Na trajetória da Igreja, ocorreram algumas reuniões de caráter apologético que tiveram origem em meados do século 4 perdurando até o século VI. Neste artigo, destacaremos cinco confissões de fé cristãs desse período, que serão analisadas em seus vieses históricos e contemporâneos. Esse artigo reflete sobre propostas, defesas doutrinárias e a conscientização fiel formulada pelos Pais da Igreja ao longo dos séculos, uma organização sábia e indagativa de natureza teológica, social, esclarecedora e regimental. Este artigo foi desenvolvido por meio de fontes bibliográficas com o objetivo de evidenciar a importância histórica e verificar a atualidade dessas confissões. Tais confissões são diferentes em suas apresentações, mas todas convergiam para o controle e o combate das ideias heréticas. Os resultados mostram que a igreja defendeu seus pontos doutrinários até gerar frutos desses trabalhos, os quais haveriam de ser conhecidos como o Credo da Igreja, onde a visão de mundo cristã e a ampliação crítica do seio cristão teria status de civilizado. Essas confissões apologéticas serviram como afirmações e defesas das tradições do Cristianismo tanto para os leigos quanto aos acadêmicos e eruditos. Todos os representantes do Cristianismo precisavam de uma confissão de fé que lhes garantisse autoridade para agir contra as ameaças que viessem na contramão da igreja.
A Confissão de Fé dos Apóstolos
A respeito das tradições do Cristianismo no contexto dos
concílios, artigos de fé e credos, os estudiosos Filho, Gini e Souza relatam em
sua obra que “todos os componentes de determinado credo religioso podem ser objeto
da sua história, como doutrinas e práticas de fé, costumes e forma de organização,
formação de tradições dentro da religião, bem como sua relação com outras
tradições, por exemplo as raízes judaicas do Cristianismo ou do Islamismo” (FILHO;
GINI; SOUZA, 2017, p. 135).
A elaboração completa da Confissão de Fé dos Apóstolos
surgiu provavelmente por volta do ano 5 d.C. Apesar de levar em si o nome
apostólico, não se pode afirmar que o mesmo tenha sido formulado diretamente
pelos Doze apóstolos de Jesus Cristo, mas isso não vem ao caso, pois o que na
verdade interessa são os conteúdos que foram entregues ao seio cristão. A
versão católica romana do Catecismo Maior de Pio X o dividiu em 3 Artigos, já a
versão luterana em seu Catecismo Menor trouxe a divisão em 3 Artigos que privilegiam
a Criação, a Salvação e a Santificação (Wikipédia, 2017). É interessante notar
que as interpretações são secundárias. O que de fato é preciso entender são as
aplicações práticas e ortodoxas, percebendo-se que o Pai, o Filho, o Espírito Santo,
a Igreja Cristã, a Comunhão dos Santos, a Remissão dos Pecados, a Ressurreição
em Carne e a Vida Eterna constituem os 8 principais pontos da Confissão
Apostólica, o que mostra a sua natureza fiel.
A Confissão de Fé Nicena
A origem dessa confissão, com os seus três pontos de defesa
e um ponto de sentença, nos remete à cidade de Niceia do ano 325 d.C., onde se
reuniram aproximadamente 318 bispos de várias representações em nível mundial. Como
é apaixonante ler esses artigos que vertem sobre as refutações de teorias de
hereges que tentaram se infiltrar na vida da Igreja buscando corromper a fé
cristã. O objetivo principal dessa Confissão de Fé foi reafirmar a confiança na
Trindade como doutrina e afastarem dos arredores da Igreja as ideologias
nefastas do ex-presbítero Àrio. Menciona-se a crença no Pai, no Filho e no
Espírito Santo. Diferente da Confissão dos Apóstolos, a Igreja nessa Confissão Nicena
apresentou uma condenação aos hereges no caso, os que procuraram adulterar a
natureza divina e humana de Jesus Cristo.
A Confissão de Fé Nicena-Constantinopolitana
Uma melodia de crenças convictas no Pai, no Filho, no
Espírito Santo, na única Igreja, no único batismo, na remissão dos pecados, na
esperança da ressurreição dos mortos e na vida vindoura! “Esse Concílio aprovou
o Credo Constantinopolitano, também conhecido como Credo Niceno-onstantinopolitano,
pois a base dele é o Credo Niceno de 325 com a ampliação do artigo sobre o
Espírito Santo” (SOARES, 2020, p. 33). Nos oito principais aspectos tratados
pela Confissão Constantinopolitana dos assuntos acordados em Niceia, verifica-se
algumas retomadas dos credos anteriores. Além desse fator, uma nova abordagem é
percebida de forma clara, que é a equiparação do Santo Espírito com o Pai e o Filho.
No que die respeito ao estudo da personalidade do Espírito Santo como Deus, Soares
(220, p. 32) escreveu que “a definição pneumatológica aconteceu no Concílio de Constantinopla,
hoje Istanbul, Turquia, em 381”.
Confissão de Fé Calcedônica
De uma maneira muito diferenciada das confissões
precedentes, a confissão calcedônica enfatizou em todas as linhas de seu texto
que Jesus Cristo é o Filho de Deus, com aqueles que participaram do concílio em
calcedônia reafirmando as naturezas divina e humana de Jesus, enfatizando que
uma natureza não invalida a outra e que cada uma mantém a sua distinção. É
declarado que o Senhor Jesus possui ambas. A Cristologia permeia esse credo de
forma teológica e também bíblica. Holcomb (2012) esclarece que os objetivos
desse credo foram: negar a evolução de um homem ao patamar de Deus e a
involução de Deus ao patamar de homem. O equilíbrio é um elo entre as duas
naturezas de Jesus Cristo: Ele não deixou de ser Deus ao se encarnar e, em
termos contemporâneos, adquiriu uma segunda natureza - a humana. Holcomb (2012,
s.p) relata que “aproximadamente 370 membros se encontraram na Calcedônia em
outubro de 451 a fim de elaborar uma posição cristológica coerente que, de um
lado, repudiaria a heresia nestoriana a qual defendia a existência de duas
pessoas em Cristo e, de outro, a heresia eutiquiana (a qual reduzia Cristo a
uma única natureza)”.
Confissão de Fé Atanasiana
Aqui se faz necessário dizer que o credo atanasiano elenca
um conteúdo maior sobre cada pessoa da Trindade em coeternidade, em harmonia, no
mesmo nível de autoridade e de poder. Esses são outros pontos que buscam
retirar da cotidianidade as ideias perigosíssimas do ex-presbítero Ário. Nesse
contexto, Gabriel (2016, s.p) fala que, além de ser aceito pelas igreja romana
e a igreja ortodoxa, o credo é aceito “pelas principais igrejas protestantes,
dentre elas a igreja anglicana. Composto de 40 artigos, enquanto que o Símbolo
dos Apóstolos possui 12, nota-se o que foi defendido em Nicéia e posteriormente
em Constantinopla. Foi escrito para refutação da heresia ariana e defesa da
doutrina da Santíssima Trindade e da Consubstancialidade do Filho”.
A ideia de Trindade é muito polêmica, aceita por uns e rejeitada
por outros. Entendimentos diversos a respeito da mesma entraram como avalanches
nas comunidades cristãs e interpretações errôneas perturbaram alguns fiéis. Perguntas
sobre quem é maior ou menor na Trindade eram coisas naturais e sagazes de
oportunistas e heresiarcas, mas Silva (2017, p. 222), citando um dos artigos de
fé do Credo de Atanásio, escreve: “...e, nessa trindade, não existe primeiro
nem último; maior nem menor”.
Considerações finais
Os Concílios da Igreja ao longo da história tiveram
características normativas, instrutivas e regimentais da fé cristã. As
Escrituras Sagradas foram as bases que os bispos e responsáveis pela Igreja
usaram de maneira explícita. As reuniões em escala regional e às vezes mundial
para resolverem problemas comuns às comunidades eclesiásticas são outras
situações muito transparentes na elaboração das confissões de fé. De forma objetiva,
clara e direta, as confissões de fé estudadas condenaram heresias e ratificaram
a Trindade.
por Alailson Carias da Silva
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