Dois erros centrais de quem defende o ensino sobre maldição hereditária é que 50% é fundamentado em experiências e 50% fundamentado em textos bíblicos mal interpretados. Vejamos as 10 razões para não crer em maldição hereditária:
1) Porque a punição divina de Êxodo 20.4,5, principal texto utilizado
pelos defensores deste ensino, está ligada apenas ao pecado de idolatria, mas
no ensino corrente de maldição hereditária é qualquer pecado. Além disso, há um
contraste no texto entre o alcance do juízo e o alcance da misericórdia. É enfatizado
que a misericórdia é muito maior e é nela que reside o prazer de Deus (Tg
2.13). Lembrando que as únicas maldições que de fato se realizam são as que o
próprio Deus emite. Os textos de Gênesis 12, Êxodo 20 e Deuteronômio 11.26-28;
27-28 mostram isso.
2) Porque a expressão “até a terceira e quarta geração” não aponta
para algo que levaria séculos para acontecer, mas, sim, porque naquele período
e cultura, as famílias eram constituídas logo cedo e o patriarca geralmente via
até a terceira e quarta geração sua, e viviam com elas. Quando Deus fala de castigar
essas gerações, refere-se à abrangência da família vivente a ser punida e não
primariamente à sucessão temporal de uma geração após a outra. Era um alerta
que visava gerar temor de cair em tal prática pecaminosa de idolatria, pois levaria
toda a família a esse pecado e, por consequência, todos iriam ser castigados no
presente momento de uma vez, se todos estivessem na prática desse pecado.
3) Porque o texto de Êxodo 20.4,5 foi mal entendido pelo povo
no cativeiro babilônico, mas Deus corrige a má interpretação dele em Ezequiel
18.2-4,20. O referido texto mostra claramente que Deus pune o pecado de cada um
na própria pessoa que o cometeu e não pune os filhos de uma geração pelos
pecados que seus pais cometeram noutra época. A maldição está vinculada à
desobediência a Deus (Deuteronômio 11.26-28). Ela só vem se houver esta causa
legal (Provérbios 26.2).
4) Porque nos livros de Reis e Crônicas, vemos que não
existe de fato tal coisa de maldição hereditária, pois ora havia reis bons, ora
havia reis maus que eram filhos de reis bons e vice-versa. Não tem como ver uma
coisa ligada à outra, pois, se assim fosse, os reis bons só gerariam reis bons
e os maus reis, reis maus. Isso não ocorria em todos os casos de mudanças de
reis.
5) Porque Deus é justo. Romanos 14.12 diz que cada um dará
conta de si mesmo a mesmo Deus; Gálatas 6.7 diz que o homem colhe o que planta;
Lamentações 3.39 diz que o homem deve queixar-se apenas dos seus próprios
pecados; em Gênesis 12.3, Deus disse que amaldiçoaria quem amaldiçoasse a
Abraão; em Deuteronômio 27-28, Deus promete amaldiçoar Israel, se o povo
pecasse continuamente. Em nenhum momento nós veremos Deus prometendo maldição
hereditária, pois isso não condiz com o caráter justo dEle.
6) Porque Deus é soberano. Em João 9.1-3, vemos que o homem era
cego não por pecados dele ou de seus pais, mas para que nele se manifestasse a
glória do Senhor. Deus permite e decreta situações negativas para que redundem
em glória maior para Ele, e essas situações negativas não estão ligadas
necessariamente a pecados cometidos (Êxodo 6.1-8).
7) Porque Cristo quebrou todas as maldições. Cristo se tornou
maldito em nosso lugar (Gálatas 3.13); nEle não temos mais condenação (Romanos
8.1); nEle tudo se faz novo (2 Coríntios 5.17); nEle nós estamos abençoados (Efésios
1.3), de modo que o maligno não nos toca (1 João 5.18,19), não nos amaldiçoa (Números
23.20,23) e Deus nos guarda em Seu esconderijo (Salmos 91.1-10). Portanto, “se
Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31). Alegar maldição
hereditária é diminuir e distorcer a obra da salvação realizada por Cristo.
8) Porque em muitos casos confunde-se herança genética com
herança espiritual. Herdar problemas de saúde dos pais é comum, agora afirmar
que esses problemas são decorrências espirituais é onde reside o erro (1 Timóteo
5.23).
9) Porque os apóstolos nunca ensinaram e/ou praticaram tal ensino
no Novo Testamento, mas antes sempre reforçaram a suficiência da salvação em Cristo
para libertação de toda condenação (1 Coríntios 6.10,11; 2 Coríntios 5.17; Romanos
8.1).
10) Porque nem as bênçãos e nem as maldições são automáticas
na vida de alguém. Ter nomes pagãos em nada fará uma pessoa sofrer ou ser
abençoada. Na Bíblia, temos pessoas boas com nomes de significado negativo, como
Apolo, por exemplo, que significa “destruição”, mas ele foi um pregador do
Evangelho. Também nós temos pessoas más com nomes bons, como Absalão, por
exemplo, que significa “pai da paz”, mas foi rebelde e maldoso.
Deus é o único que pode abençoar ou amaldiçoar de fato. Ele é
o único que everte maldição em bênção (Números 23; Neemias 13.2) e reverte
bênção em maldição, se assim lhe aprouver (Malaquias 2.2). A única maldição
hereditária que existe é o pecado original, que passa de pai para filho. O
ensino de maldição hereditária diminui e distorce doutrinas básicas da Teologia
Sistemática, que, se forem devidamente estudadas de acordo com a Bíblia,
levarão tal ensino a ser, de pronto, reprovado: a Doutrina da Salvação, a Doutrina
do Pecado, a Doutrina do Ser de Deus (ou Teontologia), a Doutrina das Últimas
Coisas (Escatologia) etc.
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