As Cinco Solas da Reforma Protestante

As Cinco Solas da Reforma Protestante


As cinco solas são princípios que representam a chave de cada doutrina central da Reforma Protestante e se relacionam contrapondo os ensinos da Igreja Católica Romana no século 16

Há muitas explicações sobre as Cinco Solas da Reforma Protestante: sola Scriptura, sola fide, sola gratia, solus Christus e soli Deo gloria (somente a Escritura, somente a fé, somente a graça, somente Cristo e somente a glória de Deus). Há quem as considerem como brado de guerra da Reforma contra os abusos teológicos da Igreja Católica; outros, como slogan da Reforma; e outros ainda, como pressupostos hermenêuticos para se ler a Escritura. Vanhoozer vê esses cinco princípios, tomados em conjunto, como a “primeira teologia do cristianismo protestante puro e simples”! Na verdade, as solas são princípios que representam a chave de cada doutrina central do referido movimento e se relacionam contrapondo os ensinos da Igreja Católica no século 16.

A Reforma e os reformadores

A data inicial da Reforma Protestante é 31 de outubro de 1517, quando Martinho Lutero (1483-1546) afixou na porta da catedral de Wittenberg as 95 teses, as quais condenavam os abusos do sistema de venda de indulgências. Elas eram 95 propostas de mudanças. É importante notar que, nesse momento, Lutero era um teólogo católico romano sem a menor intenção de provocar uma divisão dentro da Igreja; ao contrário, esperava colaborar para que ali ocorressem mudanças. Todas as tentativas de reforma da Igreja anteriores a Lutero vieram de dentro da instituição, mas seus precursores foram compelidos a deixar (1) velha instituição religiosa. Paul Tillich considera Martinho Lutero o ponto decisivo da Reforma e da História da Igreja, não pelo luteranismo que ele iniciou, nem pela sua teologia, pois muitos contribuíram para sua formulação, inclusive Felipe Melanchton, mas pela ruptura. Aí está a sua grandeza: “O único homem que realmente conseguiu essa ruptura, e com ela transformou a face da terra, foi Lutero”. (2) Ele abriu o caminho que outros reformadores pavimentaram.

Em várias partes da Europa, desde os séculos 14 e 15, observavam-se manifestações contra a hierarquia eclesiástica e o sistema doutrinário da Igreja Católica. Lutero chegou a abeberar-se em algumas delas. Logo nos primeiros anos, a Reforma na Alemanha encontrou adesões e simpatizantes em vários lugares. Muitos desses movimentos foram influenciados por Lutero em vários graus; alguns discordavam em determinadas questões, mas concordavam em outras.

Na Suíça, os questionamentos começaram com Zuínglio (1484-1531), na cidade de Zurique, em 1519. Seu objetivo inicial era uma reforma ética da igreja, mas logo foi incluído em seu programa de reforma a crítica à teologia da igreja da época. “Ulrico Zuínglio teve importância fundamental para o início da propagação da Reforma, especialmente no leste da Suíça”. (3) Segundo Paul Tillich, Zuínglio era um humanista cristão e um cristão humanista, tendo mantido amizade com Erasmo de Roterdã até o fim de sua vida. Cairns considera-o o mais humanista de todos os reformadores. (4)

Ainda na Suíça, na cidade de Genebra, a Reforma que deu origem ao calvinismo começou oficialmente em 1536. João Calvino (1509-1564), líder da Reforma em Genebra, foi expulso da cidade juntamente com Guilherme Farel (1489-1565) em 1538, se exilando em Estrasburgo, França, e retornou para assumir definitivamente a liderança em Genebra em 1541. Durante o período da Reforma na Alemanha e na Suíça, surgiram vários movimentos que se desenvolveram posteriormente. Entre eles, os anabatistas, ou Reforma radical, que teve início em 1525, em Zurique, com Conad Grebel, George Blaurock e Félix Manz. Seus expoentes questionavam algumas ideias de Lutero e Zuínglio sobre a Igreja e o Estado. Eles negavam a validade do batismo infantil, opunham-se com vigor à ideia de uma Igreja do Estado que os reformadores magistrais apoiavam; e, além disso, procuravam seguir a prática do Novo Testamento. O termo “anabatistas” significa “rebatizadores”. Mas, a palavra era considerada inadequada, pois, para eles, essa prática não era um rebatismo, já que o batismo infantil não tinha validade bíblica e essa não era a única doutrina distintiva deles.

O outro movimento da reforma é o da Igreja Anglicana, na Inglaterra, conhecida como Igreja Episcopal em outros países. Essa reforma aconteceu de maneira muito diferente do continente. Suas peculiaridades principais são a ausência de um líder religioso forte como Lutero, Zwínglio e Calvino e também por ter se iniciado como movimento político, sob o controle do rei da Inglaterra, Henrique VIII (1509-1547). Sua importância foi significativa por causa de sua vasta extensão decorrente da colonização inglesa, que contribuiu para que o evangelho fosse anunciado por todo o mundo.

As Cinco Solas

É importante notar que, embora as solae (latim) ou “solas” (em português) não tivessem sido estruturadas sistematicamente antes do século 20, o significado delas aparecem nos escritos dos reformadores do século 16. Em 1916, Theodore Engelder, teólogo luterano, publicou um artigo intitulado: “Os três princípios da Reforma: sola Scriptura, sola gratia, sola fídes”. A expressão conjunta sola gratia e sola fide, sim, foi utilizada por Filipe Melanchton, em 1554, doze anos depois da morte de Lutero: sola gratia iustificamus, et sola fide iustificamur, “somente pela graça nós justificamos e somente pela fé nós somos justificados”. O teólogo Emil Brunner, em 1917, acrescentou o solus Christus, mas antes ele havia substituído a sola Scriptura por soli Deo gloria.

Sola Scriptura é a forma latina do princípio “somente as Escrituras”. Isso significa que a Bíblia é a única regra de fé e prática para a vida cristã e é por meio dela que podemos conhecer a Deus e entender a Sua vontade (2 Timóteo 3.14-17). Martinho Lutero retomou algumas ideias dos precursores da Reforma, entre elas a autoridade das Escrituras. Lutero, Zuínglio, Calvino e os demais reformadores estavam de acordo no que diz respeito à autoridade singular das Escrituras. Mas, o que isso significa? Nessa questão, havia entre eles diferenças, ainda que periféricas.

Os reformadores examinaram a tradição da Patrística e da Idade Média, submeteram-na às Escrituras Sagradas e adotaram apenas o ensino que eles consideravam ter fundamentação bíblica; afinal, a sola Scriptura é outro tema básico da Reforma. A tradição podia ser aceita se ela estivesse de acordo com a Palavra de Deus. Até mesmo alguma posição dos papas, desde que de acordo com as Escrituras, era aceita. Pois, nesse caso, a autoridade não era da tradição e nem dos papas, mas das Sagradas Escrituras. O que todos os reformadores estavam de acordo era o fato de a Palavra de Deus estar acima da Igreja e de ela ter autoridade sobre da Igreja e de ela ter autoridade sobre a Igreja e seus sacerdotes e ministros, e não como vinha ensinando o catolicismo, de que a autoridade da Igreja estava sobre a Palavra de Deus.

Outro ponto sobre o assunto diz respeito ao método de interpretar as Escrituras. Essa discussão vinha desde a Idade Média, conhecido como quadriga, “o sentido quádruplo”, ou seja, a interpretação do sentido literal e os outros três métodos não literais: o sentido alegórico, o que se deve crer; o sentido tropológico, ou moral, o que se deve fazer; e o sentido anagógico, referente à esperança, a ter esperança. O sentido literal prevaleceu, Lutero adotou o método literal histórico gramatical.

Lutero e Melanchton estiveram com Zuínglio e seu companheiro de ministério, Ecolampádio, em 1529, em Marbugo, sob os auspícios de um príncipe protestante, da Alemanha, para a unificação desses movimentos. O ponto crucial da diferença entre os grupos era a presença ou a ausência do corpo físico de Cristo na Ceia do Senhor, pois Lutero enfatizava a interpretação literal das palavras: “Este é o meu corpo”. Zuínglio, por outro lado, alegava que um corpo físico não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Houve consenso em 14 pontos, menos nesse. Não houve unificação, mas um acordo de respeito mútuo.

Segundo Lutero, “somente a Escritura é autoridade capaz de decidir em casos de controvérsias de doutrina”. Para ele, “a Escritura nunca erra. Por isso, ela é a única incondicional”. Diz ainda: “De forma incondicional, só podemos confiar na Palavra de Deus e não nos ensinos dos pais; porque os professores podem errar, e eles têm errado”. (5) Lutero enfatizava a confusão e a incoerência da teologia medieval, razão pela qual “tendia a defender o princípio da sola Scriptura”, segundo McGrath. (6) Zuínglio escreveu em 1522: “A base da nossa religião é a palavra escrita, as Escrituras de Deus” (7) Mas, o reconhecimento da autoridade da Bíblia, segundo Zuínglio, era diferente da de Lutero. A prioridade que Lutero dava às Escrituras sobre a tradição era resultado de sua própria experiência, da luta espiritual quando era monge católico, ao passo que o reformador suíço se aproximou “das Escrituras como um humanista cristão. O retorno de Zuínglio à Bíblia foi parte do retorno geral para as fontes, ad fontes, ‘às fontes’, ou seja, ‘de volta às origens’, que caracterizou o movimento humanista”. (8) A agenda literária e cultural do humanismo poder ser resumida no lema ad fontes. Era a volta aos antigos textos clássicos greco-romanos e isso se estendia os textos nas línguas originais das Escrituras. O interesse de Lutero era o retorno ao Cristianismo do Novo Testamento.

As atividades intelectuais de Calvino eram mais humanistas, mas diferentes do humanismo de Zuínglio. Segundo Calvino, a autoridade das Escrituras baseia-se no fato de que “os escritores bíblicos eram ‘secretários do Espírito Santo.’” (9) Ele declara nas Institutas: “Portanto, seja este um inabalável axioma: não se deve ter outra Palavra de Deus, a que se dê lugar na igreja, senão aquela que se contém, primeiro na Lei e nos Profetas, então nos Escritos Apostólicos; nem outro modo de ensinar a igreja corretamente, senão aquele prescrito e normativo dessa Palavra” (Institutas, Livro 4, capítulo IV.8).

Sola fide, “somente a fé”, ou “somente pela fé”, é a doutrina da justificação pela fé; sola gratia, “somente a graça”, quer dizer que a salvação não é obra humana; e termos ainda solus Christus, “somente Cristo”, ou in Christo, “somente por Cristo”. Esses três princípios estão intimamente interligados. O historiador Geoffrey Elton menciona sola gratia e sola fide como um só termo. Esses princípios resumem uma resposta de Lutero ao clero católico romano sobre a penitência e as indulgências. Não somente Lutero, mas também os demais reformadores do século 16 estavam alinhados contra esses dogmas católicos.

A justificação dos nossos pecados só é possível por meio da fé, não existe nenhuma boa obra que possamos fazer para conquistá-la ou merecê-la (Romanos 3.28). A epístola aos Romanos foi realmente o “caminho de Damasco” para Martinho Lutero. Em algum momento nesse período, ele se deparou com o texto de Romanos 1.17: “O justo viverá da fé” Segundo Lutero, essa fé é o relacionamento pessoal do ser humano com Deus, era “nada mais do que a aceitação da graça”. Ele descobriu que a justiça de Deus é a causa de nossa salvação, “não se deve entender por justiça uma qualidade divina, mas um dom de Deus pelo qual somos justificados por meio da fé no evangelho”. A salvação pela graça mediante a fé que Lutero descobriu na Palavra de Deus é um dos seus maiores legados. Foi com a descoberta da graça de Deus, de que a salvação não vem das obras, mas é um dom de Deus, que Lutero abriu a estrada que os demais reformadores pavimentaram. Isso faz dele o fundador da civilização protestante. A justificação foi o tema central da Reforma na Alemanha, doutrina que passou a ser posteriormente um dos princípios básicos do protestantismo.

A sola gratia é o tema mais controvertido das cinco solas e em razão das diversas maneiras como se interpreta esse princípio. Agostinho de Hipona mudou o seu pensamento sobre a doutrina da graça de Deus durante o seu confronto com pelagianismo. Ele restringiu a graça de Deus. Na percepção dele, se a graça é um presente de Deus que vem da liberalidade ou benevolência divinas, Deus a oferece a quem quiser. Assim, Agostinho entende que a graça não é para todos, esse presente de Deus seria somente para alguns escolhidos e o resto da humanidade fica de fora, sem a oportunidade de se chegar a Deus. Gostaria de ressaltar que nós, assembleianos brasileiros, discordamos desse pensamento agostiniano, porque tal doutrina não tem sustentação bíblica (Ver Declaração de Fé das Assembleias de Deus, nova edição de 2025, VII. 3,6).

Agostinho, uma vez sepultado, teve os escolásticos para desenvolver uma filosofia agostiniana, e João Calvino, por sua vez, era o maior perito na Europa no tocante ao agostinianismo (cujos princípios seguia), assim como em todo o restante da Patrística. Há o calvinismo registrado nas Institutas da Religião Cristã e o calvinismo eclesiástico e “governamental” do Sínodo de Dort, reduzido a definições teológicas e compactadas e desenvolvidas em polêmica contra os Cinco Pontos levantados pelos Remonstrantes, que se definiram como arminianos. Rejeitamos as formulações de Dort, pois um Deus cujas intenções podem ser definidas e determinadas pelos filósofos e teólogos parece um pouco pequeno! Ele não cabe num microscópio. Deixemos que Deus fale por meio da Bíblia, mediante a unção do Espírito Santo, à alma fiel e obediente!

O termo “graça” significa literalmente “favor imerecido”, o favor divino do qual não somos merecedores. A salvação é gratuita e oferecida por Deus por meio de Jesus Cristo e não depende de nós mesmos, não a merecemos, mas Deus a concede porque ama a humanidade (Romanos 3.24). Somente pela graça é possível se chegar a Deus, isso é um ato soberano da graça e da bondade de Deus. É a misericórdia divina que leva as pessoas ao arrependimento (Romanos 24). A cooperação humana no ato da salvação não passa se não do ato de decidir, e isso não é mérito, pois isso vem do Espírito Santo (Apocalipse 22.17), é o que teologicamente se chama sinergismo, o oposto da ideia monergista.

Solus Christus, “somente Cristo”, é uma afirmação de que Cristo é o único mediador entre Deus e a humanidade. Era ensinado pelo clero romano que os santos € os mártires foram melhores do que precisavam ser para a sua própria salvação, e Jesus, como Deus em forma humana, imaculado, totalmente isento de pecado, possui uma reserva ilimitada de méritos. Esses méritos excedentes da virgem Maria, dos demais santos e do próprio Cristo constituem um tesouro disponível e transferível a todo aquele com dívida atrasada: “A transferência é executada por meio da igreja e, em especial, por meio do papa, a quem, como sucessor de São Pedro, foram confiadas as chaves para prender e para soltar. Essa transferência de crédito era chamada de indulgência”. (10) A reação da Reforma, então, foi enfatizar que o Senhor Jesus Cristo é o único Salvador do mundo, a salvação só é possível por meio dEle, Jesus é o único que pode interceder pela humanidade inteira, pois veio ao mundo e viveu sem pecado algum, se entregou para que nossas iniquidades fossem perdoadas (João 14.6; Atos 4.12).

A visão que Lutero tinha a respeito de Deus e Cristo se baseava no pensamento escolástico muito em voga na Idade Média sobre o pecado. Lutero convivia com essa ansiedade diante da culpa e da ameaça da condenação. Vivia com medo do Deus ameaçador, do Deus punitivo e destruidor. Como se livrar da culpa? Como achar misericórdia? Essa ideia medieval se revela em Lutero, pois ele partia do princípio de que Deus era um ser intolerante e inclinado ao capricho. Essa interpretação o esmagava, pois, para ele, a “justiça de Deus” significava “um Deus justo que age com justiça para punir o injusto”. Ele contemplava o Cristo como um juiz sentado sobre o arco-íris para condenar “os pecadores.

Calvino usou munus triplex, um termo latino que significa “o tríplice ofício” e se refere à doutrina dos três ofícios de Cristo: Profeta, Sacerdote e Rei. São os ofícios mais importantes do Antigo Testamento, mas o Senhor Jesus é muito mais que tudo isso. A Bíblia ensina textualmente que Jesus exerceu todas essas funções. Isso significa que não precisamos mais de profetas para recebermos a revelação, não necessitamos mais de sacerdotes para fazer expiação pelos nossos pecados e para mediar a nossa salvação, e não será necessário mais nenhum rei para governar a igreja.

Soli Deo gloria significa “somente a Deus a glória”. A soberania de Deus ocupava lugar central no sistema de Calvino e não a predestinação, segundo Paul Tillich. A salvação é obra de Deus, da Trindade, do Pai, do Filho e do Espírito Santo (1 Pedro 1.2). Isso deixa de fora todo o esquema dos católicos romanos como o tesouro de méritos e as indulgências.

Uma vez analisados esses pressupostos teológicos da Reforma, percebemos, portanto, que as Cinco Solas são princípios gerais fundamentados nas Escrituras e que representam a chave de cada doutrina central do referido movimento reformador. Esses pontos contrapõem “os ensinos da Igreja Católica no século 16. Nós, assembleianos, professamos, em linhas gerais, “os cinco princípios da Reforma, no modus operandi dessas solas. Mas isso não significa que sejamos reformados."

Referências

(1) VANHOOZER, Kevin J. Autoridade bíblica pós-reforma, São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 52.

(2) TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão. São Paulo: Aste, 2004, p. 227.

(3) MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, p.96.

(4) CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 224.

(5) ALTHAUS, Paul. A teologia de Martinho Lutero, p. 22; apud. FERREIRA, Franklin, Pilares da fé. São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 5.

(6) MCGRATH, Alister E. O pensamento da Reforma. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2014, p. 122.

(7) MCGRATH, Alister E. O pensamento da Reforma, p. 120.

(8) Ibidem, p.74.

(9) Ibidem, p. 12.

(10) BAINTON, Roland H. Cativo à Palavra. São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 54.

(11) Nota do Editor: Para entender melhor a distinção, ver nesta edição o artigo O Pentecostalismo Clássico como herdeiro da Reforma.

por Esequias Soares da Silva

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