Equilibrando-se Sob Tensão Entre Organismo e Organização

Equilibrando-se Sob Tensão Entre Organismo e Organização


Pode-se afirmar que, no pensamento do apóstolo Paulo, a Igreja não é uma sociedade, mas, sim, um corpo

Diariamente, a igreja, como o corpo espiritual de Cristo na terra, está exposta às pressões do materialismo, do secularismo, do liberalismo teológico e do mundanismo. Em suas múltiplas vertentes, essas quatro correntes se opõem frontalmente à natureza e aos propósitos da igreja como uma agência do Reino de Deus. Quanto mais se aproxima o retorno do Senhor Jesus Cristo, mais se intensifica a tendência da Cristandade em ceder às pressões da contemporaneidade com suas muitas ideologias e filosofias em detrimento dos princípios eternos tão bem expressos nas Sagradas Escrituras. Basta que se leia com a devida atenção as sete cartas enviadas por Jesus às igrejas da Ásia Menor por intermédio do apóstolo João (Apocalipse 2 e 3) para se perceber que não é de hoje essa tensão.

A igreja é, na realidade, um grupo de pessoas chamadas para fora do mundo, do pecado e das religiões. Ela é um agente de transformação do mundo pelo poder do Evangelho de Jesus Cristo. Todos os verdadeiros crentes em Jesus, espalhados pelo mundo, formam a Igreja. Ela não está restrita a uma área geográfi­ca e nem a um único povo na terra. Este é o seu aspecto invisível e universal. Neste sentido, refere-se à Cristandade em geral, designa o Corpo de Cristo, a Igreja invisível, da qual Cristo é a Cabeça. “A Igreja é um ajuntamento de discípulos de Cristo que representa o Reino de Deus na terra e cumpre as ordenanças de seu Senhor Jesus à luz das Escrituras. Ao entrarem e perseverarem na nova aliança pela graça divina, esses discípulos desfrutam do Evangelho e obedecem a ele por meio de seu compromisso mútuo e do Espírito Santo que os regenerou. Tudo isso acontece para a edificação desta igreja e de outras igrejas, o cumprimento de sua missão, o benefício de todos e para a glória de Deus, que a redimiu” (BLEDSOE, 2022, p.257). Conforme o conceito acima, a Igreja existe especifi­camente na nova aliança, e é constituída de discípulos de Cristo com um propósito especí­fico na terra. Assim, pode-se a­rmar que ela é tanto um organismo quanto uma organização.

Percebe-se também, em nossos dias, algumas atitudes e movimentos entre a Cristandade contemporânea que estão causando enormes preocupações para a liderança conservadora da igreja, ao ponto de se tornar motivo de estudo, oração e diversas análises por parte daqueles que se debruçam sobre o tema. Assuntos como: igrejas que se declaram progressistas, o aumento daqueles que se autodenominam desigrejados e a desvalorização do ministério pastoral. Diante de atitudes e movimentos como estes aqui citados, a atual liderança da igreja tem sobre si a responsabilidade de lutar para que a mesma não venha a cair em tais ciladas.

A necessidade do equilíbrio entre organismo e organização

A maioria dos teólogos evangélicos está de acordo em afi­rmar que a Igreja de Cristo na terra é tanto um organismo como uma organização. O Novo Testamento ensina que a igreja é um organismo vivo, porém organizado. O Senhor Jesus, depois de ter feito a profética declaração sobre a edi­ficação da Igreja como indestrutível propriedade Sua (Mateus 16.18), fez também menção clara da necessidade de organização da mesma, ao ensinar sobre a aplicação da disciplina na vida dos membros da igreja (Mateus 18.15-18). O pastor e teólogo pentecostal José Gonçalves defi­niu objetivamente este aspecto da natureza da igreja:

“Um organismo é visto como um conjunto de órgãos que constituem um ser vivo. Nesse aspecto, um corpo com as diferentes funções de seus órgãos e membros é entendido como estrutura física de um organismo vivo. Metaforicamente, a Igreja é defi­nida como ‘o corpo de Cristo’ (1 Coríntios 12.27), um organismo vivo, cuja cabeça é Cristo (Efésios 5.23). Assim como um corpo funciona pela harmonia de seus membros, da mesma forma também a Igreja (1 Coríntios 12.12). Os membros não existem independentemente um dos outros (1 Coríntios 12.21. Portanto, como corpo místico de Cristo, a igreja existe organicamente” (Gonçalves, 2024, p.42).

A Igreja é o corpo místico de Cristo, do qual Ele é a Cabeça viva e do qual os crentes regenerados são membros (Efésios 1.22,23; Efésios 3.4-6). “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós somos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres”. (1 Coríntios 12.12,13). A Igreja, assim considerada na qualidade de organismo, é, segundo Atos 15.14, “um povo para o seu nome”, o qual Deus está atualmente tirando dentre os gentios. Cristo é o seu Fundador no sentido de ter sido seu Mestre, Construtor e Enviador do Espírito, que deu forma real ao Corpo de Cristo. Um grande número de estudiosos concorda que o Pentecostes foi o começo histórico da Igreja, já que o Corpo de Cristo é formado através da atividade do Espírito (1 Coríntios 12.13), e esta começou suas atividades públicas no dia de Pentecostes (Atos 1.5 e capítulo 2). Bancroft, em sua Teologia Elementar, comenta que “uma igreja local é um grupo de crentes batizados, reunidos pelo Espírito Santo com o propósito de obedecer aos princípios e preceitos da Palavra de Deus. Atos 2.41,42; Atos 16.5. No Novo Testamento, a Igreja é uma organização extremamente simples. Todos quantos sejam capazes de se render a Jesus Cristo e realmente o fazem, aceitando-o como o Salvador e obedecendo-lhe como Senhor, têm o direito de ser membros. E todos os membros estão no mesmo nível” (Bancroft, 2001, p. 281).

Pergunta-se então: o que é necessário para o devido equilíbrio entre o organismo e a organização? O que a igreja pode e deve fazer para suportar a pressão do materialismo, do secularismo, do liberalismo teológico e do mundanismo? Apresento aqui algumas poucas e modestas sugestões que, se colocadas em prática corretamente, poderão, de alguma forma, contribuir para o equilíbrio necessário no dia a dia da igreja.

Em primeiro lugar, é necessário valorizar o conceito de igreja conforme seu emprego no Novo Testamento

A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil faz a seguinte declaração sobre a verdadeira natureza bíblica da igreja: “CREMOS, professamos e ensinamos que a Igreja é a assembleia universal dos santos de todos os lugares e de todas as épocas, cujos nomes estão escritos nos céus: ‘À universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados’ (Hebreus 12.23). A Igreja foi fundada por nosso Senhor Jesus Cristo, pois Ele mesmo disse: ‘sobre esta pedra edifi­carei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’ (Mateus 16.18). Essa pedra é o próprio Cristo: ‘Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edifi­cadores, a qual foi posta por cabeça de esquina’ (Atos 4.11), tendo a doutrina dos apóstolos por fundamento e Jesus a principal pedra de esquina: ‘edi­ficados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que jesus Cristo é a principal pedra da esquina’ (Efésios 2.20). Ela, a Igreja, é a coluna e ­firmeza da verdade. É a comunidade do Senhor. Além de assembleia universal dos crentes em Jesus, o vocábulo ‘igreja’ refere-se a um grupo de crentes em cada localidade geográfi­ca. Ensinamos que a igreja é una e indivisível: um só corpo, um só Espírito, uma só fé e um só batismo. A Igreja envolve um mistério que não foi revelado no Antigo Testamento, mas que foi manifesto aos santos na nova aliança” (Silva, 2017, pp. 119,120).

A palavra igreja, originada do termo eklesia, signifi­ca literalmente “chamados para fora” e era usada para designar “assembleia” ou “ajuntamento” dos cidadãos de uma localidade na antiguidade grega. Temos uma amostra desse conceito no Novo Testamento. A Igreja é um grupo de pessoas chamadas por Cristo para fora do mundo a fi­m de serem discípulas de Jesus e pertencer a Ele, ter comunhão com Ele e fazer parte da família espiritual de Deus.

O pastor e professor Antonio Gilberto faz a seguinte distinção: “Vejamos as duas principais diferenças entre estes dois: (1) Um organismo tem vida; uma organização, não. A Igreja Universal, como o Corpo de Cristo, como um organismo, não depende de cerimônias, de reconhecimento, de templos, de estatutos civis, de livro de atas, de livros de rol de membros e coisas semelhantes, mas ela, como organização, necessita de tudo isso e muito mais, como veremos no desenrolar deste estudo. A Igreja Universal permanecerá inabalável quando tudo isso terminar. (2) Um organismo tem apenas uma cabeça; uma organização pode ter mais. Como Corpo de Cristo, a Igreja tem uma só cabeça, que é Ele mesmo. Ela é chamada de corpo porque não só é a expressão visível dEle aqui, bem como executa a Sua obra e faz o Seu querer. Paulo, antes da sua conversão, estava perseguindo a Igreja aqui na terra, quando do céu Jesus entrou em ação a favor dela, perguntando: ’Saulo, Saulo, por que me persegues?’. Perseguindo os membros da Igreja, Saulo estava perseguindo a Cristo! Ao passo que ela, como organização, tem os seus líderes e dirigentes locais, regionais e nacionais. É bem patente em Efésios 4.12-16 que a Igreja é primeiramente um organismo, mas tanto no livro de Atos como nas Epístolas vemos também a Igreja como uma organização local, regional e nacional. Alguns espiritualizam de tal forma a Igreja que o assunto chega ao ridículo; outros a organizam tanto com esquemas, planos, rotina e programas que ela passa a ser apenas um corpo social como uma associação qualquer, um clube a mais” (GILBERTO, 2021).

Em segundo lugar, deve-se priorizar sempre a Igreja como Corpo de Cristo (Efésios 1.21,23)

Entre as descrições da Igreja em o Novo Testamento, a predileta de Paulo foi a Igreja como o Corpo de Cristo. Pode-se a­rmar que, no pensamento de Paulo, a Igreja não é uma sociedade, é um corpo. O esboço seguinte nos faz ver que a ideia de organismo deve ser priorizada no exercício da espiritualidade da igreja sem contudo se negligenciar o seu aspecto organizacional: a) O corpo é um (Efésios 4.4); b) o corpo tem muitos membros (1 Coríntios 12.12); c) o corpo é de Cristo (Colossenses 2.16); d) Cristo é a cabeça do corpo (Efésios 4.12; Colossenses 1.18-22); e) o corpo vai crescendo (Colossenses 2.19); f) o corpo é complemento dEle (Efésios 1.23); g) o corpo está sendo edifi­cado (Efésios 4.12); e h) o corpo deve ser bem ajustado (Efésios 4.16).

Em terceiro lugar, é necessário cumprir cabalmente a sua missão prioritária

A missão prioritária da igreja na terra jamais deve ser confundida com influência política ou com outras ações de benefi­cência. Ainda que os verdadeiros discípulos de Cristo devem também estar comprometidos com a prática das boas obras de ajuda ao próximo, socorro e suprimento das necessidades humanas imediatas, a prioridade da igreja, enquanto agente missionário de Deus ao mundo, é a proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, as Boas Novas de salvação aos perdidos. Henry C. Thiessen descreveu a missão da igreja em sete itens. Ele diz que o propósito da igreja é “glorifi­car a Deus, edificar-se, purificar-se, educar seu círculo, evangelizar o mundo, agir como uma força que impõe limites e ilumina o mundo, promover tudo o que é bom”. George Peters ensina de forma objetiva como pode ser compreendida a missão da igreja: “A igreja cristã tem a solene obrigação de fazer o seguinte: a) Apresentar a Cristo de forma viva, clara, e­ficaz e persuasiva ao mundo e ao indivíduo como o Salvador enviado por Deus, o Senhor soberano do Universo e futuro Juiz da humanidade. b) Guiar os povos a uma relação de fé com Jesus Cristo a fi­m de que possam experimentar o perdão dos pecados e a renovação de vida. O homem deve nascer novamente, se quiser herdar a vida eterna e amizade eterna com Deus. c) Separar e congregar os crentes através da realização do batismo, estabelecendo-os em igrejas atuantes. O companheirismo constitui uma parte vital da vida cristã. d) Firmar os cristãos na doutrina, nos princípios e nas práticas da vida, amizade e serviço cristão, ensinando-os a observar todas as coisas. Isso é instrução, a criação de discípulos cristãos, a cristianização do indivíduo. e) Treiná-los a viver no Espírito Santo. Já que a vida cristã contém exigências e ideais sobrenaturais, ela só pode ser vivida através de uma confiança plena no Espírito Santo. Se as lições não forem aprendidas cedo, a vida crista fica cercada de frustração e torpor; a apatia instala-se ou as pessoas acomodam-se a uma vida cristã anormal. Essa é a tragédia de inumeráveis cristãos que nem mesmo esperam concretizar os ideais bíblicos” (PETERS, 2000, p.260).

Em quarto lugar, é necessário buscar e preservar os sinais de uma igreja pura conforme as Sagradas Escrituras

Aqui estão de forma simpli­ficada alguns dos sinais que devem identi­ficar a igreja comunidade dos santos de Deus na terra:

a) Doutrina bíblica (ou pregação correta da Palavra);

b) Uso adequado das ordenanças bíblicas (Batismo e Ceia);

c) Aplicação correta da disciplina eclesiástica;

d) Adoração genuína (Efésios 5.18-20; Colossenses 3.15,17);

e) Oração efi­caz (Atos 4.31-35; Atos 12.5);

f) Testemunho efi­caz (Mateus 28.19,20; João 13.34,35);

g) Comunhão e­ficaz (Atos 2.44-47);

h) Governo eclesiástico bíblico (1 Timóteo 3.1-3);

i) Poder espiritual no ministério (Atos 1.8; Romanos 1.16; 1 Coríntios 4.20; 2 Coríntios 10.3,4);

j) Santidade de vida entre os membros (1 Tessalonicenses 4.3; Hebreus 12.14);

k) Cuidado pelos pobres (Atos 4.32-35; Romanos 15.26; Gálatas 2.20);

l) Amor por Cristo (1 Pedro 1.8; Apocalipse 2.4).

Em quinto lugar, a igreja, bem como sua liderança, precisa lutar pela preservação da membresia regenerada

Uma membresia regenerada, composta tanto quanto possível de crentes verdadeiros em seu compromisso e sua vida, proporcionaria, pelo menos, as seguintes bênçãos dentro e fora da igreja: “a) Favorece, entre os membros, o crescimento cristão e a obediência ao evangelho. b) Viabiliza, na congregação, o exercício da autoridade dada por Cristo com mais responsabilidade. c) Assegura a pureza e a unidade da igreja com mais e­ficácia. d) Ajuda a distinguir a igreja do mundo, protegendo a sua integridade e credibilidade. e) Garante o alicerce necessário para a igreja cumprir sua missão em tudo o que Deus espera que ela seja, creia e faça. f) Ilustra, com mais precisão, as imagens bíblicas da igreja, a qual fornece amor e apoio aos membros nesta vida. g) Abençoa o ministério dos pastores e permite que os membros usufruam mais de seus esforços. h) Protege as pessoas de se iludirem quanto ao seu real estado espiritual. i) Serve, amorosa e honestamente, a membros desobedientes. j) Ampara as novas gerações ao preservar o legado do Evangelho. k) Exibe a beleza do Evangelho e da igreja universal. l) Proporciona uma maior compreensão e valorização do que signi­fica ser membro, por exigir e manter expectativas em relação ao discipulado. m) Oferece a base necessária para espalhar os desdobramentos do Evangelho na sociedade na qual a igreja está inserida. n) Permite que o Evangelho vá mais longe e se espalhe entre as nações. o) Glorifi­ca e honra a Deus por revelar Sua sabedoria entre o povo a quem redimiu” (BLEDSOE, 2022, pp. 315 e 316).

Em sexto lugar, é necessário manter o padrão elevado na doutrina, na oração e na liderança da igreja

Em Atos dos apóstolos 2.42-47, 4.31 e 6.1-7, está a verdade central daquilo que se pode a­rmar que pode ser o segredo do equilíbrio de uma igreja vibrante, equilibrada e cheia do Espírito Santo. A doutrina bíblica é o farol de Deus em meio à escuridão do mundo sem Deus; a oração é arma de ataque e de defesa que Deus colocou à nossa disposição em todo o tempo da peregrinação terrena da igreja; e os líderes que Deus deseja devem ser qualifi­cados (1 Timóteo 3.1-15) e separados para cuidar da casa de Deus (v. 15).

Em sétimo lugar, é preciso ouvir o Espírito Santo

É imperiosa a necessidade de se ouvir a voz do Espírito de Deus enquanto se conduz a igreja de Cristo, porque ela não é uma empresa, não é uma sociedade limitada, não é um império construído por homens, mas o Corpo de Cristo na terra com a missão de glori­ficar a Deus e expandir o Seu santo Reino (Atos 13.1-4; 16.7; Apocalipse 2.7, 11, 17,29; 3.6; 13, 22).

REFERÊNCIAS

BLEDSOE, David Allen. Igreja Regenerada. Uma eclesiologia bíblica, histórica e contemporânea. São José dos Campos, SP: Fiel, 2022.

BANCROFT, D.D. Teologia Elementar, Doutrinária e Conservadora. São Paulo: Editora Batista Regular, 2011.

ERICSON, Millard. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2015

GONÇALVES, José. O corpo de Cristo. Origem, natureza e vocação da igreja no mundo. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

GILBERTO, Antônio. Bíblia de Estudo Antônio Gilberto. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.260.

SILVA, Ezequias Soares da. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1ª edição. Rio de Janeiro; CPAD, 2017.

por Rayfran Batista da Silva

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