O jornal The Jerusalem Post divulgou na quarta-feira, dia 15 de setembro, que a Universidade Hebraica de Jerusalém, instituição que tem se aplicado a pesquisas arqueológicas em Israel, encontrou o antigo camarote de luxo pertencente ao rei Herodes, no mesmo sítio do grande teatro cujas ruínas foram descobertas em 2008. O camarote de oito metros ficava na parte superior da construção e nos fornece uma vaga ideia da pompa daqueles dias que precederam o nascimento de Jesus. O governo de Israel pretende abrir brevemente o sítio à visitação.
Vários reis da Judéia, herdeiros da mesma família real, usaram
o nome de Herodes, mas foi o Grande Herodes o construtor de prédios entre teatros,
hipódromos, palácios, muros (coube a ele a ampliação dos muros da Cidade Santa)
e o próprio Templo. O ímpeto empreendedor somente pode ser comparado ao ímpeto destruidor,
uma vez que sua fúria fez assassinar amigos e inimigos, próximos ou não, membros
ou não de sua família; também massacrou crianças e rabinos. Hoje, calcula-se
que o soberano possuía, devido aos investimentos imobiliários, renda anual de aproximadamente
1,6 milhão de dólares, aproximadamente 3 milhões de reais. Disso restou o túmulo
da família, localizado numa praça em Jerusalém que precisou ser lacrada pela prefeitura,
devido ao recorrente acúmulo de lixo, tornando-se lugar de encontro de vadios e
mendicantes – nada que lembre a glória do passado.
“Construções” parece ser o assunto da atualidade em Israel, isso
devido às recentes discussões acerca da continuidade ou não das obras nos assentamentos
judaicos na região da Cisjordânia. Conforme noticiou O Estado de São Paulo, Mahmoud
Abbas ameaçou interromper as negociações de paz caso a pausa concedida por
Israel no avanço das construções não seja mantida. O líder palestino colocou a medida
como ação condicional aos passos previstos ao avanço do processo de paz, e é justamente
essa cláusula condicional, não acordada anteriormente, que Netanyahu contesta: “começamos
as negociações sem pré-condições e não se pode voltar a impor pré-condições cinco
minutos após as negociações começarem”. O congelamento [pausa nas construções] de
dez meses, decretado pelo premiê israelense em novembro do ano passado, deixa
de vigorar em 26 de setembro. “Sem congelamento não continuarei as negociações nem
por um minuto”, afirmou o líder palestino.
A repercussão da notícia, como usualmente ocorre, provocou reações
anti-Israel, principalmente naqueles que enxergam os assentamentos como formas de
ocupação, sem compreender o histórico dos acordos já assinados e a necessidade de
manter uma população israelense mesmo nas áreas que ainda são alvo de disputas.
Não é necessário ressaltar o perigo porque passa essa população em sua fé quanto
às fronteiras da promessa do Senhor ao povo, segundo a Sua palavra. Menciono a fé
pela lembrança, sempre necessária, de que os colonos não estão ali porque foram
forçados, nem estão arriscando suas vidas e as de seus familiares por desejos
expansionistas, mas por fé.
De fato, construções são feitas pelos mais variados motivos.
Algumas pela vaidade, outras por necessidade, outras por ódio... O Templo construído
por Herodes acabou em ruínas, bem como o fulgor das edificações babilônicas ou as
jóias helênicas. O que restou do antigo Egito nada mais são do que túmulos de reis.
Ora, que poder possui um rei em seu túmulo? Pudesse ele romper as cadeias da morte
e levantar-se acima das pedras que o sepultam, aí sim estaria resguardado seu trono
e ressaltado o seu domínio. De outra sorte, é apenas mais um dos filhos de Adão
voltando ao pó da terra, de que é feito. Nos dias de Jesus, dentre os conhecidos
partidos político-religiosos (essênios, fariseus, saduceus, zelotes) figuravam os
herodianos. Enquanto os fariseus pretendiam o retorno fiel à Torah, era intenção
dos herodianos a manutenção do ‘status quo’ político, com a permanência da
família de Herodes no poder, para que lhe fossem asseguradas as benesses que
qualquer virada política ameaçaria furtar. Seu interesse não era o povo, mas o
amor ao dinheiro e às honrarias daquele que o possui. A construção que lhes
seduzia os olhos era a do próprio montante financeiro. A comparar com o líder de
quem emprestaram o nome, também eles escondiam, por traz de uma preocupação com
as pedras, escusos interesses. Se do balcão luxuoso de um teatro, outrora, Herodes
assistiu aos espetáculos montados para o prazer do rei, há dois mil anos seus
seguidores espreitaram sem o mesmo prazer um homem filho de carpinteiro pregar uma
mensagem de renúncia, ensinando os homens a desviarem o olhar das pedras e o
erguerem aos céus, buscando-o em primeiro lugar. Os herodianos odiavam Jesus e
o Mestre lhes conhecia as motivações.
A fixação herodiana pelas construções, mesmo hoje, não entende
a edificação de lares, mas investe e divulga as fabulosas cidades sobre águas, os
grandes edifícios no deserto, os hotéis de ‘mil e uma noites’ para o regalo dos
reis da terra. E porque aos reis é dado o regalar-se, qual o motivo de mudar-se
o status quo?
Jesus disse acerca do Templo que não restaria pedra sobre
pedra. Para alguns, isso foi cumprido no ano 70 de nossa era, através da fúria
ordenada por Tito. Para outros, apenas a varredura através das águas brotadas da
boca do dragão dará definitivamente conta de arrastar o remanescente dos blocos
de pedra que ainda persistem no lugar. Trata-se da inundação prevista para
acontecer durante o reinado da besta nos tempos que breve virão, e que arrasará
a Cidade Santa. Ao remanescente do povo escolhido, as águas não alcançarão, pois
a terra abrirá sua boca e eles seguirão rumo ao abrigo que o Senhor já preparou
no deserto. O Senhor não está voltado para o restolho das pedras, mas para o remanescente
fiel de uma nação. Por esse amor, muitos quiseram apedrejá-lo. No entanto, a relação
do Senhor com as pedras é de outra ordem. Ele é a pedra que os edificadores
rejeitaram – a principal delas. Compara-se à rocha, mas é Criador e sustentador
dos montes. Transforma corações de pedra em corações de carne – muda a essência
da pedra. A pedra O sepultou – o Pai O ressuscitou dentre os mortos, fazendo-O romper
o poder da mais rígida edificação, dá mais escura caverna, elevando-O às alturas,
proclamando-O Rei dos Reis.
por Sara Alice Cavalcante
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