Israel persevera diante dos ataques de seus inimigos

Israel persevera diante dos ataques de seus inimigos


Na carta do apóstolo Paulo aos irmãos da cidade de Éfeso (6.18), a palavra para perseverança é o grego ‘proskarteresis’, que tem o sentido de ‘constância’, ‘paciência’ e ‘persistência’. Derivamos do termo os conceitos de ‘frequentar constantemente’, ‘continuar inflexivelmente’, ‘aderir firmemente’ e ‘apegar-se a’ algo ou a alguém, conforme o dicionário Douglas. Seja um barco aguardando ‘pacientemente’ que o Senhor Jesus encerre suas preleções do dia para afastá-lo da multidão, ou a viúva importunando o juiz até que sua causa seja ouvida, a perseverança é marca dos fiéis, que aguardam com confiança a intervenção de Deus.

Josué (cap 10) deu-nos um exemplo dessa perseverança na campanha que empreendeu em defesa dos gibeonitas, atacando as forças conjugadas de cinco reis amorreus. Atendendo a um pedido de socorro, o líder militar empreendeu com seus soldados uma marcha noturna de 25 km visando um ataque surpresa contra os inimigos. Seus opositores entraram em fuga pela região elevada, o que levou os soldados a fazerem uma escalada diurna de cerca de 570 m até BetHorom. A fuga prosseguiu e a perseguição também. Ciente de que não poderia deixar escapar seus inimigos, Josué, pretendendo alcançar o máximo de sucesso na empreitada, deteve pela fé o curso do Sol e da Lua, até que pudesse vencê-los. Quando notificado de que os reis amorreus haviam se refugiado numa cova em Maquedá, emitiu ordem para que pedras fossem colocadas na abertura, impedindo sua saída. Após perseguir o restante dos inimigos em fuga, passou a tratar com os reis detidos, retirando-os da cova, imobilizando-os e destruindo totalmente a força contrária.

Estudiosos de guerras costumam chamar a estratégia usada pelo filho de Num de ‘exploração da vitória’. Citam, inclusive, casos em que tal recurso não foi devidamente usado, ocasionando a derrota da força combatente. Foi o caso de Wellington, na retirada dos franceses após a Batalha de Talavera (1805) e da derrota de Napoleão, que não deu segmento à sua vitória, ocorrida em Ligny (1815), contra a Prússia, dando chance ao Marechal Blücher para reorganizar seus aliados e derrotá-lo na conhecida Batalha de Waterloo. Dar tempo e oportunidade para a reestruturação do inimigo sempre se mostrou um erro tático repleto de terríveis consequências. Deter-se diante de vitórias ocasionais sem aproveitar o momento, portanto, sem explorá-lo, parece ser o erro que o governo israelense recusa cometer.

Desde o ataque sofrido no dia 7 de outubro, durante a festividade de Sinchat Torah (Alegria da Torá), as Forças de Defesa de Israel têm debilitado a estrutura do Hamas em Gaza e sofrido os ataques do Irã e do Hezbolah, furiosos por verem sua rede terrorista sofrendo importantes baixas. Os contra-ataques são cruéis e afetam não apenas judeus, mas, recentemente, provocaram morte e terror à comunidade drusa do norte de Israel, mais especificamente a crianças que participavam de atividades esportivas. Sem qualquer critério, os terroristas desrespeitam lugares tidos como neutros, ocultando-se em escolas, hospitais e centros humanitários. A necessidade de encontrá-los atrás dessa ‘cova’ de ocultação provoca críticas severas a Israel por parte da imprensa internacional, que não compreende, em sua maioria, a necessidade imperativa de por fim ao terror.

Toda essa empreitada cobra elevado preço à sociedade israelense, hoje atravessando sensível queda em seu Produto Interno Bruto e tendo os gastos públicos disparados para apoiar os esforços militares. Famílias e empresas enfrentam instabilidade e fazem grandes esforços para atender às necessidades básicas do país. Reservistas (mais de 300 mil) foram chamados e isso significa um enfraquecimento na força de trabalho local. Além disso, cerca de 150 mil trabalhadores oriundos de Gaza estão impedidos de transitar, ocasionando uma baixa no volume de mão de obra, atrasando projetos de construção e de restauração imobiliária. Ministérios como o ‘FeedIsrael’ fornecem pacotes com refeições e itens de sobrevivência para os cidadãos, com o compromisso, segundo eles, de “além de fornecer alívio imediato; [...] garantir que cada indivíduo e família afetados recebam suporte abrangente durante esses tempos difíceis”. Também a Embaixada Internacional Cristã em Jerusalém, que mantém sua celebração da Festa dos Tabernáculos marcada para o período de 16 a 23 de outubro, emitiu em seu informativo nota de alerta aos cristãos, lembrando que a oração é, ainda, a nossa arma mais poderosa. A Embaixada segue, paralelamente, em seu trabalho de fornecer ambulâncias (5 em 2024) e dezenas de refúgios antibombas, muitos deles enviados para a fronteira Norte de Israel.

Enquanto isso, em Haya, a Corte Internacional de Justiça declarou a presença de Israel no coração da Judeia, Samaria, e na Jerusalém Oriental como uma “ocupação ilegal”. A fala dos representantes da Corte foi recebida por Avi Bell, professor de direito israelense, como uma instrução à comunidade internacional para continuar sancionando e boicotando Israel em vários campos. Segundo ele, “a intenção é despojar completamente Israel de sua legitimidade e direito de autodefesa”. Movimentos cristãos, em contrapartida, apresentaram um decreto à Corte apoiando os direitos judeus sobre a terra e advertindo sobre as graves consequências de se estimular a repartição do território, conforme mencionadas no livro do profeta Joel (3.1-3).

As campanhas de oração, de apoio material e de advertência compõem um adicional de suporte imprescindível a Israel, enquanto este enfrenta a guerra jurídica junto aos organismos internacionais, a guerra midiática repleta de falsas e distorcidas informações, e a resistência armada aos inimigos múltiplos em várias frentes, algumas delas levantadas apenas para desviar a necessária atenção e recursos para o total controle da região de Gaza.

A perseverança do incansável Josué serve de estímulo e exemplo para que Israel avance e consiga o objetivo de pôr fim à infiltração terrorista em seu legítimo território. Descansar diante dos primeiros triunfos seria um erro tático impossível no presente momento. Importa prosseguir firmemente, sem desfalecer, ao mesmo tempo em que a Igreja ora pelos inocentes em toda e qualquer nação, clamando por salvação das vidas, provisão aos desvalidos e cura para os feridos, quer sejam suas feridas físicas ou emocionais. No íntimo, no coração dos intercessores, fica a súplica para que o Príncipe da Paz inaugure brevemente a paz duradoura a que tanto ansiamos.

por Sara Alice Cavalcanti

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