Nunca tantos judeus se converteram a Cristo do que em nossos dias

Pesquisas mostram um avanço da fé em Jesus entre os judeus pelo mundo e até mesmo no estado de Israel, apesar da resistência de radicais ortodoxos

Antes da Segunda Guerra Mundial, segundo o demógrafo Sérgio della Pergola, da Universidade Hebraica de Jerusalém, havia 16,5 milhões de judeus no mundo. Após o conflito, com o assassinato de cerca de 6 milhões de judeus no Holocausto, o número caiu para algo entre 10,5 milhões – alguns falam 11 milhões e outros, 10 milhões. Em 1948, quando o Estado de Israel foi fundado, 600 mil destes 10 a 11 milhões de judeus moravam em Israel. Nessa época, segundo levantamento da missão One for Israel (“Um por Israel”), que trabalha na evangelização de judeus, apenas 23 judeus na Terra Santa se declaravam cristãos, enquanto 2 mil declaravam o mesmo em todo o mundo – ou seja, 0,00004% da população judaica na Terra Santa e 0,0002% do número de judeus no mundo eram cristãos. Mais de 75 anos depois, porém, os números mudaram tremendamente.

Embora o número de judeus cristãos ainda seja modesto no Estado de Israel, por outro lado, no que tange à população judaica mundial, o crescimento dos que aderem à fé cristã entre eles é extraordinário: se os judeus cristãos no mundo representavam 0,0002% de todos os judeus em 1948, hoje estima-se que eles são cerca de 15% de todos os judeus do mundo – isto é, um em cada sete judeus no planeta é cristão. Expressando isso em números mais exatos, dos 15,7 milhões de judeus espalhados pelo mundo hoje, mais de 2,3 milhões seriam cristãos. Destes, cerca de 350 mil são judeus messiânicos, com mais de 400 congregações espalhadas pelo mundo; os demais são, em sua esmagadora maioria, evangélicos.

Esses números são maiores do que em qualquer outra época da história do Cristianismo. Em todo o século 19, por exemplo, que era até então o período com maior número de conversões de judeus à fé cristã, se converteram ao Cristianismo – com a maioria esmagadora se tornando protestante – mais de 250 mil judeus, conforme resumo de levantamento publicado na obra How Jewish is Christianity? (Zondervan, 2003), de Louis Goldberg e John Fischer. Hoje, só nos Estados Unidos, como veremos daqui a pouco, há aproximadamente cinco vezes mais judeus cristãos do que em todo o século 19.

As profecias bíblicas sobre a conversão do povo judeu

A Bíblia fala de um futuro quando todo o povo de Israel reconhecerá Jesus como Messias e se converterá a Ele. Logo, essa onda de conversões de judeus ao Cristianismo pode ser apontada como mais um sinal da proximidade da Segunda Vinda de Cristo. Entretanto, é preciso frisar que as profecias afirmam que essa conversão em massa ocorrerá por ocasião do Retorno de Cristo.

O apóstolo Paulo afirma que haverá um dia, que se dará no final dos tempos, em que “todo Israel será salvo”: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades” (Romanos 11.25,26).

Tratando sobre a vinda do Messias, Zacarias 12.10 afirma: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e prantearão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito”.

Estado de Israel: o campo mais difícil para evangelização

O país com menor porcentagem de judeus convertidos a Cristo é Israel. Isso se deve a vários fatores, com destaque para dois: o maior apego às tradições religiosas judaicas no território israelense e a forte oposição dos líderes religiosos judeus ortodoxos à evangelização cristã. Como exemplo dessa onda de oposição, liderada por alguns judeus ortodoxos mais radicais, em 2023, Moshe Gafni e Yaakov Asher – dois membros do Knesset, o Parlamento israelense – apresentaram um projeto de lei que proíbe expressamente a evangelização, declarando ilegal todo e qualquer esforço para dar testemunho de Jesus e de Seus ensinamentos. Se a lei for aprovada, estão previstas penas de até um ano de prisão. O texto fala de “grupos missionários, principalmente cristãos”, que são os primeiros a serem afetados pelo dispositivo, e exclui a possibilidade de até mesmo “falar pacificamente” tentando “persuadir ou converter” uma pessoa “de uma fé diferente” através de “conversas presenciais”, mas também através de “correio ou vídeos online”.

Segundo pesquisa do All Israel News, divulgada em 22 de maio do ano passado, 17,5% dos judeus em Israel têm uma visão positiva dos evangélicos, 11,9% têm uma posição “pobre” ou “má”, e 32,8% têm uma posição neutra. Os demais não têm opinião formada a respeito.

Apesar de todas as vicissitudes enfrentadas na evangelização de judeus ali, a fé cristã tem avançado na Terra Santa entre os descendentes de Jacó. Os números evidenciam isso.

Devido ao aumento do antissemitismo no mundo, a maior comunidade de judeus no planeta, que até poucos anos atrás estava nos Estados Unidos, passou a estar em Israel. Hoje são 7,2 milhões judeus na Terra Santa, segundo levantamento divulgado em setembro de 2023 pelo Escritório Central de Estatística de Israel. Isso representa 75% dos 9,8 milhões de pessoas que compõem o Estado de Israel atualmente. Desse total, os cristãos representam 1,9% de toda população, isto é, 187 mil pessoas, sendo que a maioria desses cristãos é de etnia árabe. Quantos aos judeus cristãos, há hoje dezenas de milhares deles em Israel.

Para sermos mais precisos, de acordo com o ministério One for Israel, a estimativa mais conservadora, trazida pelo próprio ministério em seu site, aponta para 0,6% dos judeus israelenses hoje “tendo um relacionamento com Jesus”, o que significa que há 43,2 mil judeus cristãos em Israel – destes, cerca de 20 mil são judeus messiânicos. Lembrando que, em 1948, eram apenas 23 judeus cristãos, os quais representavam 0,00004% da população judaica na Terra Santa. Segundo One for Israel, o número de conversões de judeus a Cristo continua avançando, já que, nos últimos anos, tem havido um aumento do interesse por Jesus entre os judeus não-cristãos, com uma média de 22 mil deles buscando informações sobre Jesus todos os meses naquele país. Destes, dezenas, às vezes centenas, acabam se convertendo mensalmente.

O lema do ministério One for Israel são as palavras do apóstolo Paulo em Romanos 10.1: “Meus irmãos, o desejo do meu coração e a minha oração a Deus pelos israelitas é que eles sejam salvos” (NVI). Os vídeos em hebraico de evangelização de judeus produzidos pela instituição já foram visualizados na internet mais de 68 milhões de vezes; e todos os vídeos de evangelização em hebraico, árabe e inglês produzidos pelo One for Israel já tiveram mais de 400 milhões de visualizações.

Crescimento nos Estados Unidos e Rússia

A segunda maior comunidade judaica do mundo está nos Estados Unidos, com 6,3 milhões de judeus, e ali também o Cristianismo tem crescido entre eles. Uma pesquisa do Pew Research Center (PRC) nos Estados Unidos feita no final de 2020 e publicada em 11 de maio de 2021 revelou que 19% dos judeus norte-americanos são cristãos. Isso significa que dos 6,3 milhões de judeus nos EUA, cerca de 1,2 milhão são cristãos, com o detalhe de que, segundo o PRC, a maioria esmagadora deles é evangélica.

O avanço do Cristianismo entre os judeus norte-americanos é um fenômeno que teve início nos anos de 1970. Estima-se que nos anos de 1960 havia apenas alguns poucos milhares de cristãos judeus nos EUA, mas em meados da década de 1970 a revista Time colocou o número em mais de 50 mil. Em 1993, o número já havia crescido para 160 mil, com cerca de 350 mil em todo o mundo. Entretanto, o grande salto mesmo se deu nas últimas duas décadas, com o número ultrapassando rapidamente a marca de 1 milhão de judeus.

Não temos os dados do número de judeus cristãos em todos os países do mundo, mas, por exemplo, na Rússia, dos cerca de 100 mil judeus ali, 17% se declaram cristãos. Em outros poucos países onde há dados, a porcentagem é menor do que nos EUA (19%) e Rússia (17%). Logo, estima-se em torno de 15% o número de judeus cristãos no mundo, isto é, judeus que são ou evangélicos/protestantes, ou judeus messiânicos, ou católicos, ou ortodoxos.

21% dos jovens judeus nos EUA creem em Jesus

Uma pesquisa feita pelo Barna Group, dos Estados Unidos, em 2017, revelou que pouco mais de 1/5 dos judeus da Geração Y – nascidos entre 1984 e 1999 – são cristãos.

“Os millennials judeus são a geração mais religiosa? E um quinto deles acha que Jesus era Deus em forma humana? Sim e sim. [...] Esses jovens adultos se descrevem como religiosos e praticam rituais judaicos, mas não são afiliados. Eles valorizam a tradição e a família, mas não planejam se casar apenas com judeus. Eles têm orgulho de serem judeus, mas não sentem que isso contradiz a prática de outras religiões. [...] Os dados sobre Jesus podem ser especialmente surpreendentes para os judeus que, se não concordam em mais nada, acreditam que os judeus seguidores de Jesus e sua filosofia ‘messiânica’ estão além dos limites. A pesquisa descobriu que 21% dos judeus da Geração Y acreditam que Jesus era ‘Deus em forma humana que viveu entre as pessoas no primeiro século’. E 28% ‘o veem como um rabino ou líder espiritual, mas não como Deus’”, detalha a matéria sobre a referida pesquisa publicada em 1 de novembro de 2017 no site do jornal Times of Israel.

Segunda essa mesma pesquisa, 14% de todos os judeus millennials se disseram cristãos praticantes e 10% disseram praticar um híbrido de judaísmo e cristianismo.

Contradições entre os judeus messiânicos

Uma palavra deve ser dita sobre o judaísmo messiânico: nem todos os judeus messiânicos creem na Doutrina da Trindade e, consequentemente, que Jesus é Deus. Todos eles creem em Jesus de Nazaré como o Messias que veio e que irá voltar novamente um dia para instaurar o Reino de Deus na Terra, mas alguns creem que Jesus é uma espécie de deus menor, como se cria na antiga heresia do arianismo, ou como um arcanjo que governava sobre todos os demais, como no caso da antiga heresia do ebionismo. Entretanto, outros deles adotam a Doutrina da Trindade, crendo que Jesus é Deus.

Forte evangelismo pessoal e online

Um dos maiores meios de evangelização de judeus tem sido a internet, além, claro, do evangelismo pessoal, de rua. Os canais no YouTube dos ministérios One for Israel e Jews for Jesus trazem vários testemunhos de judeus convertidos a Cristo, alguns deles nomes famosos na sociedade.

O canal do One for Israel conta com mais de 1,1 milhão de inscritos e o canal de Jews for Jesus, com mais de 82 mil. O primeiro acaba tendo mais seguidores, embora seja um ministério mais recente, exatamente porque o grupo One for Israel desde cedo investiu forte no evangelismo digital, via redes sociais. Seu grande boom de crescimento se deu durante a pandemia de COVID-19, em 2020 e 2021. O número de vídeos publicados também é muito maior: One for Israel tem seis vezes mais publicações.

Oremos pela conversão dos judeus a Cristo. É um mandamento orar pela paz em Israel (Salmos 122.6), mas não somente isso: devemos, como Paulo, estar sempre orando pela conversão dos judeus a Cristo (Romanos 10.1).

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