Ele foi poupado pelo Senhor, que o vocacionaria ao pastorado tempos depois
Na noite de 17 de novembro de 1979, o jovem Edson Alberto Ramos estava acompanhado de um grupo de jovens em sua residência. Após um lanche, eles se reuniram para orar ao Senhor. Naquele momento, com os olhos cerrados, ele ouviu uma voz lhe dizer: “Você vai morrer amanhã”. Assustado, pediu a Deus que preservasse sua vida, pois se lembrou que nunca havia anunciado a Palavra de Deus e queria anunciá-la pelo resto de sua vida. Edson tinha 15 anos.
No dia seguinte, o animado grupo estava a bordo de um carro
rumo a um passeio no litoral paranaense. Para aqueles jovens, tudo parecia
normal e prazeroso, mas seus projetos acabaram sendo interrompidos quando o
veÃculo chocou-se frontalmente com um caminhão. Edson lembra o horror de
observar os demais ocupantes do carro estirados no asfalto, ensanguentados pela
brutalidade do acidente que os vitimou. “Infelizmente, os cinco demais
ocupantes do carro onde eu estava faleceram neste acidente, incluindo duas das
minhas irmãs, dois filhos do saudoso pastor Matheus Iensen e mais um jovem que
estava conosco naquele fatÃdico dia”, lembra.
Cerca de quatro horas após a tragédia, seus pais foram
chamados ao pronto-socorro do Hospital Cajurú, em Curitiba (PR). Os genitores não
conseguiram reconhecê-lo inicialmente, pois o seu rosto estava desfigurado.
“Todos os ossos da minha face estavam quebrados (disjunção crânio-facial), meu olho
direito fora do lugar, além de diversas fraturas nos braços e lesões na perna
esquerda. Fui submetido a estabilização das fraturas nos braços e cirurgias
para reconstrução do rosto. Deus instrumentalizou as mãos do médico para reconstruir
minha face”, recorda. O drama de Edson não parou com as lacerações: ele também
sofreu um choque anafilático no quarto dia de internação, com uma série de
convulsões. No atendimento emergencial a fim de salvar sua vida, os médicos
constataram uma meningite pós-traumática.
“Meus pais foram retirados do local onde eu estava. Do lado
de fora, minha mãe e uma prima oravam ao Senhor. Em meio ao clamor, minha prima
teve uma revelação divina em que eu estava no leito e seis médicos e
enfermeiros em volta, e uma forte luz sobre mim, como manifestação da presença
do Senhor, levando-a a exclamar: ‘Tia, Ele está lá!’. Ela reiterou essa fala por
algumas vezes e somente depois esclareceu que era o Senhor quem estava naquele
lugar cuidando de mim”, conta. Após longa espera, o neurologista chefe da
equipe disse que a situação era desalentadora e que o quadro, extremamente
grave. “Foi realizada punção do liquor cefalorraquidiano (lÃquido que circula no
cérebro e medula espinhal). Ele constatou que estava muito turvo, indicando
estar tomado de infecção. ‘Se ele sobreviver, talvez jamais recupere a
consciência e certamente restarão graves sequelas, que vão afetar fala,
compreensão ou movimentos’, disse”, lembra Edson.
Na manhã seguinte, uma funcionária entrou no quarto para realizar
a manutenção costumeira e o paciente surpreendeu a todos ao dizer Ã
funcionária: “Ei, moça, está vendo aquele crucifixo ali?”. Novamente, ele
indagou à moça, que demonstrou espanto. “O meu Jesus não está morto como a
imagem mostra, mas está vivo e mora dentro do meu coração e hoje quer morar no
seu coração!”. Edson havia presenciado o milagre em sua vida: ele retornou do
coma e já compartilhava o amor de Deus. “Naqueles dias, o saudoso pastor José
Pimentel de Carvalho visitou-me e disse que eu havia sobrevivido para anunciar
a grandeza do Senhor Jesus e Sua Palavra. Quando retornei para casa, após
semanas internado, a minha mãe disse para mim: ‘“Filho, Deus te preservou para
que sejas um pastor’. Tive a oportunidade de pregar a salvação em Cristo em
diversas cidades do Brasil”, relata.
Somente em maio de 1980, seis meses após o acidente, Edson
conseguiu voltar à s aulas no perÃodo das últimas provas do ano letivo anterior,
tendo êxito e conseguindo aprovação. “Lembro-me que, ainda convalescente, fomos
com uma equipe de jovens participar de um culto na capela do Hospital
Evangélico, quando um dos lÃderes subitamente me chamou para pregar. Abri a
BÃblia e anunciei pela primeira vez a Palavra de Deus”, recorda. Tempos depois,
um amigo próximo, pastor Rui Lemes, disse que seu vizinho havia testemunhado o acidente
e que, durante o resgate das vÃtimas, vira que um rapaz levantou e cambaleava
ensanguentado pela pista, tendo que ser contido. “Minha memória destravou e
lembrei que era eu, que não enxergava, não sabia onde estava e perguntava pela
minha irmã mais velha. A lembrança foi aterrorizante, pois recordei do profundo
medo e solidão que senti caÃdo no acostamento da estrada, sendo contido por
pessoas estranhas que diziam: ‘Calma, meu filho, foi um acidente’. Essa lembrança
me levou a indagar que Deus havia me abandonado naquela estrada, causando a
falsa sensação de que não era amado por Deus. Carreguei este trauma por mais de
uma década”, recorda. Mesmo anunciando a Palavra de Deus e portador do milagre
de ter sido poupado, havia uma inquietação em sua alma que ninguém era capaz de
entender. Edson sentia uma imensa sensação de abandono. Em 1990, quando ele e sua
famÃlia moravam em BrasÃlia, ele chegou em casa muito preocupado com a
possibilidade de demissão. “Pedi à minha esposa e meu filho permanecerem no quarto,
busquei a Deus em oração e o Senhor falou comigo: ‘Filho, aquele acidente não
foi da minha vontade. Preservei tua vida para que anuncie a minha Palavra’. Ali,
o Senhor curou a minha alma ferida!”.
Hoje, pastor Edson Alberto Ramos e sua esposa Kátia celebram
37 anos de feliz matrimônio junto com os filhos Augusto, Vitória e o adotado
Carlos, sem esquecer os netos Antônio, Pedro e Wheza. O ministro continua sua
missão de divulgador do Evangelho além de exercer a advocacia e a prática da Teologia
em suas preleções Brasil afora. Irmão Edson é pastor-auxiliar na AD em
Curitiba, liderada pelo pastor Wagner Gaby.
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