desajustes emocionais acontecem quando pais e filhos não possuem boa comunicação entre si. Os pais devem estabelecer convicções espirituais de modo que o comportamento de todos dentro de casa seja compatível com os princípios da Palavra de Deus para nortear a vida dos membros da família.

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