Liberto e ajudando outros a se libertar

Liberto e ajudando outros a se libertar


Ele foi usuário de drogas por 25 anos; hoje é pastor e coordena centro de recuperação

Filho caçula de uma família com nove irmãos, residente no município de Santo Antônio de Jesus (BA), Alírio de Oliveira Silva Filho enfrentou, aos sete anos de idade, a dolorosa separação dos pais. A falta da referência paterna, segundo ele, deixou muitas marcas em sua vida, embora tenha tido uma infância boa com os cuidados da mãe. Com 13 anos de idade, ele começou a trabalhar em uma empresa de contabilidade, onde ficou até os 39 anos.

“Mesmo sendo um adolescente trabalhador, aos 14 anos, sem a permissão da minha mãe, comecei agora a entrar numa vida de curtição, indo para festas e baladas. Foi nessas saídas que comecei a conhecer algumas pessoas, achando ser meus amigos. Inicialmente, eles me apresentaram as drogas chamadas lícitas (bebidas alcoólicas e cigarros). Depois, passei a usar maconha até aproximadamente os 19 anos de idade”, conta Alírio.

Nesse período, ele conheceu uma jovem com quem passou a morar junto e teve dois filhos. Ela não era usuária de drogas e nem concordava com as práticas de Alírio. Mesmo com a contrariedade da parte dela, ele seguiu com a vida de vícios. Agora, começou a usar drogas alucinógenas, como chá de cogumelo, bentil, artane, rivotril, LSD, algafan, chá de papoula e ácido, sem parar por aí. “Nos últimos cinco anos, passei a usar crack. Os medicamentos que eu consumia eram de uso controlado. Alguns já não tem nem mais esses nomes. Eles se tornavam drogas mais potentes porque eu fazia o seu uso com álcool. Devido a esses usos de drogas de forma contínua, tive três princípios de overdose”, lembra.

Por ser de uma família bem conhecida e conceituada na cidade onde morava, Alírio procurou manter o padrão de “bom moço” e nunca se envolveu com tráfico de drogas, assaltos, roubos ou algo desse tipo. Mas, pela vida que levava, não teve jeito: se envolveu em muitas confusões. Numa delas, foi preso por tentativa de homicídio. Réu primário, ficou 25 dias em reclusão, mas saiu com alvará de soltura assim que passou o período. As consequências do mundo das drogas não ficaram apenas na prisão. Alírio conta que não conseguiu ser um pai e um esposo presentes. Ao longo do tempo, faleceu a mãe de seus filhos. Desde então, ficou depressivo e aumentou o uso de drogas, aprofundando-se no uso do crack.

“Sofri muito com tudo o que me aconteceu, mas, após um tempo da morte de minha companheira, conheci a minha atual esposa, que me ajudou a criar meus dois primeiros filhos. Junto com a minha família, ela me incentivou, aos 39 anos, a aceitar um tratamento em um centro de recuperação. Ao longo do tempo, quando eu estava em tratamento, ela decidiu aceitar Jesus, o que ajudou muito no nosso laço matrimonial. Logo no início do tratamento, recebi Jesus como meu Senhor e Salvador”, conta Alírio, que acrescenta: “Desde então, minha vida tomou um rumo diferente. Embora o período obrigatório de permanência no centro era de nove meses, fiquei em tratamento por três anos, de 2008 a 2011. Acabei ficando mais tempo por ter decidido servir ao Senhor como obreiro voluntário”.

Após a saída dele do centro de recuperação, Alírio recebeu um convite em Santa Maria da Vitória (BA), onde se tratou, para cuidar da congregação de uma igreja evangélica local, e as quartas-feiras fazia evangelismo na cadeia municipal, levando o Evangelho do Senhor Jesus aos presos, resultando na conversão de muitos dos ali detidos.

No ano de 2012, ele mudou-se para a cidade de Luís Eduardo Magalhães (BA), onde estudou Teologia. Em março de 2013, junto com o irmão dele que já pastoreava na cidade, fundou um centro de recuperação, do qual foi coordenador até janeiro de 2022, onde, segundo ele, concluiu a missão para a qual foi chamado, com muitas vidas recuperadas nesse período.

Hoje, Alírio congrega e atua como pastor-auxiliar na Assembleia de Deus Esperança. Ele pastoreia e coordena, desde janeiro de 2022, a Unidade Terapêutica Projeto Vida Nova, cuidando de pessoas com dependência química. “Para a honra e a glória do Senhor, recebi no ano passado o título de Doutor Honoris Causa e também o título de Cidadão Luizeduardense por reconhecimento da sociedade pelos serviços prestados nesse município. Em janeiro deste ano, completei 17 anos recuperado sem drogas e servindo ao Senhor”, comenta Alírio. Do novo relacionamento dele, teve mais duas filhas, com idades hoje de 14 e 13 anos.

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