Como lidar com a intriga dentro do lar

Como lidar com a intriga dentro do lar


“Irmãos, não faleis mal uns dos outros” (Tiago 4.11a)

A convivência familiar no lar é uma experiência que pode ser muito rica para o desenvolvimento humano. É em casa que identificamos as diferenças individuais e aprendemos a conviver com elas de forma harmônica, respeitosa e complementar. Assim, ao longo da vida, com esta base construída, ampliamos estratégias de relacionamentos através das oportunidades educacionais, profissionais, sociais e no serviço cristão, atividades que compõem o repertório das nossas ocupações diárias.

Os conflitos no lar são, às vezes, inevitáveis. Há motivações diferentes, temperamentos diferentes, necessidades específicas de cada membro da família, que, quando administrados com sabedoria, norteados pelo sentimento maior que é o amor de Deus, descrito de maneira prática na Bíblia Sagrada (1 Coríntios 13.4-8), são transformados em atitudes construtivas que propiciam o crescimento e fortalecimento dos laços afetivos da família.

Quando mal administrados, esses conflitos podem contribuir para que uma rede de intrigas seja estabelecida, comprometendo seriamente a harmonia familiar, o crescimento pessoal e a base para relacionamentos saudáveis durante o decorrer da vida.

A intriga é um substantivo feminino, com sete letrinhas apenas, mas com enorme capacidade de destruição, tendo como combustível a mentira, a fofoca, a calúnia e a difamação. A intriga é a maquinação (trama) secreta ou não, norteada por sentimentos egoísta para se obter alguma vantagem ou para prejudicar alguém.

A rivalidade e ressentimentos entre irmãos, plantados no coração dos filhos, às vezes pelos próprios pais e avós, através do favoritismo, podem gerar ódio e crueldade entre os irmãos. Na Bíblia, temos alguns exemplos, com as devidas consequências: Caim x Abel; Jacó x Esaú; José e seus irmãos etc.

A ausência de limites e disciplina gera a falta de parâmetros para os comportamentos infantis mais adaptados. A tendência natural da criança inteligente e com muita capacidade de percepção (Quanto mais rica a personalidade, maior a probabilidade de conflitos) é ser voluntariosa, fazer as coisas do seu jeito, se quiser e quando quiser, ou seja, crescendo entregue a si mesma, sem orientação e maturidade, que vem através do ensino, disciplina e limites para nortear o seu comportamento social e para fazer escolhas. Assim, ela poderá desenvolver sentimentos de inveja, egoísmo, insubordinação e, através da elaboração de intrigas, poderá alimentar a sua autoafirmação, semeando discórdia para conseguir vantagens.

O convívio dos irmãos em casa pode ser tenso e cheio de intrigas, quando sentimentos de inferioridade, baixa autoestima, ciúme, insegurança, a necessidade de competir pelo lugar do outro, o medo de ficar em desvantagem, invadem o coração dos nossos filhos, transtornando os bons pensamentos deles, originando as “tramas”, que, muitas vezes, não ficam restritas ao lar, mas se estendem aos outros ambientes frequentados por estas crianças e adolescentes, ou seja, na escola, igreja etc., criando situações de constrangimento para os pais, professores, colegas e amigos. Nestes casos, é importante que as situações sejam aproveitadas como oportunidade de crescimento e aprendizagem na administração de conflitos. “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não te porás contra o sangue do teu próximo. Eu sou o Senhor” (Levíticos 19.16).

É possível conseguir convivência saudável entre os irmãos. Rever os sentimentos que dão origem às intrigas, reconhecê-los e inverter o processo através da implantação do carinho, amor, respeito, reconhecimento dos talentos de cada um, ajudando-os a desenvolver autocontrole. A Bíblia nos mostra o exemplo de irmãos que conviveram em harmonia: Arão, Moisés e Miriã, filhos de Anrão e Joquebede (Números 26.59). Mesmo com diferenças, compartilhavam respeito entre eles e ministravam juntos.

A intriga pode ser instalada no ambiente familiar pela falta de acordo, ingrediente indispensável no relacionamento conjugal. “Como andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3.3). O diálogo, o companheirismo, a compreensão e a cumplicidade evitam desentendimentos maiores e intrigas que podem comprometer de maneira significativa a harmonia familiar. Em caso de desentendimentos, a reconciliação deve ser o mais breve possível, a fim de evitar que o inimigo destrua tudo o que foi construído. “Pois onde há inveja e espírito faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa” (Tiago 3.16).

A comunicação no lar deve ser pensada e trabalhada para que os ingredientes que a compõe sejam de primeira qualidade, pautados nos valores cristãos. Desde o maior até o menor, todos devem compartilhar da busca e resgate desses valores, que se tornarão padrão na prática em todo o lugar: em casa, na escola, na igreja etc. E então, os relacionamentos serão mais autênticos; as amizades, preservadas: e o nome do Senhor, glorificado!

por Sonia Pires Ramos

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