Avança aposta na internet e seus males

Avança aposta na internet e seus males


Nunca o jogo de azar, tão prejudicial, alcançou tanta gente como agora

Jogos de azar sempre existiram, porém nunca eles tiveram um alcance e crescimento tão grandes entre a população do que agora, inclusive no Brasil, devido à nova modalidade que ganharam: suas versões online, que contam com a promoção de influencers digitais. Os resultados, claro, não poderiam ser outros: o aumento do número de vidas destruídas pelo jogo. Os casos se multiplicaram tanto que, recentemente, a própria mídia passou a dar atenção ao assunto nos últimos meses. Esse fenômeno e seus males para a vida das pessoas e da sociedade nos remetem ao que afirmam as Sagradas Escrituras sobre essa prática.

Crescimento no Brasil

Em setembro, o Banco Central divulgou um levantamento que indicava que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família no Brasil haviam gasto, apenas no mês de agosto deste ano, 3 bilhões de reais com jogos online, os chamados Bets. Segundo o levantamento, 4 milhões deles eram pais de família, que gastaram – somente eles – 2 bilhões, isto é, 67% do valor enviado aos Bets naquele mês. Entretanto, em outubro, um levantamento das próprias Bets contestaram os dados do Banco Central, afirmando que teriam sido, na verdade, 210 milhões de reais. Sejam 3 bilhões ou 210 milhões, ou algo entre um valor e o outro, fato é que esses números mostram pessoas que já recebem muito pouco para sobreviver gastando uma boa parte do pouco que ganham com jogos de azar. Mesmo se considerarmos apenas 210 milhões de reais por mês, isso representa mais de 2,5 bilhões de reais por ano.

Segundo um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgado em 20 de setembro, 1,3 milhão de pessoas no Brasil ficaram inadimplentes no primeiro semestre deste ano por conta de apostas online. Só no primeiro trimestre, os brasileiros haviam gasto 68,2 bilhões em apostas online, o que representa 0,62% do PIB do país e 22% da massa salarial do país. O estudo afirma que esses gastos poderão “produzir impactos relevantes sobre o nível de inadimplência das famílias”. Ele aponta ainda que só as apostas online produziram um aumento de 3,9% da inadimplência no país, com mais de 191 mil famílias no Brasil nessa situação hoje apenas por causa dessas apostas. De acordo com Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, em entrevista ao jornal O Globo na época, esse número representa “mais de 600 mil brasileiros” a mais no país “em situação de inadimplência até o final do ano”.

De acordo com um levantamento do final de 2023 do Comscore, uma empresa dos Estados Unidos especializada em análise de internet para grandes empresas e agências de publicidade e de mídia de todo o mundo, o Brasil é o terceiro país do mundo que mais consome sites de apostas, ficando atrás apenas de Estados Unidos e Inglaterra. Segundo o estudo, 49% dos apostadores online são da classe C, e 61% são homens em sua maioria com idade acima de 45 anos. De 2019 a 2023, de acordo com o Comscore, houve um aumento de 281% no consumo de apostas online no nosso país.

A Bíblia condena jogos de aposta

A Palavra de Deus condena o jogo de aposta por várias razões. A primeira delas é que a pessoa que participa de jogos de apostas procura ganhar dinheiro de forma fácil e rápida, sem trabalho, e a Bíblia diz que tal comportamento traz males. As Escrituras ressaltam que a forma mais correta e honrada de ganhar dinheiro é trabalhando, e que o dinheiro “de procedência vã” ou “obtido com facilidade” logo se dissipa. Provérbios 13.11 (NAA) afirma: “A riqueza obtida com facilidade, essa diminui, mas quem a ajunta pelo trabalho, esse a vê aumentar”.

A pessoa que vive jogando muitas vezes não percebe, mas fato é que ela sempre acaba mais perdendo do que ganhando, por mais que gaste “só um pouquinho” por mês com seu vício. Por qualquer ângulo que se olhe, não há prudência alguma em jogos de azar, porque se trata de um jogo elaborado para que você tenha a menor probabilidade possível de ganhar; e quando você ganha, isso é estatisticamente permitido apenas para você achar que pode ganhar mais e então continuar jogando, porém, no fim, você acaba sempre gastando muito mais do que ganhando.

Em suma, jogo não é investimento: é somente gasto e um gasto com coisa vã. Seria muito melhor, por exemplo, a pessoa usar esse “pouquinho por mês” que está sendo gasto em jogos de azar e que, segundo os que não se dizem viciados no jogo, não afetará os gastos normais do mês, para investir em algo realmente produtivo. Essa pessoa poderia também usar esse dinheiro, que é sacrificado em vão com coisas que são vãs, para ajudar pessoas necessitadas, o que consiste em um bom e abençoado uso do dinheiro (Provérbios 19.17; Salmos 41.1).

Outro ponto é que o espírito por trás do jogo de apostas é o amor ao dinheiro, e afirma a Palavra de Deus: “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão” (1 Timóteo 6.9-11). Um texto imprescindível sobre esse assunto está no Sermão da Montanha, proferido por Nosso Senhor Jesus Cristo (Mateus 6.24-34).

Um terceiro ponto é que quem aposta dinheiro para aumentar a renda está preferindo confiar no acaso do que ter fé em Deus, quando as Escrituras declaram: “Que a vida de vocês seja isenta de avareza. Contentem-se com as coisas que vocês têm, porque Deus disse: ‘De maneira alguma deixarei você, nunca jamais o abandonarei’” (Hebreus 13.5, NAA). Um último ponto a se ressaltar é que aposta vicia, e o crente não pode ser viciado em nada (1 Coríntios 6.12). Quem é viciado em jogar é viciado no amor ao dinheiro, e afirmam as Escrituras: “Quem ama o dinheiro jamais se fartará de dinheiro; e quem ama a abundância nunca ficará satisfeito com o que ganha. Também isto é vaidade” (Eclesiastes 5.10).

Um dos “gomos” do fruto do Espírito é a temperança, isto é, o autocontrole (Gálatas 5.22). Há pessoas que chegam ao ponto de se viciar tanto em jogo de apostas que faz a sua família passar necessidade e, quando não, deixa de ajudar alguém da família com algo bom e útil para gastar com jogo, quando a Bíblia declara: “Se alguém não tem cuidado dos seus e, especialmente, dos da própria casa, esse negou a fé e é pior do que o descrente” (1 Timóteo 5.8).

Mas e a prática de lançar sortes na Bíblia (Josué 18.10; 1 Crônicas 24.5,31; Jonas 1.7; Atos 1.26)? Não tem nada a ver. Em primeiro lugar, em nenhum desses casos se apostava dinheiro, mas, em uma situação de difícil decisão, se orava a Deus e se pedia que Ele soberanamente indicasse a Sua vontade por meio do lançar sortes. E em segundo lugar, tal prática não se faz mais necessária atualmente, já que temos hoje a Palavra de Deus completa e o Espírito Santo, que nos guia em todas as coisas (João 16.13). Para tomarmos a maioria das decisões que precisamos tomar na vida, basta conhecermos e seguirmos os princípios da Palavra de Deus; e naqueles casos muito específicos em que ainda precisamos de uma orientação, mesmo estando plenamente alinhados com os princípios gerais da Palavra de Deus para nossas vidas, é preciso termos comunhão com Deus para que o Seu Santo Espírito nos oriente em relação aos detalhes.

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