A oração de Sansão pedindo força ao Senhor para matar os filisteus

A oração de Sansão pedindo força ao Senhor para matar os filisteus


Em sua oração final, Sansão pede que Deus o atenda e lhe conceda força sobrenatural a fim de se vingar dos inimigos (Juízes 16.28). A oração do juiz israelita estava equivocada? Qual a diferença entre vingança e justiça?

A oração do juiz da tribo de Dã desafia de maneira frontal a natureza da nossa fé, divide opiniões e deixa explícita toda a nossa limitação de compreensão sobre como Deus age na história. Assim, nós lemos em Juízes 16.28: “Sansão clamou ao SENHOR e disse: SENHOR Deus, peço-te que te lembres de mim, e dá-me força só esta vez, ó Deus, para que me vingue dos filisteus, ao menos por um dos meus olhos”.

Sansão, no fim de sua vida, já preso, humilhado e cego pelos filisteus e servindo de escárnio no templo de Dagom, faz uma oração e pede força para o Senhor por mais uma última vez.  Contudo, o que está em pauta, é a motivação pela qual Sansão pede força. Não estaria o juiz de Israel partindo de uma vingança pessoal contra os inimigos? Se a resposta for “sim”, não conflitaria com Deuteronômio 32.35? Na referida passagem bíblica, lemos Deus dizendo: “Minha é a vingança e a recompensa...”.

Ele quer se vingar “ao menos por um de seus olhos”, que os filisteus haviam vazado. Sansão, na verdade, ora por vingança. E Deus ouviu o filho de Manoá. Deus ouve essa oração e lhe concede força novamente: “...E assim Sansão matou mais gente na sua morte do que durante a sua vida”.

Estaria Deus consentindo com o sentimento vingativo de Sansão? Podemos dizer que não! Com diz o salmista: “Ó SENHOR Deus, a quem a vingança pertence, ó Deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente”.

No Antigo Testamento, temos uma prova disso quando Deus dá permissão aos homens para vingar-se em Seu nome. Quando os midianitas praticaram atos hediondos e violentos contra os israelitas, Ele ordenou a Moisés que liderasse o povo em uma ação contra eles: “Disse o SENHOR a Moisés: Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois, serás recolhido ao teu povo”.

Porém, a vingança do Senhor tem como base Seu atributo moral de justiça, e Sua justiça é atrelada à Sua santidade. A justiça e juízo são a base do trono dEle (Salmos 89.14). A vingança humana tem por base a incompreensão do perdão e a ira desproporcional à justiça perfeita. “Por que a ira humana não opera a justiça de Deus” (Tiago 1.20). O sábio filho de Davi aconselha: “Não digas: Como ele me fez a mim, assim lhe farei a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra” (Provérbios 24.29).

Quando o Senhor restaurou a força de Sansão, não foi a justiça humana, pessoal do juiz, que foi satisfeita, todavia a retribuição do próprio Deus contra os filisteus que escravizavam Israel por longos 40 anos. “O SENHOR é um Deus zeloso e que toma vingança; o SENHOR toma vingança e é cheio de furor; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários e guarda a ira contra os seus inimigos” (Naum 1.2).

Quando aquelas colunas foram derrubadas e os filisteus foram mortos, isso expressava a justiça divina reagindo através da lei retributiva, vingando a ação perversa dos filisteus por 40 anos contra o Seu povo. O livramento de Israel havia chegado.

Sansão foi apenas o instrumento de Deus, não pelas razões ou motivações que ele esperava, mas pelo propósito soberano de Deus dentro de Sua vontade consequente. Afinal, este era o plano de Deus para com o nazireu. “...porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus” (Juízes 13.5). A vingança que Sansão buscava era a expressão de seu pecado, que o levou à vergonha e à morte. Não obstante, a graça nos ensina em sua dispensação que a vingança pertence ao Senhor e não a nós. “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira...” (Romanos 12.19).

Não deixamos que o nosso pecado aflore motivações de vingança. Que possamos amar nossos inimigos, e em submissão aos governantes que Deus colocou sobre nós porque eles são Seus instrumentos como “castigo dos malfeitores” (1 Pedro 2.13,14). “Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa” (Hebreus 10.30).

por Juliano Fraga

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