O Senhor ainda escuta o clamor de Seus filhos

O Senhor ainda escuta o clamor de Seus filhos


Todos nós conhecemos o relato do sofrimento de Ana, esposa de Elcana, mãe do profeta Samuel: a matriarca era estéril e, além disso, a mulher dividia espaço com uma “competidora”, a segunda esposa de seu marido, que já havia lhe dado herdeiros e, por causa disso, Penina não “lhe dava sossego”. Ela a irritava sobremaneira por causa de sua condição. Em todas as oportunidades que a família viajava para adoração na cidade de Siló, ambas as mulheres se desentendiam e Ana sofria profundamente por causa de sua vulnerabilidade. Nessa época, Siló era o local onde se encontrava o Tabernáculo, o qual se transformou em uma região sagrada para os israelitas (1 Samuel 1.3).

O relato bíblico dá conta de que Ana vivia um drama pessoal de modo que lhe faltava o apetite e havia indícios de depressão, já que não conseguia alcançar o objetivo de toda a mulher israelita: gerar filhos para dar continuidade ao nome de sua família neste mundo. É possível que a matriarca se perguntasse até quando ela teria que suportar aquela situação e até se seria possível acreditar, se ela poderia desanimar a tal ponto de um abalo na fé em Deus. Contudo, esse drama pessoal teve um termo quando ela se dirigiu ao Tabernáculo e lá derramou a Sua alma diante do Criador (1 Samuel 1.10-11). O templo é o local onde os filhos de Deus estão liberados para ter o mesmo comportamento de Ana: ela chorou abundantemente na presença do Altíssimo! O templo é o local onde se deve conversar com Deus todo assunto que você não teria como compartilhar com seus íntimos ou demais pessoas. Revele para o nosso Deus a sua aflição, pois Ele respeita o seu momento de angústia!

O Senhor a quem nós servimos é o mesmo que leva em conta os momentos de crise que atravessamos ao longo de nossa jornada neste mundo. Nosso Deus ouve e observa o que se passa com seu povo. Prezado leitor, deixe eu dar um exemplo: quando o livro do Êxodo traz o diálogo entre Moisés e Deus em que ocorre a chamada do pastor de ovelhas para se tomar o libertador de Israel, o Senhor deixa bem claro que o sofrimento de Seu povo não havia sido ignorado: “Tenho visto atentamente o sofrimento do meu povo, que está no Egito ...” (Êxodo 3.7). O Senhor havia decidido atender ao clamor dos filhos de Israel e libertá-los da escravidão. É no templo que você fala abertamente com seu Deus e a recíproca é verdadeira. É no templo que você tem intimidade com o Espírito Santo.

A matriarca se dirige ao Tabernáculo e lá chora copiosamente como resultado de uma situação que sequer seu marido compreendia totalmente. Embora ele fosse um marido exemplar, ela decidiu manter o silêncio (1 Samuel 1.8). Ana preferiu falar com Deus! Elcana não tinha condições de entender os sentimentos de sua esposa, mas ela tinha certeza que o Senhor a compreenderia perfeitamente. No momento em que alguém não entender a sua angústia, o Senhor vai te compreender. Saiba, prezado leitor, que Jesus te ama profundamente, ouve o teu clamor e estás na palma de Sua mão, além de desfrutar de Sua proteção.

Ana entra no recinto sagrado e implora o favor divino. Note que a sua oração é um clamor feito de gemidos: ela mexia os lábios sem reproduzir som. A sua intensa oração, inclusive, chamou a atenção do sumo sacerdote Eli, que a teve como embriagada (1 Samuel 1.14) e logo foi repreendê-la. Ana não se preocupou com os pensamentos do religioso em atenção ao seu desempenho diante do altar, mas em orar e chorar na presença do divino. Não se preocupe com aqueles que não entendem a sua situação e julgam o seu comportamento. Preocupe-se apenas em chorar quando tiver que derramar suas lágrimas na presença do Altíssimo. Há momentos de clamor e momentos de gratidão. Há momentos de promessa e momentos de tratamento da parte de Deus. Prezado leitor, não se furte em chorar na presença do Senhor, mas, quando chegar o momento de adorar, faça-o intensamente e glorifique o Senhor na beleza de Sua santidade (1 Crônicas 16.29).

Naquele instante de clamor, o sacerdote Eli repreende Ana, que logo justifica a sua conduta, e o religioso chega à conclusão que o assunto era sério e abençoa Ana: “Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste” (1 Samuel 1.17). O resultado dessa experiência foi alegria e paz em seu coração, de modo que ela participou da refeição com os demais membros de sua família. Ela havia recebido a presença do Espírito Santo em sua alma. Ela havia recebido a palavra de promessa e bênção do sacerdote no Tabernáculo. Digo que não existe ninguém que volte para casa após o culto sem ser abençoado pelo Senhor. Não importa como tem sido a sua oração – clamor ou lágrimas, súplica ou gratidão –, você é quem faz o seu culto. Se é adoração, o Senhor receberá a sua adoração; se for clamor, não se preocupe, o Altíssimo receberá as suas orações; se for petição, Ele recepcionará seus pedidos. Nós servimos a um Deus que não despreza o clamor de seus filhos, mas está atento e nada Lhe passa despercebido, portanto, creia somente e Ele concederá o que almeja o seu coração.

por José Wellington Costa Junior

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem