Lições Bíblicas: educação cristã com qualidade

Lições Bíblicas: educação cristã com qualidade


As revistas de Escola Dominical da CPAD são um exemplo da boa aplicação dos mais modernos e apropriados princípios educacionais para a Educação Cristã

Deus sempre se preocupou com o conhecimento e, mais especificamente, com que o seu povo tivesse o conhecimento de Deus. Para tanto, o Eterno não apenas se revelou, mas também inspirou homens santos a que registrassem de forma escrita essa revelação, a fim de que fosse não somente uniforme, mas que perdurasse, fosse sistematizada e estudada de tal maneira que pudesse ser praticada.

O tempo passou, e com ele a humanidade foi descobrindo formas de melhorar a transmissão do pensamento e de aplicá-lo. Inicialmente, o ensino era transmitido pela família: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder. E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (Deuteronômio 6.5-7). “Filho meu, ouve a instrução de teu pai e não deixes a doutrina de tua mãe. Porque diadema de graça serão para a tua cabeça e colares para o teu pescoço” (Provérbios 1.8,9).

Com o passar do tempo, foram criadas escolas que agregaram novos modelos de aulas, com novos conhecimentos e novas formas de se apresentar antigos e novos conteúdos. Cada povo, da sua forma e no seu tempo, investiu na passagem do conhecimento às novas gerações. A educação começava pelas crianças, que eram alfabetizadas, aprendiam a ler e escrever, contar e desenhar. Ao chegarem na idade adulta, dependendo da educação que os pais lhes deram, ou do contexto no qual estavam inseridas, essas crianças poderiam alcançar funções até no governo (como foi o caso de Daniel e seus três amigos, que exilados, na Babilônia, foram educados nas letras dos caldeus e alcançaram espaço na alta esfera administrativa).

Quando o Cristianismo nasceu, os cristãos também buscaram transmitir uma educação baseada nos parâmetros bíblicos, mais especificamente na Lei e nos Profetas, por serem os textos de que dispunham na época. A esses textos se somaram as Cartas dos Apóstolos, e a eles agregaram também a doutrina, que foi sistematizada aos poucos. As doutrinas que temos hoje não nasceram de uma vez só; foram fruto de amadurecimento do pensamento, revelação do Espírito, da pesquisa das Escrituras e de uma sistematização colegiada. A esse modelo de educação, pautada nos princípios advindos desse conhecimento, denominamos Educação Cristã.

A Educação Cristã tem sido o instrumento pelo qual não apenas a igreja, mas também a sociedade, vem experimentando profundas modificações positivas já demarcadas pela história. Basta dizer que as mudanças sociais, de pensamento e da ética tem sido alteradas rapidamente em nossos dias, fazendo com que seja mais necessária a solidificação do ensino nas nossas congregações.

Mas como lidar com as constantes transformações que a igreja e a própria sociedade estão passando? Como ensinar a Palavra de Deus de tal forma que os alunos não apenas guardem o que foi ensinado, mas acima de tudo, pratiquem o que aprenderam? E o que pensar das mudanças que nossos filhos estão presenciando nas escolas, e como lidar com elas de forma bíblica?

“Os educadores precisam de um novo sentimento de esperança. No atribulado mundo em que vivemos, os pais precisam ser incentivados a educar seus filhos na disciplina e nos caminhos do Senhor. Outros valores, contrários ao cristianismo, exercem grande pressão sobre as famílias, as igrejas e as escolas. O professor de Escola Dominical dá um suspiro de alívio quando a aula finalmente acaba... O principal objetivo passa a ser a sobrevivência e não um ensino eficaz” (Educação que é cristã. Louis E. LeBar, CPAD).

Nosso verdadeiro desafio não é somente fazer com que o ensino seja ministrado de forma a alcançar o coração dos alunos, mas acima de tudo, fazer com que esse ensino seja relevante para os nossos alunos. É preciso que eles entendam a importância de estar na igreja aprendendo como a vida cristã deve ser vivida sob a perspectiva não do que o mundo diz, mas com base no que a Bíblia diz.

Nesse aspecto, a Escola Dominical não cuida apenas da formação espiritual do crente. Ela se preocupa com a sua edificação total, que inclui os bons costumes, o exercício da cidadania e a formação do caráter. A grande maioria das famílias recebe pouca ou nenhuma instrução na Palavra de Deus no lar, sob a liderança do seu chefe. Em função de a Bíblia perder seu lugar no seio da família, a igreja ficou com a grande responsabilidade de providenciar educação religiosa (Manual do professor de Escola Dominical. Marcos Tuler, CPAD, pp. 22 e 23).

Essa grande responsabilidade, que cabe à igreja, pode ser suprida pela Escola Dominical, com um material que seja adequado às necessidades educacionais que temos em nossos dias.

Pensando em princípios

Por que princípios são importantes? Porque norteiam as regras e ações. Enquanto as regras são a expressão prática, os princípios representam os elementos que vão nortear as ações. Pensemos no mandamento “Não roubarás”. Por mais que seja aparentemente uma regra, esse mandamento está dirigido pelo princípio da valorização do trabalho, pelo princípio do respeito à propriedade privada e pelo princípio da honestidade. Regras podem até mudar de acordo com o tempo, a cultura e o país, mas os princípios não são negociáveis.

O material da Escola Dominical deve ser norteado por princípios. Vejamos, então, alguns desses princípios.

O princípio do preparo da aula pelo professor – O professor é essencial no processo ensino-aprendizagem. E é indiscutível que em seu ministério, ele deve buscar ao máximo se aperfeiçoar para que consiga exercer sua chamada. Nesse aspecto, a busca pelo conhecimento é imprescindível. E para que ele possa ensinar, precisa conhecer o que vai falar aos alunos, preparando-se para a aula.

“Não estamos afirmando que aquele que não possui esse conhecimento não pode ensinar, nem tampouco asseguramos que quem conhece o assunto necessariamente ensine com êxito. Todavia, é pura verdade que o conhecimento imperfeito reflete um ensino imperfeito. Um homem não pode ensinar com eficiência o que não conhece.” (John Milton Gregory. As Sete Leis do Ensino. CPAD, p. 24).

O professor precisa continuamente se aperfeiçoar, pois a cada trimestre, ele se depara com uma nova temática que o acompanhará por 13 semanas, e nessas temáticas, temas doutrinários, bíblicos e de vida cristã se alternam, pois os alunos precisam ter acesso a conhecimentos variados.

Nesse aspecto, as Lições Bíblicas não somente se empenham em apresentar o material pronto para o ensino, mas incentiva o professor a que busque continuamente se aperfeiçoar na busca do conhecimento e na transmissão dele, preparando-se para a aula que vai ministrar. Esse preparo passa, indiscutivelmente, pela leitura das Lições Bíblicas, mas acima de tudo, pelo estudo da Bíblia.

“Como estudantes da Palavra, os professores cristãos devem garimpar o ouro das Escrituras, cavando “filões” nas profundezas da bíblia e peneirando as verdades das Escrituras para si mesmos. Exploração diária das riquezas da Palavra enriquece a vida – dando mais capacidade para os professores cristãos guiarem outros nas mesmas explorações” (Manual de Ensino para o Educador Cristão, Kenneth O. Gangel & Howard G. Hendricks. CPAD, p. 307).

Uma aula bem preparada dá ao professor a segurança de que, no aspecto intelectual, e com a ajuda do Espírito, ele terá o necessário para estar diante dos seus alunos.

A primeira coisa que você pode fazer é atualizar o seu pensamento sobre o conteúdo. Logo, “comece lendo as Escrituras. Faça as seguintes perguntas a si mesmo: Qual é o ponto principal da passagem? Quais problemas eu vejo na passagem? Quais passagens paralelas iluminam essa passagem? Quais são algumas das aplicações práticas dessa passagem? Depois de gastar algum tempo pensando nessas questões, consulte o material trimestral da Escola Dominical. Primeiro leia o material trimestral do aluno. Esse serão o único material que os alunos terão à sua disposição à medida que se prepararem para a aula. É importante que você saiba o que o aluno aprenderá. O ensino começa onde o aluno está e leva o aluno onde ele deve estar. Em segundo lugar, leia a revista do professor. A revista do professor geralmente contém metodologias sobre como ensinar a lição. Ensinar é um trabalho árduo” (Enciclopédia da Escola Dominical. Elmer Towns. CPAD, p. 498).

A quem vamos ministrar? Conhecendo os nossos alunos – A Escola Dominical é a instituição, dentro da igreja, que recebe alunos, membros da igreja, congregados ou mesmo pessoas não crentes que nela adentram até para ouvir a mensagem do Evangelho (As Lições Bíblicas possuem uma revista específica para a evangelização dentro da Escola Dominical, O Caminho Para o Céu, um material próprio para receber pessoas que ainda não aceitaram a Jesus como seu Salvador).

Conhecer a faixa etária a qual vamos ensinar, seus nomes e de onde vem, são informações importantes, pois influenciarão na interação com o professor e com os demais alunos. O professor deve, nessa interação, despertar o interesse dos alunos, trazendo-lhes a atenção para o tema que será estudado, pois uma atenção dividida por parte de um aluno ou da classe demonstrará desinteresse pelo assunto.

Nossos alunos devem ser motivados a lerem a lição ao longo da semana, observando as leituras bíblicas sugeridas sobre o tema para cada dia. A leitura prévia da lição certamente motivará os alunos a anotarem suas dúvidas e trazê-las para aula.

Começando a aula (Quebrando o gelo) – Nem sempre o professor sabe como introduzir um assunto na aula para os seus alunos, e isso não significa que ele esteja incapaz para o ensino, mas que precisa de uma ajuda, pois tratamos de diversos temas em um curto espaço de tempo. Nesse caso, começar com o texto áureo e uma verdade prática mostra aos alunos que a lição se baseia na Palavra de Deus. As passagens bíblicas são a base do nosso ensino. Além disso, a revista destinada ao professor traz as orientações necessárias para que a aula seja iniciada da forma mais didática possível, tornando prático o início da lição.

Respeitando os objetivos da lição – Os objetivos da lição são apresentados na revista do professor, e serva para delimitar as metas que precisam ser alcançadas ao fim da lição. São descritos iniciando por verbos, como “investigar, avaliar, retratar, descrever, explicar, esclarecer”. Na prática, os objetivos precisam mostrar aonde se quer chegar até o fim da aula, para onde queremos que nossos alunos sejam conduzidos em seus pensamentos pautados na Palavra de Deus.

A exposição didática – O ensino precisa ser apresentado de forma sequencial, didática. Não é adequado transitar por diversos assuntos dentro de um tão curso espaço de tempo, pois além de corrermos o risco de não fixar o conteúdo, tornaríamos a aula aleatória e sem uma sequência lógica. É necessário que o assunto da lição seja dividido em pequenos temas, integrados entre si, vinculados ao tema central do dia.

Há, ao longo das lições, orientações pedagógicas e subsídios teológicos que auxiliam os professores. Esses auxílios permitem que os professores que tem poucos recursos para pesquisar, possam se valer de literatura sólida para tratarem do assunto.

Vale ressaltar que um texto repleto de referências bíblicas não tem necessariamente o objetivo de ser didático para a Escola Dominical. A leitura de textos bíblicos é importante na aula, mas uma sequência enorme de referências toma espaço da parte didática. Nossos alunos querem ler textos que discorram sobre o assunto, e não ter em mãos uma chave-bíblica. Além disso, as leituras bíblicas são feitas ao longo da semana. Cada ação tem seu espaço na hora adequada.

Aplicando as verdades – A aplicabilidade do ensino deve ser vista não apenas na preparação da aula, mas igualmente pensada para que os alunos se apropriem dos princípios e verdades nela contidas.

É preciso lembrar de que a aplicação da lição é tão importante quanto a sua exposição e a interpretação correta do texto sagrado. A interpretação correta do texto sagrado deve nos conduzir à aplicação igualmente correta. Há na Palavra de Deus texto de fácil entendimento e aplicabilidade, como “não terás outros deuses diante de mim”, ou “segui a paz com todos”. Mas há outros textos cuja aplicabilidade depende do conhecimento mais aprofundado do contexto no qual foram inseridos. Por isso, a forma como vamos aplicar as verdades desses textos precisa ser pensada, para serem também contextualizadas. Completando a corrida – Toda lição deve ser concluída. Não se concebe uma aula que tem horário para começar e não tem horário para ser encerrada. Nos domingos pela manhã temos louvor e ensino, mas o horário também é preenchido costumeiramente pelo culto que se segue. Para que aproveitemos o tempo de forma adequada, devemos encerrar a lição, após ter sido completamente ensinada.

A arte de fazer perguntas e dar respostas – Fazer perguntas faz com que o professor perceba até quanto seu ensino foi apreendido por determinado aluno, ou mesmo pela classe. Além de ser um recurso que pode ser feito em qualquer momento da aula, e não somente no final dela, se for bem utilizado, pode trazer ao professor as dúvidas dos alunos.

Jesus se valeu dessa metodologia diversas vezes. Ao contar a parábola do Bom Samaritano, que teve sua origem no questionamento de um doutor da Lei, o Eterno respondeu uma pergunta com outra pergunta, mas dado á insistência do seu interlocutor, que desejava se justificar, o Senhor contou a parábola do samaritano que prestou socorro a um desconhecido, após esse ter sido atacado e roubado, e não ter sido socorrido por um sacerdote e um levita. Ao fim da história, Jesus encerra a sua parábola com uma pergunta: dos três homens que passaram na estrada que descia de Jerusalém para Jericó, qual deles havia feito o bem? A pergunta feita por Jesus foi precedida de uma história, ou seja, contextualizada. Nenhuma pergunta deve ser feita sem que esteja dentro do contexto da aula, ou não representará de forma correta o processo ensino-aprendizagem. Não se pode esperar dos nossos alunos respostas corretas a questões que eles não tiveram ensino prévio.

As perguntas devem ser pautadas no assunto estudado, e realizadas da forma mais simples. Perguntas rebuscadas nem sempre alcançam o coração e a mente dos alunos; por isso, a mesma simplicidade apresentada na aula deve ser acompanhada na hora da realização das perguntas. O material das Lições Bíblicas sempre traz, ao fim de cada lição, perguntas baseadas no tema estudado naquele domingo. São perguntas simples, mas focadas no assunto. Elas auxiliam o professor na conclusão da aula.

Ao mesmo tempo, as perguntas das Lições Bíblicas vinculam os professores a que se atenham ao tema estudado. O tempo concedido na Escola Dominical para as aulas variam de 45 minutos a 1h15 minutos, e essa variação se baseia no modelo que cada congregação adota, mas independente do tempo utilizado, o professor não pode se perder em assuntos paralelos no decurso da aula. A revista é pensada para que o tema seja apresentado de forma sequencial, focada em uma temática específica. Se o professor não seguir a sequência apresentada na revista, sua aula será incompleta.

Lamentavelmente, por não se aterem ao tema central, professores se perdendo em meio a assuntos desvinculados da temática, e acabam dizendo que não conseguiram chegar ao fim da lição porque o assunto é vasto demais. Na verdade, o assunto não é vasto; o tempo reservado à aula foi ocupado com assuntos transversais. Esse tipo de cuidado do professor deve ser pautado no discernimento acerca das intervenções que os alunos vão fazer, se estão ou não dentro do assunto, e da sabedoria do professor em dizer que um assunto transverso tem seu valor, mas que poderá ser tratado no momento apropriado.

Em suma, as possibilidades de se ter uma aula bem planejada, estudada e ministrada são muitas. Os materiais apresentados são pensados para capacitar o professor a tratar das temáticas que orbitam na vida cristã, na ortodoxia bíblica e das doutrinas pautadas pela Declaração de Fé, fortalecendo, assim, o povo de Deus.

por Alexandre Coelho

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