Qual o verdadeiro significado das campainhas na roupa litúrgica do sumo sacerdote (Êxodo 28.33-35)? Elas serviam para alertar a sua morte no Santo dos Santos, caso o seu sacrifício pelo povo não fosse aceito por Deus?
As vestes litúrgicas do sumo sacerdote nos chamam a atenção pela riqueza de detalhes e significados. Em Êxodo 28.33-35, observamos que havia campainhas na roupa litúrgica do sumo sacerdote. Para que serviam elas? Os acessórios serviam para alertar a sua morte no Santo dos Santos, caso o seu sacrifício pelo povo não fosse aceito por Deus? Essas são questões que despertam grande interesse e nos possibilitam importantes ensinamentos para com o nosso relacionamento com Deus na Nova Aliança.
No capítulo 28, o texto nos apresenta em detalhes como era
constituída a indumentária sacerdotal, bem como todos os acessórios. Um
destaque especial é dado aos itens que eram usados pelo sumo sacerdote, entre
eles as campainhas (ou sinos, segundo algumas traduções bíblicas). Eram duas
campainhas que, por sua vez, estavam unidas a duas romãs confeccionadas a
partir de tecido nas cores azul, púrpura e carmesim.
Com simbologia marcante e uma riqueza de detalhes em sua confecção,
a vestimenta sacerdotal implicava em “glória e ornamento” no ministério (Êxodo
28.2). Conforme nos explica o pastor Elienai Cabral (2019), além de desperta a
atenção do povo, a vestimenta também sinalizava o caráter divino do serviço.
Cada detalhe, tanto na confecção dos objetos e vestimentas
quanto nas práticas exercidas pelos sacerdotes, revelava quão preciosa e santa
deveria ser a adoração e a busca pela santificação do povo frente a Deus. Por
exemplo, apenas o sumo sacerdote, devidamente paramentado, poderia entrar no Santo
dos Santos e ministrar em favor do povo.
Champlin afirma que as romãs (vv. 33 e 34) provavelmente representavam
frutificação e as campainhas, o testemunho de quem as portava. O soar das
campainhas revelava que o sumo sacerdote estava aprovado por Deus e poderia exercer
sua função. Das romãs, o doce aroma e sabor de um frutificar que agrada ao
Senhor; dos sinos, o som doce e suave indicando a reverência e busca pela
santificação que o sumo sacerdote deveria ter em sua caminhada. Enfim, um importante
alerta e um maravilhoso chamado para a Igreja dos dias atuais.
Muitos interpretam equivocadamente esse texto ao afirmar que
o sumo sacerdote usava as campainhas para que o silêncio delas indicasse a
reprovação divina sobre o ministro e a sua consequente morte por um sacrifício
não aceito. De forma convicta, podemos afirmar que o tilintar das campainhas
aponta para a dedicação do sumo sacerdote em busca de uma prática aprovada pelo
Deus Santo e Poderoso. Nesse texto, a campainha nos ensina sobre o som e não
sobre o silêncio. Oh, glória!
Segundo Ralph Gower (2012), o sistema sacrificial indicava a
possibilidade de uma relação mais profunda com Deus. No entanto, para que isso
acontecesse, era necessária uma constante purificação do pecado. Diante desse
sistema envolto em suas imperfeições, destacava-se a necessidade de uma relação
mais intensa com Deus e a plena vitória sobre o pecado. Ambos os intentos foram
possíveis através de Jesus (Hebreus 10.1-8), o nosso sumo sacerdote eterno (Hebreus
4.14-16).
Referências:
Bíblia com comentários de Antonio Gilberto. Rio de
Janeiro: CPAD, 2021.
CABRAL, Elienai. O Tabernáculo: símbolos da Obra
Redentora de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
CHAMPLIN, Russel. O Antigo Testamento interpretado
versículo por versículo. São Paulo: Candeia, 2000. p 432.
GOWER, Ralph. Novo manual dos usos & costumes dos
tempos bíblicos. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. p 325.
RICHARDS, Lawrence. Comentário devocional da bíblia.
Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
por Marcos Tedesco
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