Analisemos essas recomendações divinas ponto a ponto.
1) “Não sejas demasiadamente justo”. Ser “demasiadamente justo” é o que chamamos popularmente no Brasil de “ser santarrão”, algo bem diferente de ser santo. Essa recomendação divina que aqui está em foco fala do equilíbrio que deve existir nas pessoas e nas coisas. Tanto a vida humana como a espiritual são uma sequência: quem se atrasa, fica; quem se adianta, passa. À orientação divina mostra o lado ideal da vida, apontando o caminho correto do viver humano, quando diz: "Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para à esquerda”, Isaías 30.21b.
Jesus comparou Sua Igreja ao sal e à luz: “Vós sois o sal da
terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta
senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens”, Mateus 5.13. Com tais
figuras, o Senhor mostra-nos o modelo ideal da vida. O sal é considerado como
dotado de uma propriedade distinta e importante, ou seja, a de conservar ou
condimentar. Jesus, quando falou sobre isso, falou com conhecimento de causa, e
advertiu: “Tende sal em vós mesmos”, Marcos 9.50. A Igreja do Senhor é
comparada a “verdadeiro sal” porque, do ponto de vista divino de observação, é
o que ela é. O sal fala também do sabor da graça divina que tem a Igreja.
Somente reclamamos dos alimentos de que contém sal quando ele está insipido ou
salgado demais. Na dosagem certa, que significa equilíbrio, não há reclamação.
Assim, o sal fala de equilíbrio: de menos, não apresenta sabor; de mais, pode
matar.
A luz na medida certa é benéfica; de mais, cega. Tem cristão
que tudo o que faz é com exagero, Por exemplo: a oração é uma bênção, mas há
cristãos que só oram, não fazem mais nada. Falar é bom, mas há outros que falam
demais, como falam. Jejuar é bom, mas há quem queira jejuar como Moisés, Elias
e Jesus. E ainda quer que todo mundo seja como ele (ou ela)! Pedro recomendou a
todos os santos à linha do equilíbrio, quando disse: “Crescei na graça e no
conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”, 2 Pedro 3.18. O
equilíbrio deve estar presente em todos os aspectos de nossa vida.
Há pessoas que só enveredam para um lado das coisas e
desprezam o outro lado que faz a complementação. Frequentam Círculo de Oração,
vigília, culto de libertação, dentre: outros, e desprezam Escola Dominical,
Culto de Doutrina, reunião de obreiros, ensino teológico e outras coisas do
gênero. Assim, sem perceberem, estão enveredando para o lado esquerdo do
caminho – o da teoria. Jesus nos advertiu que fôssemos equilibrados: “Deveis,
porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas”, Mateus 23.23b.
2) “Não sejas demasiadamente sábio”. Trata-se de tomar-se
escravo da sabedoria. Quem é assim anda estressado, cansado e revoltado.
“Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento,
aumenta em dor”, Eclesiastes 1.18. Salomão ensina que a sabedoria deve ser
buscada em sentido racional. Mas há pessoas que criaram psicose aguda pelos
estudos, seguida de estresse, depressão e loucura; e como consequência, às vezes,
o suicídio. É importante que sejamos sábios, contudo, dentro dos nossos limites
de racionalidade, para que não cheguemos ao patamar da irracionalidade.
Quanto à não ser “demasiadamente ímpio”, fala de não sermos
bobos, mas também não sermos cruéis. Ímpio é aquele que não tem piedade, que se
deleita em fazer o mal e prejudicar a si mesmo e aos outros. Nos dois primeiros
casos, que envolvem o justo e o sábio, à pessoa pode se destruir pelo excesso.
por Severino Pedro da Silva
Compartilhe este artigo. Obrigado.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante