É rendável a ida do crente ao cemitério no Dia de Finados em saudosa lembrança? A resposta para essa pergunta é óbvia para quem conhece a Bíblia Sagrada. É claro que não é recomendável essa prática, porque um cristão autêntico sabe que, após a morte física, a alma e o espirito (inseparáveis) deixam o corpo material e se separam dele. A matéria fica aqui mesmo na terra, mas a alma e o espírito vão para o lugar intermediário, que será ou o Paraíso (para os justos) ou o Lugar de Tormento (para onde vão os ímpios).Para que entendamos esse assunto, precisamos começar com a Bíblia Sagrada em Salmos 39.4-7, que diz: “Faze-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil. Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade. (Selá) Na verdade, todo homem anda como uma sombra; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas e não sabem quem as levará. Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti”. Outro texto importante para entendermos a realidade da morte está no Salmo 90, de autoria de Moisés, o grande líder de Israel. Assim nós lemos: “Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Tu os levas como corrente de água; são como um sono; são como a erva que cresce de madrugada; de madrugada, cresce e floresce; à tarde, corta-se e seca”; “A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos”; “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Salmos 90.4-6, 10, 12).
Aqui, no Brasil, o dia 2 de novembro tornou-se feriado por
força da Igreja Católica Romana para dar oportunidade às pessoas visitarem os
cemitérios para relembrarem os seus mortos sepultados. Esta foi uma instituição
da Igreja Católica Romana no século X, que ensinava que os mortos podiam ser
purificados dos seus pecados e aliviados de suas penas estando no Purgatório. A
partir de então, o Dia de Finados foi instituído, na Abadia beneditina de
Cluny, na França, por iniciativa do Abade Odilo, induzindo as famílias a
fazerem orações em favor dos seus mortos, que podiam estar sofrendo por seus
pecados. Desde 998 d.C., existe uma história de um peregrino francês que
voltava da Terra Santa em seu navio. Em razão do naufrágio da embarcação, foi parar
em uma ilha isolada. Aquele peregrino, ao caminhar naquela ilha, deparou-se com
um poço muito fundo que era o lugar onde as almas dos mortos iam parar. Era o
Purgatório. O peregrino parou à beira daquele poço profundo e pôde ouvir gritos
e lamentos das almas torturadas. Disse também que as orações eram feitas por
sufrágio de suas almas e estas orações libertavam os prisioneiros que estavam naquele
poço, o Purgatório. A partir dessas histórias horripilantes, a Igreja Católica
criou a doutrina do Purgatório, o lugar onde estavam pessoas que foram boas,
mas imperfeitas, por isso precisavam ser purificadas para poderem alcançar o
Paraíso. Dessas histórias, surgiu a doutrina do Purgatório e a ideia do Dia de
Finados.
Para que saibamos o que a Bíblia ensina acerca dos mortos e do
seu destino final, precisamos considerar três outras doutrinas bíblicas que nos
explicarão esse assunto: a Doutrina da Morte, a Doutrina do Estado
Intermediário e a Doutrina da Ressurreição dos Mortos.
A Doutrina da Morte
A morte não é um fenômeno natural na vida humana. Ela é a maldição
divina contra o pecado e só Jesus foi capaz de cravar essa maldição no lenho de
sua cruz no Calvário.
A morte é um assunto que evitamos falar e comentar. Porém, inevitavelmente,
temos que enfrentá-la. O ser humano, ao longo de sua existência, independentemente
de sua formação cultural, raça e língua, depara-se com a necessidade de
entender o significado da vida. Entretanto, o viver humano encontra em sua
jornada a ameaça da morte.
Os filósofos existencialistas nada veem além da vida física,
porque para eles a vida é apenas a fermentação da vida. No grego bíblico, a
palavra para morte é thanatos, que significa “separação, cessação da vida
física”.
Dois textos esclarecem o extenuar da vida física. O primeiro
texto é do rei Davi: “Porque certamente morreremos e seremos como águas
derramadas na terra, que não se ajuntam mais” (2 Samuel 14.14). O segundo texto
é do apóstolo Paulo, o qual escreveu aos romanos: “Pelo que, como por um homem
entrou o pedado no mundo e, pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a
todos os homens, por que todos pecaram” (Romanos 5.12).
O dilema existencial
humano
Inevitavelmente, toda criatura humana enfrenta esse dilema em
sua existência física. Não foi sua escolha vir à existência, mas o homem não
consegue fugir à realidade do fim de sua existência (Salmos 39.4-6; 90.10;
103.15,16). Esse dilema existencial resulta da realidade da morte que o homem tem
de enfrentar.
O autor do livro de Eclesiastes se dirige ao povo de Israel,
dizendo: “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó voltarão” (Eclesiastes
3.20). São palavras da Bíblia, não são palavras de nenhum materialista contemporâneo.
O autor destas palavras não se perde com ideias filosóficas, mas apresenta a
questão da morte com um realismo ímpar, porque são destilações da revelação divina
na Bíblia. Portanto, diante da realidade da vida e da morte, o homem é, dentro
da criação, o único que sabe que vai morrer.
Diante desse fato, é interessante analisarmos alguns
sistemas filosóficos os quais procuram discutir esse assunto.
O Existencialismo.
Os seus filósofos veem a morte como o fim de uma viagem ou como um perpétuo
acompanhante desde o berço até a sepultura. Essa filosofia entende que a morte
é uma realidade operante dentro de cada pessoa e que o homem quando nasce é
lançado na existência, não podendo fugir em relação ao seu fim. Para o
existencialista, a morte é um elemento natural da vida humana. A Bíblia refuta
essa ideia e declara que a morte nada tem de natural na vida humana. Ela é algo
não-natural, impróprio e hostil à natureza humana. Deus não criou o ser humano
para a morte, mas ela foi manifestada como juízo divino contra o pecado (Romanos
1.32). Ela foi introduzida no mundo mediante o pecado, como castigo positivo de
Deus contra o pecado (Gênesis 2.17; 3.19; Romanos 5.12,17; 6.23; 1 Coríntios
15.21; Tiago 1.15).
O Materialismo.
Entende que a matéria é incriada e indestrutível, e é a substância de que todas
as coisas se compõem e à qual todas se reduzem. Nega as coisas sobrenaturais. O
cristão verdadeiro não foge à realidade da morte, mas a enfrenta com confiança
no fato de que Cristo conquistou para ele a vida após a morte, a vida eterna (João
11.25).
O Platonismo. É a
filosofia de Platão, filósofo grego, que ensina que a matéria é má e desprezível
e só o espírito é que importa. Esse sistema ensina que a morte é coisa boa e
necessária na existência física do ser humano, pois ela existe para libertar o
espírito do cárcere do corpo.
Essa teoria aparece disfarçada em muitas atitudes de
cristãos místicos de nossos dias, quando supervalorizam o espírito em detrimento
do corpo. Porém, não é assim que a Bíblia ensina. Aprendemos que o corpo do
cristão, a despeito de ser uma casa material temporária e provisória, é templo do
Espírito Santo (1 Coríntios 3.16,17). A morte, nada mais é que a separação das
partes material e espiritual do ser humano (Continua).
por Elienai Cabral
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