As superstições estão presentes na história em todos os povos, tribos e nações. Superstições são crendices populares ou crenças sem fundamento bíblico. É sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de acontecimentos fantásticos e à confiança em objetos ineficazes. É crendice. Pode ser uma crença em presságios tirados de fatos puramente fortuitos; pode ser o apego exagerado e/ou infundado a qualquer coisa. É uma forma do Diabo enganar as pessoas. Carl Jung, fundador da psicologia analítica, trabalha em suas teorias um tema que se identifica muito com a superstição. Ele fala sobre um inconsciente coletivo, o qual é como uma cultura que passa de geração para geração de forma inconsciente. Uma família, uma tribo ou um grupo de pessoas seguem alguns padrões inconscientes e inexplicáveis a partir de uma memória coletiva. Isso explica por que cada povo desenvolve suas superstições e crendices.
A formação do povo brasileiro teve a participação dos europeus,
africanos e indígenas, por isso fomos influenciados por muitas superstições,
tais como: sexta-feira 13 traz azar, bater na madeira para afugentar o azar, quebrar
espelho traz azar, ferradura é símbolo de boa sorte, gato preto é considerado
mau agouro, quando o outro espirra é preciso dizer “saúde”, vassoura atrás da
porta é para o visitante indesejado ir embora, passar debaixo da escada dá azar
etc.
Existem ainda muitos símbolos supersticiosos, como
borboletas negras, que seriam sinal de morte; cair um talher, que significaria visitas
chegando; viajar com padres, que indicaria desgraça na certa; vestir roupa ao
avesso, que significaria recebimento de dinheiro; sentir a orelha quente, o que
indicaria que alguém está falando da pessoa; morto de olho aberto, que
significaria que haverá outro morto.
Esse panorama de superstições se torna ainda mais complexo
do que já é quando se trata do mês de agosto, visto como o mais azarado do ano
ou, como se diz, “agosto é mês do desgosto”. Há mais de uma explicação para essa
crendice tão popular sobre o mês de agosto, a qual não existe apenas em
território brasileiro. No século 1, os antigos romanos já temiam o mês de
agosto por acreditar que, nessa época, um dragão cuspindo fogo aparecia no céu
durante a noite. O que era isso? Era apenas a constelação de Leão, que fica
mais visível durante o período de agosto. É, portanto, uma crendice antiga, e é
por causa dela que se diz que o dia mais perigoso do ano é quando a sexta-feira
13 ocorre no mês de agosto. Um fato curioso é que quando criaram o calendário
romano, o mês de agosto inexistia. Este mês era chamado “Sextilis”. Isso pela reputação
que este mês já tinha entre os romanos.
Além da crendice, há ainda o fato de que, no Brasil, o mês
de agosto é um tempo de muito vento invernal, de muitos nevoeiros nas estradas
e de consequentes desastres rodoviários. Também por ser inverno, as árvores não
ostentam belas folhagens. E por ser tempo de entressafra, os animais dão menos
leite, o que só faz aumentar a fama do mês. É, igualmente, um período com
propensão para doenças respiratórias. Isso sem contar as queimadas, comuns por
causa do tempo seco e facilmente espalhadas por causa do vento forte.
O folclore popular ainda dá conta de que as sextas-feiras do
mês de agosto são propensas à visita de lobisomens, que durante a noite devem
percorrer sete fazendas, sete encruzilhadas e sete galinheiros. É também nas sextas-feiras
de agosto que as bruxas teriam seu fado a cumprir: voar de vassoura com vestes
brilhantes, espalhando gargalhadas e pavor pelos ares. Para os mais supersticiosos,
o mês oferece ainda outro ponto negativo: de acordo com as crenças populares, no
dia 24 de agosto, dia de São Bartolomeu, o Diabo consegue enganar a vigilância
dos anjos e passeia entre os homens. Na prática, em agosto, os noivos, às vezes
até mesmo cristãos, evitam o casamento. A negativa vem das mulheres
portuguesas. Na crença, casar-se em agosto significava ficar só, sem
lua-de-mel, e até enviuvar. Tudo isso porque o oitavo mês do ano representava a
época das expedições, onde os homens estavam no mar à procura de novas terras.
Na Argentina, há quem não lave a cabeça durante o mês de agosto
inteiro. Os argentinos dizem que o ato higiênico realizado nesse período chama
a morte. Mesmo que muitos digam não acreditar no azar de agosto, o número de
pessoas que evitam se casar, realizar grandes negócios ou mudar durante este mês
é grande. Outro fato é que as mulheres evitam dar à luz em agosto. A
ginecologista e obstetra Sônia Farah informa que, não raro, ouve pedidos de que
as cesarianas marcadas para o início de agosto sejam antecipadas para julho, ou
ainda aquelas previsto para o final de agosto sejam adiadas para setembro.
É importante lembrar que muitos servos de Deus, conscientes ou
não, influenciados por esta cultura mundana, esquecem que a nossa vida deve ser
pautada apenas na Palavra de Deus. Eu sei que isso acontece, pois muitas vezes observo
os jovens cristãos fugir do casamento no mês de agosto ou crentes em geral
expressando seus medos baseados em alguma superstição. Isso acontece porque muitos
crentes ainda manifestam embaraços e bloqueios que precisam ser vencidos. Muita
gente ainda está ligada a padrões mentais e espirituais da velha natureza. O apóstolo
Paulo registrou em sua Carta aos Romanos 12.2: “E não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos pela renovação de vossa mente, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Mente fala de
pensamentos, sentimentos, desejos e memória. Muitas coisas que praticamos são
aprendidas e gravadas em nossa memória durante nossa vida. Portanto, é
necessário pedir a Deus a transformação de nossa mente, conforme Paulo nos fala
em 1 Coríntios 2.6.
O apóstolo também adverte aos servos de Deus a abandonar os mitos
da velha natureza. “Partindo para a Macedônia, roguei que você permanecesse em
Éfeso para ordenar a certas pessoas que não mais ensinem doutrinas falsas e que
deixem de dar atenção a mitos e genealogias intermináveis, que causam
controvérsias em vez de promoverem a obra de Deus, que é pela fé” (1 Timóteo
1.3,4).
Paulo também advertiu os gálatas sobre isso, a não voltar ao
passado, quando eles eram escravos do paganismo: “Mas, quando não conhecíeis a
Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a
Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses
rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?” (Gálatas 4.8,9).
Precisamos ser transformados de tal maneira que os mitos e superstições do
mundo ou que pertençam à cultura de nossa família ou de nossos pais não nos influenciem
mais, haja vista que formos transformados pelo Senhor.
Todos nós corremos o risco de trazer algum vício de
linguagem ou termos errados que podem fazer parte do nosso vocabulário. Ouço pregadores
no púlpito e muitos irmãos em conversas dizendo: “Nossa!”. Quem fala isso nem percebe
que é uma expressão do tempo em que éramos católicos. Precisamos vigiar nossas
palavras. Como servos de Deus, precisamos de uma transformação total em nosso
estilo de vida, hábitos, comportamentos, palavras e ações. Se você ainda
acredita em alguma superstição, o Senhor te liberte completamente. “Se, pois, o
Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.36).
É bom ficar claro que muitas superstições fazem parte da cultura
popular e muitas outras têm uma ação direta do Diabo para aprisionar a mente
humana e nos afastar da Palavra de Deus, porque toda superstição tem uma relação
direta com a fé e partimos do princípio de que nossa fé deve estar unicamente
firmada no Senhor e sua Palavra. Tenha um agosto abençoado!
Referências
claudia.abril.com.br/cultura/por-que-agosto-e-considerado-o-mes-do-desgosto/
(15.06.2020)
https://estudos.gospelmais.com.br/supersticao-e-crendices (08.06.
2010)
por Israel Alves Ferreira
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