Ele foi liberto da criminalidade por meio do poder do Evangelho

Ele foi liberto da criminalidade por meio do poder do Evangelho


O baiano Gil Carlos foi preso pelos seus crimes e, atrás das grades, alcançado pela Palavra de Deus, que lhe proporciona hoje uma vida digna

Se a vida pregressa de Gil Carlos Pereira de Jesus, membro da Assembleia de Deus em Salvador (BA), liderada pelo pastor Israel Alves Ferreira, pudesse ser resumida em uma palavra, a mais adequada seria “revolta”. A traumática infância marcada pela rejeição de seus pais o conduziu à criminalidade devido à convivência com a avó materna, envolvida com o tráfico da maconha. Ele se recorda de suas viagens pelas empoeiradas estradas do Estado da Bahia, tendo como companhia um jerico, em cujos lombos repousava a sinistra carga para ser negociada nas regiões próximas à capital. A perniciosa influência dentro daquele “lar” e a ausência de seus tutores legais contribuíram para a formação de um gênio violento, disposto a descontar na sociedade as frustrações de uma infância perdida, comprometida com a criminalidade.

“Nasci em 31 de março de 1978 e sou natural da cidade de Juazeiro da Bahia, mas aos oito anos fui morar com a minha avó, em Salvador. Por essa época, ela já agia à margem da lei, pois mantinha uma plantação da erva no quintal de casa. O nome dela era Tereza Casaes e durante esse período nunca conheci meu pai, mas apenas a minha mãe”, recorda Gil. Abandonado pelos pais, tornou-se menor carente pelo fato de sua “tutora” não lhe dar a atenção necessária. Diante dessa dramática situação, o menino não viu outra alternativa senão vagar pelas ruas de Salvador. Durante essas andanças, o pequeno começou a sua “carreira” no crime, quando efetuava pequenos furtos no comércio local. À noite, retornava para casa onde tentava conciliar o sono com a necessidade de um padrão de vida adequado. O tempo passou e quando atingiu a idade de 13 anos, teve seu primeiro contato com elementos ligados ao tráfico na região. Dessa forma, o rapaz mergulhou no submundo, tendo inclusive adotado o apelido de “Seco Caveira”, elaborado pelo cabo Nelson, militar falecido e seu inimigo que procurava a sua morte.

“Fui traficante de narcóticos e também fiz parte de várias quadrilhas. Eu tinha prazer em ver o medo estampado no rosto das pessoas. Fui caçado pela polícia, mas o Senhor foi misericordioso comigo. Ele chegou primeiro e me livrou. Eu posso dizer que a melhor experiência que tive foi receber Jesus Cristo como meu Salvador pessoal”, recorda.

Durante um assalto, Gil tentou esquivar-se das autoridades e evitar a sua detenção, mas o bandido não conseguiu evitar o cerco dos policiais e acabou atrás das grades na unidade penitenciária Lemos de Brito, em Salvador. O rapaz de apenas 19 anos engrossou as estatísticas de prisão de jovens criminosos no Brasil, muitos deles oriundos de lares desfeitos, tendo sofrido maus tratos e sem expectativa de vida. Apesar disso, Gil não sabia que sua detenção também fazia parte de um plano elaborado por Deus no sentido de resgatá-lo do seu cruel destino. “Cheguei a pensar que ficaria lá para sempre”. Ele foi acusado de formação de quadrilha, homicídio e estelionato. O acusado enfrentou o tribunal, acabou condenado e sentenciado a 20 anos de detenção.

Conduzido para a colônia penal Lemos de Brito, Gil percebeu que precisava de ajuda para reconstruir a sua vida, e que toda a ilusão como marginal temido e respeitado pelas pessoas desvaneceu como neblina. Mas, nesse ambiente permeado de dor e ódio, surgiu um raio de esperança para o detento alquebrado pela opressão do pecado. Gil teve o primeiro contato com o Evangelho. Em 1997, a penitenciária recebeu a visita de uma equipe de evangélicos dispostos a anunciar Jesus Cristo aos detentos. Nesse momento, ele estava no pátio, curtindo o seu “banho de sol”, quando foi convidado por um dos integrantes do grupo de evangelização para participar do culto que seria realizado naquele local. O jovem infrator aceitou o convite imediatamente.

“Não recusei o convite, porque precisava de uma solução para o meu sofrimento e quando me sentei com os demais detentos e escutei a Palavra de Deus, percebi que o vazio dentro do meu coração desapareceu e havia esperança para mim”, recorda.

Convertido graças à atuação do Espírito Santo, o jovem mudou radicalmente o seu comportamento, o que chamou a atenção das autoridades. O antigo malfeitor não ambicionava nada mais além de seguir o seu novo Mestre e, finalmente, reaver algo que lhe foi tirado como consequência de seus atos: a liberdade. Ao cumprir nove anos de cárcere, o jovem recebe o alvará de soltura, fruto do novo perfil apresentado após a sua conversão e do trabalho da Defensoria Pública. Gil ficou surpreso. Em seguida, ele procura o Centro de Recuperação Resgate e a Vida, mantido pela Igreja Batista em Salvador. Lá ele conheceu Rosana Santos, sua futura esposa e mãe de seus filhos Davi, Raquel e Bianca, com 8 e 6 anos de idade, e a menor ainda no ventre.

Atualmente, Gil Carlos não lembra o antigo criminoso que intimidava as suas vítimas. Ele trocou o antigo armamento pela arma mais poderosa, a Bíblia Sagrada, e através de suas pregações em congressos, cruzadas e vigílias, muitas pessoas têm encontrado a tão almejada paz ao entregarem as suas vidas a Jesus Cristo. “Muitas vidas foram encaminhadas à salvação através de meu testemunho. Além disso, também estou cursando o ensino fundamental na Escola Estadual Pierre Verger. Jamais havia frequentado uma escola no passado”, conta Gil. Ele trabalha como funcionário no templo sede da Assembleia de Deus em Salvador, exercendo a função de segurança.

O pastor Israel Alves Ferreira congratula-se com a notável conversão de Gil Carlos e salienta que a recuperação do ex-traficante deve-se à missão da igreja em Salvador para atender pessoas envolvidas com as drogas e o crime organizado. “O Gil Carlos é fruto do trabalho de nossa igreja que, além de ajuda-lo a sair do submundo do crime, ainda cuidou de sua família e readaptou-o à sociedade através de um trabalho digno. Hoje, ele é um homem transformado pelo poder de Deus e viaja testificando a sua restauração. A nossa igreja trabalha na recuperação de dependentes químicos e nosso objetivo é a ressocialização do indivíduo. Por isso, louvamos a Deus”, declara o líder.

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