Os companheiros e a sua influência

Os companheiros e a sua influência


Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal, e eu obedecerei aos mandamentos do meu Deus” (Salmos 119.115). Alguém já disse que o homem é o produto do meio em que vive. Em parte, essa premissa é falsa, mas, por outra parte, é verdadeira. Não há como negar que aqueles que nos cercam, de uma forma ou de outra, exercem o poder de influência sobre nós. Foi por isso que o salmista, no texto acima, diz que não queria gente ruim perto dele.

Vejamos alguns exemplos de má influência que pessoas ruins exerceram em várias pessoas e, por fim, um exemplo de influência de pessoas boas.

A influência de Zerés sobre Hamã – Quem lê a Bíblia conhece a famosa história de Ester e de seu piedoso tio Mardoqueu e, por conseguinte, conhece no mesmo livro a história de Hamã, malvado descendente de Amaleque, inimigo do povo de Deus. Ele, em si, já não era “flor-que-se-cheire”, mas sua esposa era uma companheira pior do que ele. Quando ele chegava em casa com pensamentos negativos, ela, em vez de proceder como uma mulher sábia (Provérbios 14.11), pondo “água na fervura” e orientando-o na prática do bem, colocava “lenha na fogueira”, incentivando-o a fazer males maiores do que ele já imaginava. Certo dia, quando ele chegou em casa de “cabeça quente”, ela e uns amigos dele, que também não prestavam, lhe aconselharam a fazer uma forca para Mardoqueu (Ester 5.14). Hamã, influenciado pela mulher e pelos amigos, assim o fez, só que o “tiro saiu pela culatra” e quem terminou enforcado nela foi o próprio Hamã (Ester 7.10).

Que lástima! Cremos piamente que, se Hamã fosse cercado de amigos e uma esposa que temesse a Deus, eles o influenciariam para o bem e o seu fim teria sido bem melhor.

Influência de Jezabel sobre Acabe – Ao estudarmos a biografia do rei Acabe, chegamos à conclusão de que ele não era tão ruim assim. Verdade é que ele não era “boa bisca”, mas, possivelmente, se ele estivesse cercado de pessoas boas, seu fim teria sido melhor. A Bíblia diz que sua mulher Jezabel “o instigava para fazer o mal” (1 Reis 21.25). A Bíblia Nova Tradução na Linguagem de Hoje diz que ela “lhe dava sugestões”. Foi ela quem o instigou contra o profeta Elias. No caso de Nabote, ele não pensava em assassiná-lo, apenas queria a vinha, mas ela astuciosamente instigou-o ao crime maior, ferindo-o nos seus brios de rei quando disse: “Afinal de contas, você é rei ou, não é?” (1 Reis 21.7, NTLH). Essa palavra de Jezabel fez com que Acabe permitisse o plano para matar o inocente Nabote.

Por fim, todos sabemos o destino de Acabe: Morreu miseravelmente e os cães lhe lamberam o sangue (1 Reis 21.38). Poderia ter um fim melhor se cercado fosse de pessoas tementes a Deus que o influenciassem para o bem.

Influência de Doegue sobre Saul – Doegue é um personagem não muito badalado pelos pregadores e comentaristas bíblicos, mas o Espírito Santo nos revela muitas coisas sobre esse homem. Em primeiro lugar, ele não era israelita, mas, sim, um edomita, descendente de Esaú e que vivia no meio do povo de Deus (1 Samuel 21.7). Ele representa pessoas que não nasceram de novo, são da “linhagem de Esaú”, são “falsos irmãos” que se têm entremetido no meio da igreja e vivem entre nós (Gálatas 2.4). Isso sem nenhuma conversão. Pois é! Foi um homem dessa natureza que se tornou “o mais poderoso dos pastores de Saul” (1 Samuel 21.7). Como as riquezas daquela época se traduziam em rebanhos, isso equivale dizer que todos os bens de Saul estavam na mão de Doegue. Afinal, ele era o seu mordomo de confiança e o próprio Davi sabia do poder influenciador de Doegue sobre Saul (1 Samuel 22.22).

Foi Doegue quem denunciou a Saul que Davi estivera no tabernáculo à procura do sacerdote Aimeleque e que este lhe dera comida e a espada de Golias, mas maldosamente acrescentou que Aimeleque consultara ao Senhor a pedido de Davi. O restante da história todos sabemos: Saul, que já não mais estava sob a direção de Deus, naquele momento ficou ensandecido e, como não pôde alcançar Davi, vingou-se mandando matar oitenta e cinco sacerdotes em Nobe. Como os soldados de Saul, que apesar da crise espiritual daqueles dias, ainda tinham uma “rapinha” de temor de Deus, não quiseram obedecer a Saul matando os sacerdotes. Imagine quem teve a coragem de fazê-lo? Claro que foi Doegue, pois o mesmo não tinha nada de crente (1 Samuel 22.17,18).

Infelizmente, esse era o homem de mais confiança de Saul e tinha forte força de influência sobre ele. O mau que Doegue causou foi tão forte que Davi escreveu um salmo em alusão ao caso e ao caráter de Doegue: o Salmo 52 (leia o subtítulo do salmo). Observe na Bíblia na Nova Tradução na Linguagem de Hoje o que Davi disse do homem que influenciava Saul: “Você faz planos para acabar com os outros; sua língua caluniadora corta tanto como uma navalha afiada. Você gosta mais do mal do que do bem e prefere a mentira em lugar da verdade” (Salmos 52.4,5).

Suponhamos que Saul tivesse se cercado de homens íntegros e fieis a Deus. Certamente as coisas seriam de outro modo e o fim de Saul teria sido mais auspicioso.

Influência dos servos de Naamã – Como sabemos, Naamã era gentio e adorador do deus Rimom, padroeiro de Damasco, mas, por causa do testemunho de uma menina israelita, um reboliço espiritual houve na sua casa e a crença no Deus de Israel atingiu-lhe o coração. Por causa de sua lepra, foi a Israel buscar cura. Ao receber a ordem do profeta Eliseu de lavar-se sete vezes no Jordão, o orgulho transbordou em seu coração e, amuado, ia voltar para Síria sem receber a bênção. Mas, a Bíblia diz que “chegaram a ele os seus servos, e lhe falaram e disseram: Meu pai, se o profeta te dissera alguma grande coisa, porventura não o farias? Quanto mais dizendo-te ele: Lava-te e ficarás purificado” (2 Reis 5.13). Russel Shedd nos diz que esses eram assessores inteligentes, que, com cortesia, humildade e lógica cristalina, souberam tirar o seu chefe do estado de indignação e conduzi-lo a um clima de compreensão que lhe possibilitaria a cura.

Você já pensou se os assessores de Naamã fossem da marca de Zerés, Jezabel ou Doegue? Certamente, ele teria morrido leproso, não teria conhecido o Deus de Israel e consequentemente teria perdido a sua alma para sempre. Naamã foi feliz porque era cercado por pessoas de bons sentimentos e estes o influenciaram ao bem.

O apóstolo Tiago nos diz que a Palavra de Deus pode “salvar as nossas almas” (Tiago 1.21). Assim sendo, espero em Deus que esta palavra leve o leitor a refletir e a repensar os seus conceitos e valores a respeito de quem são os seus companheiros, assessores, amigos etc. O salmista era muito cuidadoso nessa parte, pois disse: “Companheiro sou de todos os que temem e dos que guardam os teus preceitos” (Salmos 119.63).

Amigos, assessores, companheiros e cônjuges bons são dádivas de Deus. Ore, peça-os ao Senhor e Ele lhes dará. Afinal, “tudo que é bom que recebemos e tudo que é perfeito vêm do céu, vem de Deus, o Criador das luzes do céu” (Tiago 1.17, NTLH). Que Deus nos dê a Sua graça. “Ad Majorem Dei Gloriam”.

por José Orisvaldo Nunes de Lima

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