Vivemos em uma geração marcada pela pressa. Relógios apressam nossos dias, agendas cheias determinam nosso valor e, por vezes, medimos o sucesso pela quantidade de tarefas realizadas em 24 horas. Contudo, à luz da Palavra de Deus, somos convidados a refletir: de nada adianta correr tanto, se o coração está vazio, a alma cansada e os relacionamentos feridos.
A BÃblia nos alerta sobre os perigos de uma vida acelerada. Em
Eclesiastes 1.14, o sábio Salomão declara: “Tenho visto tudo o que se faz
debaixo do sol; tudo é vaidade e correr atrás do vento”. Essa corrida
desenfreada por realizações, status, conquistas e reconhecimento pode nos
deixar exaustos, frustrados e desconectados daquilo que realmente importa.
A correria, muitas vezes, nos leva ao estresse crônico, à ansiedade,
à superficialidade nos relacionamentos e até ao distanciamento de Deus. Em meio
a tantas atividades, perdemos o essencial: o tempo de qualidade com a famÃlia,
a presença nos momentos simples, a escuta atenta, o descanso necessário, a comunhão
com o Senhor e a nosso desempenho como servos dEle.
Jesus nos ensina a viver de forma diferente. Ele, o Filho de
Deus, mesmo com uma missão tão grandiosa, não viveu às pressas. Em diversas
passagens, vemos Jesus parar para ouvir, tocar, curar e ensinar. Ele não foi
escravo do tempo; antes, administrava cada momento com sabedoria e propósito.
Em Marcos 1.35, por exemplo, lemos que “de madrugada, ainda escuro,
levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava”. Jesus priorizava o
tempo com o Pai, e isso O fortalecia para cumprir Sua missão.
Outro exemplo notável é o da história de Marta e Maria, em
Lucas 10.38-42. Marta estava ocupada com muitas tarefas, enquanto Maria
escolheu assentar-se aos pés de Jesus para ouvi-lO. Marta repreendeu a irmã,
mas Jesus respondeu: “Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”. Quantas
vezes nos parecemos com Marta, tão envolvidos com as urgências que deixamos de
lado o que é eterno?
A verdade é que a correria pode até trazer ganhos
temporários, mas nos faz perder conquistas mais profundas. O que adianta
acumular bens e tÃtulos, se nós perdemos a saúde, o convÃvio familiar, a paz e
a comunhão com Deus? Jesus disse: “Pois que aproveitará o homem se ganhar o
mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mateus 16.26). Essa pergunta nos convida a
repensar prioridades.
Como, então, administrar o tempo de maneira que evitemos os males
da pressa? A resposta está em buscar sabedoria e equilÃbrio. Em Efésios
5.15-17, o apóstolo Paulo nos exorta: “Tenham cuidado com a maneira como vocês
vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, aproveitando ao máximo
cada oportunidade, porque os dias são maus. Portanto, não sejam insensatos, mas
procurem compreender qual é a vontade do Senhor”.
Administrar o tempo com sabedoria é incluir pausas, cultivar
momentos de oração, priorizar a famÃlia, dizer “não” ao excesso de compromissos
e aprender a viver com contentamento. A produtividade verdadeira não está em fazer
muito, mas em fazer o que importa com excelência e propósito. A vida abundante
que Jesus prometeu (João 10.10) não está na agenda cheia, mas na alma leve, no
coração em paz e na certeza de que estamos construindo algo que tem valor
eterno.
Estamos, afinal, construindo para a eternidade? Nossas
escolhas diárias apontam para o Reino de Deus ou para uma carreira vazia e solitária?
Quando administramos o tempo com os olhos na eternidade, nossas ações ganham
novo significado. Tempo com os filhos se torna discipulado. Momentos em famÃlia
são oportunidades de comunhão. Silêncio com Deus é fonte de sabedoria.
De nada adianta correr tanto, se estamos na direção errada.
O Senhor nos convida a caminhar com Ele, em Seu ritmo, com propósito, equilÃbrio
e paz. Que possamos refletir o que nos diz o Salmo 46.10: “Aquietai-vos e sabei
que Eu sou Deus”. A verdadeira produtividade começa quando paramos para ouvir a
voz daquEle que é Onisciente, Onipresente e Onipotente.
por Sônia Pires Ramos
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