A salvação em Cristo Jesus não é exclusiva dos pobres, mas, sim, uma oferta universal para toda a humanidade, independentemente da condição social. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
A Bíblia Sagrada enfatiza a importância do cuidado com os
pobres e vulneráveis, mas não estabelece associações entre a pobreza e a
salvação.
Pobreza versus salvação
eterna
A pobreza é uma condição social, já a salvação foi uma providência
divina para a humanidade voltar-se para Deus, aceitando o sacrifício de Cristo
no Calvário e recebendo a herança da vida eterna. Em relação aos pobres, o
próprio Deus se levanta em justiça em seu favor quando são humilhados e
injustiçados, como é descrito em Amós 5.11-14. O Senhor demonstra de diferentes
formas o Seu imenso cuidado pelos menos favorecidos, pelos que estão em
necessidade e pelos oprimidos. Isso se faz notório tanto no Antigo como no Novo
Testamentos. Em Deuteronômio 15.11-17, quando o Senhor instruiu o Seu povo
acerca do ano da remissão, também incluiu o cuidado com os pobres. Nesses versículos,
vemos a preocupação divina para que entre o Seu povo fosse exercida a justiça
social na assistência ao pobre e que essa disposição de ajudar deveria partir de
um ato do coração, deveria ser algo voluntário. Nesse caso, ao obedecer aos
mandamentos do Senhor, estava incluído o cuidado com os pobres como uma ordenança
da parte divina.
Muitas vezes Deus advertiu os israelitas a não tirarem
proveito dos pobres, mas tratá-los com compaixão e respeito. O Novo Testamento
destaca a necessidade da compaixão, da sensibilidade e da bondade para com os
sofredores e outros que enfrentaram circunstâncias difíceis que os levaram à pobreza
ou à penúria.
Sim, é fundamental entender que a salvação não depende da condição
social, mas, sim, da graça de Deus na vida do ser humano. Como afirma o
apóstolo Paulo em Efésios 2.8,9, a salvação é um “dom de Deus que vem pela fé,
e não pelas obras”. A graça de Deus é o fator-chave para termos acesso à
salvação em Cristo Jesus, e não há nada que possamos fazer para merecê-la.
A salvação é mais facilitada
aos pobres porque são pobres?
A salvação é a mensagem central da Bíblia e é alcançada exclusivamente
pela graça de Deus mediante a fé, como afirma o apóstolo Paulo ao escrever a
Tito. Ele diz que a graça de Deus se manifestou trazendo a salvação a todos
homens (Tito 2.11-14). A pobreza física não é um sinal de bem-aventurança; o
ser “pobre de espírito” (Mateus 5.3), que tem a ver com humildade e reconhecimento
da dependência de Deus, sim. A provisão divina da salvação é oferecida por Deus
a todos os homens, independentemente de sua classe social.
A visão soteriológica ortodoxa e pentecostal enfatiza a importância
da conversão e do compromisso com Cristo para que o homem possa receber a graça
divina e estar incluído no Reino de Deus. Ela destaca que a salvação é um
processo pessoal que envolve a decisão do pecador em ouvir, crer, se
arrepender, confessar o nome de Jesus como seu Senhor e Salvador, e entregar sua
vida a Ele. Essa entrega ao domínio da graça leva à renovação da criatura, pois
estamos em Cristo e somos transformados em novas pessoas.
Considerações finais
É possível admitir que a experiência de pobreza ou
sofrimento pode tornar as pessoas mais propensas a aceitar a salvação em Cristo
Jesus. Isso porque a vulnerabilidade social pode gerar um sentimento de
desamparo e desesperança, levando-as a buscarem soluções e esperanças em Deus.
Isso pode levá-las a se sentirem mais propensas à aceitação da salvação, pois a
sua situação material pode fazê-las reconhecer que são dependentes de Deus e se
tornarem mais sensíveis. Porém, isso é diferente de afirmar que a experiência
de pobreza ou sofrimento é um requisito para a salvação, pois a graça de Deus é
alcançada apenas mediante a fé, sem se basear em condições sociais ou
materiais.
Referências bibliográficas
BANCROFT, E.H. Teologia
elementar. São Paulo: Editora Batista Regular, 2001.
C MAPLIN, R. N. O Novo
Testamento Interpretado: versículo por versículo. Volume 1. São Paulo:
Hagnos, 2002.
STAMPS, Donald. Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
STRONSTAD,
Roger; ARRIGTON, L. French (ed.). Comentário
Bíblico Pentecostal Do Novo Testamento: Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003.
por Antônio de Freitas Melo
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