Podemos dizer com toda firmeza que, para a sociedade do século 21, fidelidade é uma virtude destinada ao desaparecimento. Para a maioria, a palavra fiel é “cafona” ou “fora de moda”, não mais se adequando aos padrões hodiernos. É impressionante como as virtudes outrora cultuadas por nossos pais são hoje objeto de risos e vitupérios, especialmente por uma juventude influenciada pelos meios de comunicação e entretenimento. Instituições tradicionais como o casamento têm sido bombardeadas sem trégua pelas ideologias liberais, abalando-se em seus alicerces. Com considerável sucesso esses pensamentos liberais têm tido repercussão até mesmo em nossas igrejas e vêm adquirindo forças com a indiferença de muitos quanto aos padrões bíblicos de fé e conduta cristã.
Como viver uma vida cristã desprezando-se a fidelidade? Já se
trata de uma impossibilidade pela própria definição de cristianismo. Ser “semelhante
a Cristo” ou seu discípulo implica naturalmente sermos fiéis como Ele é fiel (1
Tessalonicenses 5.24; 2 Tessalonicenses 3.3; 2 Timóteo 2.13). Fidelidade e vida
cristã andam lado a lado e precisamos ser incisivos na exposição desta verdade.
Biblicamente, a fidelidade deve ser vivida pelo povo de Deus pelos seguintes
motivos:
1) Porque Deus é Fiel – A fidelidade é um de Seus atributos comunicáveis,
isto é, uma das características distintivas de Deus a qual Ele aprouve repartir
com Seu povo. Tal atributo expõe o caráter de Deus como digno de confiança e
amor por parte do homem e nos dá a certeza de que Deus certamente cumprirá suas
promessas a nosso respeito (1 Tessalonicenses 5.24). Sua fidelidade abrange
bênçãos temporais (1 Timóteo 4.8; Salmos 84.11; Isaías 33.16) e espirituais (1 Coríntios
1.9), socorro nas tentações (1 Coríntios 10.13) e perseguições (1 Pedro 4.12-13;
Isaías 41.10), bem como direção nas dificuldades (2 Crônicas 32.22; Salmos 32.8).
Apenas Deus é fiel em si mesmo. Nós nos tornamos fiéis mediante a intervenção
de Sua graça.
2) Porque é uma ordenança bíblica para todos em todas as épocas
– Jesus ordenou à Igreja de Esmirna: “Sê fiel até a morte...”, Apocalipse 2.10.
Também ao repreender Tomé por sua incredulidade Jesus ordena: “Não sejas
incrédulo, mas fiel (gr. pistos = fiel, crente)”, João 20.27.
3) Porque fidelidade é um dos aspectos do Fruto do Espírito
– Veja Gálatas 5.22. Uma vida guiada pelo Espírito de Deus com toda certeza
evidenciará fidelidade.
4) Porque todos aqueles que viveram uma vida de fidelidade a
Deus, mesmo em meio a oposições, foram agraciados com toda sorte de bênçãos
pelo Criador – São abundantes na Bíblia os exemplos de servos do Senhor que mantiveram
sua fidelidade mesmo em face a abundante perigo, e que foram exaltados por Deus
por essa excelente virtude.
As raízes da
fidelidade estão na família
A fidelidade de um povo é um reflexo de lares que praticam a
fidelidade. A própria sobrevivência da família depende da fidelidade. É fundamental
que entendamos como é importante praticarmos a fidelidade no âmbito familiar mesmo
antes de procurarmos ensiná-la em nossas igrejas. Muitos são infelizes nesse
sentido por fazerem da fidelidade um mero tema de discussões sem antes vivê-la
no âmbito de sua família. Uma das coisas mais comuns e interessantes, mas que
muita gente não dá a devida atenção, é que se queremos nos ver e nos ouvir, devemos
prestar a atenção no(s) nosso(s) filho(s). A influência que exercemos sobre eles
reflete-se na forma como falam e se expressam por meio da linguagem não verbal.
Entretanto, essa influência pode se fortalecer ou se debilitar com o tempo, dependendo
da postura do pai.
Por esse motivo, devemos nos apresentar aos nossos filhos como
exemplo de nossa fidelidade bíblica. É certo que a relação pais e filhos é em
extremo prática; nossos filhos são influenciados pelo que falamos ou fazemos.
Como pais, devemos nos constituir como exemplos de vida e santidade. Não se engane:
se nossos filhos não encontrarem em nós modelos de vida, certamente farão para si
modelos dentre aqueles que estão de fora do convívio familiar. Daí, surge a
maioria das contendas entre pais e filhos, por causa das más influências (1 Coríntios
15.33).
A primeira referência e o exemplo a ser seguido residem na pessoa
do pai, cuja postura vai determinar em sua maior extensão importantes aspectos do
caráter dos filhos. Tal influência será ainda percebida até a idade adulta. É o
pai quem vai promover o desenvolvimento ou determinar a extensão de sua influência
sobre os filhos. “Liderança é influência – nada mais, nada menos”, segundo John
Maxwell, pastor e autor norte-americano que se pronunciou numa entrevista recente
à revista Manual do Obreiro da CPAD. Para Maxwell, se não há influência, não há
liderança. São coisas correlatas. Isso faze-nos deduzir que nossa liderança tem
seu ponto de partida ainda em nossos lares e não apenas no âmbito da Igreja.
Portanto, preguemos fidelidade, mas antes vivamos em fidelidade,
procuremos constituir nossas famílias como núcleos de fidelidade a Deus e à Sua
Palavra; tornemo-nos verdadeiros “heróis da fé” para nossos filhos e não deixemos
que os clamores do liberalismo social influenciem suas vidas.
por Eli Martins de Souza
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