A manjedoura aponta para a cruz

A manjedoura aponta para a cruz


Ao longo da narrativa vete-rotestamentária, encontramos profecias e sinais sobre o nascimento do Filho de Deus. Uma das evidências mais pungentes de Sua vinda a este mundo se manifesta em Gênesis 3.15 e perpassa toda a Lei e os Profetas. Inclusive, o último livro do Antigo Testamento prenuncia esse feito. Assim nós lemos em Malaquias 3.1: “Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos”.

Essa profecia é tradicionalmente ligada a João Batista, cuja missão era preparar mentes e corações para a chegada do Messias, o Menino Deus. Esse texto ressalta a continuidade do plano divino, ligando as promessas do Antigo Testamento à sua realização em Cristo. É evidente que o nascimento de Jesus também foi profetizado por outros profetas, como Isaías, que nos relata que a virgem conceberia e daria à luz um filho, que seria chamado de Emanuel, bem como sua alimentação (Isaías 7.14-16). O profeta Miquéias anunciou o nascimento do Messias em Belém, e descreveu o Salvador como um pastor. “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. [...] E ele permanecerá, e apascentará ao povo na força do Senhor” (Miquéias 5.2,4).

O que nos impressiona, além das profecias, é o lugar onde o Salvador Jesus nasceu. Lucas nos diz: “E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lucas 2.7). Por que Jesus, nosso Salvador e Rei, nasceu em um lugar tão humilde entre os animais? E por que Maria o colocou numa manjedoura? Todos nós, cristãos, ficamos incomodados com essa cena: o Filho de Deus em lugar tão inapropriado para um Deus, Salvador e Rei. Não merecia Ele um lugar melhor, mais agradável, com uma arquitetura de realeza? Mas Jesus veio até nós com extrema humildade, despossuído de privilégio e de luxo. Deus se tornando homem – isso traz uma grande mensagem para a humanidade. Ele se tornou acessível a todos, sem barreiras, sem obstáculos e sem palácios. Ele permite que qualquer pessoa se encontre com Ele em qualquer lugar e em qualquer hora. Nada e nem ninguém impede nosso acesso à Sua presença.

Nosso Deus veio até nós em um berço de madeira e envolto em panos. Aqui, temos elementos que apontam para a cruz do Calvário, Seu destino final nesta terra. Perceba que Ele foi colocado em um berço de madeira, a mesma matéria-prima com que fabricaram a cruz. E os panos que envolveram Seu pequeno corpo por Sua mãe Maria nos lembram dos panos que envolveram Seu corpo quando O colocaram no sepulcro, e que foram deixados dobrados após Sua ressurreição. Jesus veio a este mundo numa manjedoura, mas com destino decidido de padecer na cruz. João nos diz: “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29). A teologia joanina nos revela perfeitamente o objetivo central de Sua vinda e missão: ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Pelo Seu sacrifício na cruz, Ele se manifestará novamente para nos levar: “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Hebreus 9.28).

por Esdras Cabral de Melo

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