A pergunta “Você morreria pela causa do Evangelho?” ressoa profundamente em nossos corações e mentes, produzindo uma séria reflexão sobre a nossa fé e compromisso com as Boas Novas de Salvação. Quando Jesus disse a Seus discípulos que receberiam poder ao descer sobre eles o Espírito Santo e seriam Suas testemunhas até os confins da terra (Atos 1.8), Ele usou o termo grego mártys, que significa “testemunha”, mas também implica a possibilidade de martírio. Este termo revela a intensidade do testemunho cristão, que pode chegar ao ponto de sacrificar a própria vida em prol da fé.
Historicamente, o Cristianismo tem uma rica tapeçaria de
mártires, homens e mulheres que preferiram enfrentar a morte a renunciar sua fé
em Cristo. Desde os primeiros cristãos que sofreram nas arenas romanas até os
missionários modernos em terras hostis ao Cristo crucificado, a disposição para
morrer pelo Evangelho tem sido uma marca registrada do verdadeiro compromisso
com Cristo.
Na sociedade atual, a ciência e a razão têm uma grande
influência, e muitos se dedicam intensamente à busca por verdades científicas. No
entanto, é raro encontrar indivíduos dispostos a morrerem por essas verdades.
Isso nos leva a uma importante distinção: enquanto a ciência procura entender o
mundo material, a fé cristã trata do significado eterno e da redenção da alma
humana. É a convicção no poder transformador do Evangelho e na promessa de vida
eterna que move os cristãos a defenderem sua fé até as últimas consequências.
As Boas Novas de Salvação, central ao Evangelho, oferecem uma
esperança que transcende a existência terrena. Jesus Cristo, ao morrer na cruz,
abriu o caminho de reconciliação entre Deus e a humanidade, prometendo vida eterna
a todos que nEle creem. Esta promessa de redenção e vida eterna é o núcleo que
impulsiona os cristãos a testemunharem com tal fervor que, se necessário, estariam
dispostos a enfrentar a morte.
Martírios ao longo da história do Cristianismo
Desde o seu início, a história cristã está repleta de
exemplos de indivíduos que sofreram severas perseguições e muitos deram suas vidas
pela fé. Desde os primeiros séculos do Cristianismo, muitos seguidores de Jesus
enfrentaram perseguição severa, frequentemente resultando em morte. Esses mártires
primitivos são lembrados por sua coragem e firmeza na fé. Podemos citar uma
obra inteira, como O Livro dos Mártires, de John Foxe (CPAD), que relata
a história de sofrimento e martírio de homens e mulheres cheios de fé desde os
cristãos primitivos aos mártires protestantes. A título de informação,
colocamos neste texto alguns poucos irmãos e irmãs cuja fé nos inspira.
Estêvão: Considerado o primeiro mártir cristão, Estêvão foi apedrejado
até a morte por pregar sobre Jesus em Jerusalém (Atos 7). Sua oração de perdão
por seus algozes ecoa as palavras de Cristo na cruz e exemplifica o espírito de
amor e perdão do Evangelho.
Tiago, filho de Zebedeu: Um dos doze apóstolos, Tiago foi
executado por ordem de Herodes Agripa (Atos 12.2). Sua morte marcou o início de
uma onda de perseguição que visava os líderes da Igreja Primitiva.
Policarpo de Esmirna: Bispo de Esmirna e discípulo do
apóstolo João, Policarpo foi martirizado em 155 d.C. Quando instado a renegar
Cristo para salvar sua vida, respondeu: “Por oitenta e seis anos O servi, e Ele
nunca me fez mal. Como posso blasfemar contra meu Rei e Salvador?”
Perpétua e Felicidade: Essas duas jovens mulheres foram martirizadas
em 203 d.C., em Cartago. Perpétua, uma nobre jovem mãe, e Felicidade, uma
escrava grávida, foram executadas juntas em um anfiteatro, exibindo notável coragem
e fé inabalável até o fim.
Inácio de Antioquia: Bispo de Antioquia, Inácio foi levado a
Roma e lançado aos leões no Coliseu por sua fé, por volta de 108 d.C. Durante
sua viagem a Roma, escreveu cartas encorajando os cristãos a permanecerem
firmes na fé e a não impedirem seu martírio.
No século passado, um dos relatos mais impactantes é o do pastor
Richard Wurmbrand, cujo livro Torturado por Amor a Cristo detalha sua prisão e
tortura em um país comunista devido à sua fé. Wurmbrand passou 14 anos em prisões
comunistas, onde sofreu terríveis torturas, mas manteve sua fé inabalável e
testemunhou o amor de Cristo a seus perseguidores. Sua história é um poderoso lembrete
de que, mesmo em face da mais severa perseguição, a fé pode permanecer firme e
inquebrantável.
Outro exemplo significativo é o do missionário americano Jim
Elliot, que foi martirizado em 1956 pelos nativos Huaorani (também conhecidos
como Auca) no Equador. Elliot e outros quatro missionários sentiram o chamado
de levar o Evangelho a essa tribo isolada, conhecida por sua violência contra
intrusos. Após estabelecerem contato inicial pacífico, foram atacados e mortos
pelos Huaorani. A famosa frase de Elliot - “Não é tolo aquele que abre mão do
que não pode reter para ganhar o que não pode perder” -, ecoa como um
testemunho de sua devoção e compreensão do valor eterno do sacrifício pela fé
(Continua na próxima edição).
por Eduardo Leandro Alves
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