O Reino de Edom e a aldeia de Emaús

O Reino de Edom e a aldeia de Emaús


Descobertas reforçam a narrativa bíblica outrora negada por céticos

A revista científica PLOS ONE divulgou a informação de que uma equipe de cientistas israelenses e norte-americanos descobriram evidências que comprovam a narrativa bíblica consoante ao antigo reino de Edom, existente entre os séculos  12 e 11 a.C. De acordo com informações extraídas da Bíblia Sagrada, a nação edomita estava localizada na Transjordânia, com fronteiras definidas com o reino de Moabe a nordeste, Arava a oeste e o deserto árabe a sul e leste.

Da mesma forma como o nome do patriarca Israel deu nome ao país habitado pelos hebreus, o território edomita recebeu esta nomenclatura de seu patriarca Edom ou Esaú (Gênesis 36.43), primogênito de Isaque e Rebeca (Gênesis 25.25, 26). Segundo a narrativa bíblica, os descendentes de Esaú organizaram-se em unidades tribais, muito antes da monarquia hebréia. Os edomitas foram governados por reis conforme Gênesis 36.15-40; 1 Crônicas 1.43-54. O território ocupado pelos edomitas constituía-se em uma área agreste e montanhosa e por causa da escassez das chuvas na região, a terra não era considerada muito fértil. Apesar disso, eles praticavam a agricultura em alguns locais do país, principalmente com o cultivo de trigo e o plantio de videiras e oliveiras.

Porém, ao longo dos anos, os arqueólogos não encontravam nenhuma evidência a fim de confirmar quando e onde os edomitas viveram — levando muita gente a duvidar do relato bíblico.

Mas desta vez, a pesquisa divulgada pela revista científica dá a entender que o reino edomita existiu na época e no local descritos pela Bíblia. “Usando a evolução tecnológica como o proxy dos processos sociais, conseguimos identificar e caracterizar o surgimento do reino bíblico de Edom”, explicou o professor Erez Ben-Yosef, da Universidade de Tel Aviv, do Central Timna Valley Project. “Nossos resultados provam que aconteceu antes do que se pensava anteriormente e de acordo com a descrição bíblica”.

A equipe de especialistas é também formada pelo professor Tom Levy, da Universidade da Califórnia, deslocou-se ao deserto de Arava, localizado entre Israel e Jordânia com o objetivo de analisar o cobre, fonte de riqueza do antigo reino. Os cientistas, especificamente, analisaram a escória, o resíduo restante da extração do metal a fim de determinar que Edom não somente existiu no período discriminado na Bíblia, mas também detinha poder e avançada tecnologia.

“Com técnicas avançadas de análise química, análise arqueológica e investigação microscópica, conseguimos entender como as pessoas produziam cobre e se era organizado por um corpo central de pessoas. Os resultados são surpreendentes e que nos indicam que algo grande estava acontecendo muito cedo, pelo menos no século 11 a.C.”, disse Ben-Yosef à CBN News.

A Bíblia Sagrada oferece informações preciosas acerca da erradicação do povo edomita. Orgulhosos por habitarem em uma cordilheira rochosa que os deixavam praticamente inexpugnáveis aos ataques inimigos, os descendentes de Esaú destilavam ódio contra os filhos de Israel, seus parentes. Embora os irmãos tivessem se reconciliado no passado (Gênesis 33), todavia a fúria entre os dois povos irrompia em conflitos ao longo da história bíblica. Os edomitas frequentemente aliavam-se aos inimigos de Israel a fim de invadir seu território e provocar destruição e morte.

O comentarista bíblico Donald Stamps fez o seguinte registro na Bíblia Pentecostal (CPAD) acerca do juízo divino contra Edom: “O profeta Obadias profetizava que os edomitas seriam completamente destruídos por causa de sua violência e crueldade (cf. Obadias vv 16,18), ao passo que Judá seria restaurado, e o reino de Deus prevaleceria (vv. 17,19,21). Em 582 a.C. quatro anos após a destruição de Jerusalém, o povo edomita por pouco não é totalmente destruído pelos babilônios. A partir daí, é forçado a viver ao sul de Judá. Em 70 d.C., ano que Roma destruiu Jerusalém, não mais se teve notícia dos filhos de Esaú”.   

Encontrada aldeia bíblica de Emaús

As escavações de uma equipe franco-israelense na antiga cidade de Quiriate-Jearim revelaram enormes muralhas de uma fortificação helenística que remonta 2,2 mil anos e que serviria como referência a fim de identificar a localização da cidade bíblica de Emaús, identificada como o lugar onde Jesus fez a sua primeira aparição após a sua ressurreição. As informações foram publicadas pelo jornal israelense Haaretz.

Os trabalhos na região começaram em 2017, e os estudiosos concentram seus esforços precisamente em uma colina com vista para Jerusalém, contígua a cidade de Abu Ghosh. O relato bíblico informa que o local é conhecido principalmente por ter abrigado a Arca da Aliança por 20 anos, após a sua devolução pelos filisteus, que a levaram como troféu de guerra e acabaram sofrendo a ira divina (1 Samuel 5.11).

Os cientistas estimam que os enormes muros encontrados podem ter sido erguidos por ordem do general selêucida Báquides, responsável pela derrota e morte de Judas Macabeu, célebre líder judeu que comandou a revolta dos Macabeus contra o Império Selêucida. O embate entre os dois comandantes aconteceu em 160 a.C. Os veículos de informação dão conta de que as paredes das fortificações têm até três metros de espessura e, em algumas áreas, dois metros de altura. Nas últimas semanas de agosto, uma equipe de escavadores da Universidade de Tel Aviv e do Collège de France revelou ter descoberto evidências de uma torre.

A narrativa acerca da revolta dos judeus naquele período interbíblico encontra-se no livro histórico de 1 e 2 Macabeus e também nos registros do historiador judeu Flávio Josefo. Embora ambos forneçam as listas das cidades fortificadas pelo general, Quiriate-Jearim não foi relacionada. Porém, as listas indicam um local sem identificação à oeste de Jerusalém — no caminho estratégico que liga a cidade a Jaffa à costa do Mediterrâneo. O local em questão era conhecido por Josefo e pelo autor de Macabeus como Emaús.

O arqueólogo judeu Israel Finkelstein e o professor bíblico Thomas Römer alertam sobre a inexistência de outras fortalezas helenísticas conhecidas a oeste de Jerusalém, por este motivo ambos sugerem que a colina de Quiriate-Jearim e a cidade adjacente de Abu Ghosh sejam identificadas como Emaús, fortificada pelo general Báquides.

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem