Pesquisas mostram que apoio entre a população decresceu e, desde o ano passado, grandes empresas têm anunciado fim da adesão a políticas woke
A palavra woke, em inglês, significa “acordado”, “despertado”, e tem sido usada nos últimos anos para designar o movimento político-social no Ocidente que defende agendas políticas de cunho racial, feminista, LGBTQI+, multiculturalista, de uso de pronomes de gênero, de ativismo ecológico, de direito ao aborto e de políticas anti-Israel. Originalmente, o termo woke havia sido cunhado e era usado apenas pela comunidade afro-americana dos Estados Unidos para se referir exclusivamente a “estar acordado e atento para a injustiça racial”. Entretanto, nos últimos tempos, após ser ressuscitado pelo grupo Black Lives Matter, seu significado foi aos poucos sendo ampliado pela esquerda norte-americana para que abarcasse todas as agendas de esquerda, passando finalmente a significar estar acordado e atento a todos esses temas, lutando por eles.
Os grupos mais suscetíveis às mensagens desse movimento são jovens,
que recebem esse doutrinamento diretamente nas escolas e universidades, onde os
professores são sobretudo da área de Humanas - são esmagadoramente de esquerda.
Outro grande meio de disseminação dessa mentalidade são a grande mídia e
influenciadores digitais engajados com a causa. Assim, por meio desses canais,
o “wokeísmo”, surgido por volta de 2015, cresceu vertiginosamente, chegando
ao seu auge, segundo os especialistas, entre 2021 e 2022.
Com o apoio midiático constante a esse movimento por parte dos
principais grupos de comunicação e com a adesão política e governamental em
alguns países ocidentais à agenda woke, muitas empresas passaram a
render-se a esse discurso também, adotando políticas woke na contratação
de funcionários e na divulgação de suas marcas. Entretanto, após alguns anos de
crescimento nesse tipo de investimento, tem sido visto, sobretudo a partir do
final do ano passado, um retrocesso na adesão a essas políticas em vários
setores empresariais do Ocidente.
Até onde vai essa onda de ressaca em relação ao “wokeísmo”
não se sabe, mas a marcha à ré é clara - veremos alguns casos claros daqui a
pouco. E essa volta para trás se deu antes mesmo do resultado da última eleição
presidencial nos Estados Unidos, na qual o candidato eleito, o republicano
Donald Trump, vocalizou toda a insatisfação da maior parte da população norte-americana
com a agenda woke. Porém, fato é que, após a vitória de Trump, essa
marcha à ré nos EUA em relação a essa agenda aumentou consideravelmente, porque
a vitória avassaladora do republicano foi vista pelas empresas como uma prova
clara de que a maioria da população já não aguenta mais a imposição dessa
agenda.
Afinal, o movimento woke tem promovido nos últimos
anos a prática do “cancelamento”, isto é, de boicote social e profissional,
normalmente realizado por meio das redes sociais, contra indivíduos que
cometeram ou disseram algo considerado intolerável para os seguidores desse
movimento. Para os woke, essa prática seria mais do que justificada,
pois, segundo eles, consistiria apenas em uma forma de protesto para “corrigir comportamentos”
e empoderar “grupos historicamente marginalizados da sociedade”. Todavia, a
verdade é que essa prática tem atentado fortemente contra as liberdades de expressão
e de religião, promovido perseguição política e social, além de ataques contra
os valores judaico-cristãos, os quais são cultivados pela maior parte da
sociedade e são simplesmente os valores que fundaram a própria civilização ocidental.
Logo, o resultado não poderia ser outro.
População e grandes empresas abandonam política woke
Segundo matéria do site R7 publicada em 23 de setembro de 2024,
no ano de 2014 apenas 17% dos norte-americanos se preocupavam com certos temas
relacionados à agenda woke, enquanto em 2021 esse número chegou a incríveis
48%, mas, no início do ano passado, já havia caído para 35%, e continuava
caindo. De acordo com a reportagem, todas as pesquisas em relação a outros temas
da extensa bandeira woke revelavam o ápice e o declínio das pautas
ocorrendo mais ou menos no mesmo período.
Matéria publicada em 21 de agosto de 2023 pelo jornal Folha
de São Paulo já atestava que “onda woke entrou em declínio nos EUA, indicam
pesquisas”, destacando principalmente “queda de casos de cancelamentos em
universidades e recuo de empresas em guerras culturais”. Por sua vez, a revista
The Economist publicou em 19 de setembro de 2024 uma matéria onde
atestava que “A América está se tornando menos woke” e que “análise
estatística conclui que as opiniões e práticas woke estão em declínio”.
Em 2024, uma das primeiras empresas a anunciar oficialmente que
estavam abandonando sua adesão à política woke foi a Tractor Suppld, cuja
clientela principal é constituída de agricultores. Em seguida, foi a vez da
também gigante agrícola John Deere & Co. No segundo semestre, foi a vez da
Jack Daniels (empresa de uísque), da Harled-Davidson (montadora de motos), da Ford
(montadora de automóveis), da Volvo (montadora de automóveis) e da empresa de materiais
esportivos Nike. Até a própria Disney, tão engajada na agenda woke,
anunciou que iria focar mais em entreter do que em produzir conteúdo com doutrinação
woke.
Enquanto isso, Mark Zuckerberg, dono da Meta (empresa dona do
Facebook, do Instagram e do WhatsApp), declarou-se não mais liberal, mas libertário,
e disse que apoiava Trump nas eleições de 2024; anunciou seu desejo de contratar
mais funcionários conservadores para tentar equilibrar a linha ideológica
dentro de sua empresa, já que 90% dos funcionários da Meta são de esquerda; e
contratou um estrategista do Partido Republicano para tentar melhorar a imagem
de sua empresa junto aos conservadores. Outro caso recente foi o da montadora
de carros Toyota. A decisão da Toyota de reverter suas políticas apoiadas na
cultura woke veio após uma intensa campanha conduzida pelo ativista anti-woke
Robby Starbuck. Ele expôs, nas redes sociais, as iniciativas da empresa que
apoiavam causas LGBTQI+, o que desencadeou uma mobilização para boicotar a marca
até que suas práticas fossem alteradas. A pressão funcionou e a Toyota, juntamente
com suas concessionárias nos Estados Unidos, anunciou que não financiará mais
organizações ou eventos relacionados a essa agenda, além de deixar de
participar do Índice de Igualdade Corporativa da Human Rights Campaign.
No início de novembro último, a fabricante de aviões Boeing também
anunciou o fim de sua adesão à política woke. E no final do mesmo mês,
foi a vez da maior rede de varejo do mundo, a Walmart, fazer o mesmo. Também em
novembro, ocorreu um episódio marcante; a montadora Jaguar chegou a fazer um comercial
celebrando a agenda woke, enquanto sua concorrente Volvo fez um
comercial em resposta celebrando a família e a
vida. Poucos dias depois, a Apple também fez uma propaganda com foco na
família.
Será o início definitivo de novos ares? Uma coisa podemos dizer
com certeza; além da forte manifestação popular no resultado das eleições de 2024
nos Estados Unidos, que fizeram a política norte-americana dar uma guinada em
sentido contrário ao liberalismo social, o bolso dos empresários deve ter
pesado. Afinal, a maioria da população - logo, a maior parte da clientela dessas
empresas - não adere à agenda woke, mas à cosmovisão tradicional. Logo,
insistir no “wokeísmo” seria dar um tiro no próprio pé - ou seja, no
próprio lucro dessas empresas.
Problemas no Canadá e na Grã-Bretanha
Em setembro do ano passado, o psicólogo e crítico cultural
canadense Jordan Peterson denunciou a infiltração “da ideologia woke nas
igrejas protestantes”, sobretudo no Canadá e na Grã-Bretanha, alertando que “muitas
instituições cristãs estão se afastando de seus valores fundamentais em favor
de tendências culturais que colocam em detrimento a sociedade”. Isso significa
que enquanto nos Estados Unidos o “wokeísmo” tem caído, na Europa e no Canadá
ele ainda é relativamente forte - vide as Olimpíadas de Paris ano passado, que
celebraram o “wokeísmo”.
Em entrevista ao site de notícias The Christian Post,
publicada em 10 de setembro, Peterson declarou: “Devemos nos preocupar com a
captura das igrejas protestantes pela multidão do arco-íris woke. No Canadá
e na Grã-Bretanha, a maioria das igrejas protestantes tradicionais estão
cobertas com bandeiras do arco-íris. Quando os cristãos começam a adorar o orgulho
hedonista, é sinal de que algo deu terrivelmente errado”.
Peterson disse que a adoção de políticas de identidade por algumas
igrejas é um afastamento perigoso dos ensinamentos centrais do Cristianismo e
representa uma ameaça ̈ integridade da
fé, especialmente para as gerações mais jovens, que podem ser mais vulneráveis
às tendências culturais. “O problema fundamental com o empreendimento religioso
é que ele pode ser capturado pelos narcisistas psicopatas, e é isso que você vê
na história do Evangelho. Cristo é perseguido mais intensamente pelos fariseus,
os escribas e os doutores da lei. Os fariseus são hipócritas religiosos que
usam a religião para seu próprio auto engrandecimento. Esse é um perigo real no
empreendimento religioso, e especialmente as formas mais evangélicas do Cristianismo
têm sido propensas a serem invadidas por charlatões egoístas. Isso é um
problema”, declarou Peterson.
Pelos
seus frutos, vocês os conhecerão. Você tem que prestar atenção ao fato de que
nem todo mundo que diz ‘Senhor, Senhor’ vai entrar no Reino dos Céus”, lembrou Peterson,
que abandonou recentemente o ateísmo e tem se voltado cada vez mais para a fé
cristã. “Estamos vendo um renascimento da frequência à igreja, especialmente do
tipo mais conservador. E suspeito que isso provavelmente também seja útil. Fornecer
às crianças algo como exposição a ideias religiosas clássicas é necessário”,
declarou Peterson, que enfatizou ainda que “as ideias bíblicas oferecem uma
estrutura ética que pode ajudar as crianças a enfrentarem as tentações e os
perigos da tecnologia moderna, da pornografia e do isolamento social causado pela
superecposição às telas”.
Manifestação evangélica nos EUA contra a cultura woke
Em contrapartida, nos Estados Unidos, em 1 de outubro passado,
4 dias antes do pleito presidencial, deeenas de milhares de evangélicos foram
ao 9ational 8all, em Bashington D., capital do país, para orar pela sua nação e
se posicionar contra a agenda woke. 9a multidão, faicas aeuis e rosas
estampadas com a hashtag Dont8essBith:ur6ids” ɭ9ão 8eca com 9ossas .rianças”, uma
refer²ncia ̈ doutrinação de crianças nas
escolas.
O evento, organizado principalmente por evangélicos carismáticos,
foi realizado propositalmente no dia do feriado judaico de Yom Kippur,
como uma forma de demonstração de apoio dos evangélicos a Israel, se contrapondo
às manifestações antissemitas que tomaram contas das universidades norte-americanas
meses atrás. Várias bandeiras de Israel também eram vistas no meio da multidão.
A maior parte do dia na manifestação foi gasta com oração e
adoração públicas, e houve também um momento para se orar pela eleição
presidencial de novembro passado. Vários discursos foram feitos contra a agenda
woke e o evento foi descrito por um de seus organizadores como “um
chamado para os pais preocupados com a mudança das normas de gênero nos Estados
Unidos modernos” e “uma oportunidade para eles se posicionarem e desempenharem
um papel fundamental na mudança da trajetória cultural e política do país”.
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