Que são “mundos criados” em Hebreus 11.3?

Que são “mundos criados” em Hebreus 11.3?


A Ciência oferece teorias sobre outros mundos fora do contexto bíblico e os ufólogos buscam comprovar a existência de vida fora da Terra. Afinal, qual o entendimento da Palavra de Deus em relação a essa questão?

O versículo em questão diz o seguinte, em uma tradução comum: “Pela fé, entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê”. Antes de tudo, esse versículo destaca a natureza da fé e a sua relação com a criação do mundo por parte de Deus: “Pela fé entendemos”.

O autor aos Hebreus de forma clara fundamenta sua fé nas Escrituras Sagradas. Ou seja, ela dá crédito à narrativa das Escrituras a respeito da obra da criação. Isso é selecionado primeiro porque, evidentemente, é a primeira coisa que ocorre na Bíblia, é a primeira coisa que é narrada no texto bíblico que se relaciona com o exercício da fé. Ele aponta para nenhum exemplo em particular em que essa fé foi exercida – pois nenhuma é mencionada especialmente –, mas se refere à natureza da fé que cada um pode observar em si mesmo. A fé aqui exercida é a confiança na verdade das declarações divinas em relação à criação. O significado é que nosso conhecimento sobre esse assunto é uma mera questão de fé no testemunho divino. Não é fruto de mero raciocínio. Também não é que a história humana retorne a esse período e nos informe disso; é simplesmente que Deus nos disse isso em Sua Palavra. Assim nós “entendemos”, ou seja, nosso conhecimento desse fato deriva apenas da fé, e não do nosso próprio raciocínio. A fé tem uma retrospectiva como também uma perspectiva: não aponta somente para a frente, para o fim do mundo, mas para trás, para o começo do mundo.

E quanto aos “mundos”? A palavra que o apóstolo usa aqui denota uma pluralidade de mundos e é prova de que ele supunha que havia outros mundos além da nossa terra. Até onde o conhecimento dele se estendeu sobre esse ponto, não temos meios de averiguar, mas não há razão para duvidar que ele considerasse os corpos celestes como “mundos” em alguns aspectos, como o nosso. A palavra traduzida como “mundos” é aionas, literalmente “idades” ou aeons (eras); mas, visto que esse termo grego é constantemente utilizado como metonímia, figura de linguagem empregada para expressar não apenas vastos períodos de tempos, mas tudo o que existe nessas eras, traduz-se bem como “mundos”. O termo grego aion é usado para falar sobre os mundos físicos, e não apenas sobre períodos de tempo. Talvez pudéssemos dizer aqui que “todas as eras do tempo e tudo quanto há nelas, foram criadas por Deus”. Não é errado afirmar, portanto, que “mundos” aqui pode referir-se a todos os planetas do sistema solar.

Ele diz: “Foram criados”. A palavra grega usada para “criados” é katartizo, que significa pôr em ordem, organizar, completar e pode ser aplicado àquilo que antes existia e que deve ser colocado em ordem ou reajustado (Mt 4.24; Mc 1.19; Mt 21.6; Hb 10.5). O significado aqui é que eles “foram postos em ordem” pela Palavra de Deus. Isso implica o ato da criação, mas a ideia específica é a de organizá-los na bela ordem em que estão agora. A Ciência atesta que há um elemento ou substância original, indefinida e desconhecida, de onde tudo provém. Desse elemento indefinido surgiram os quatro elementos principais: a terra, o ar, o fogo e a água. O autor aos Hebreus nos convida ao exercício da fé, conferindo a Deus e à Sua palavra a origem de tudo. Em outras palavras: o que a Ciência chama de elemento ou substância indefinida, o autor aos Hebreus chama de Palavra de Deus.

Embora nenhum ser humano tenha testemunhado a obra da criação, sabemos, pelas Escrituras, que Deus criou o mundo através da Sua Palavra (Sl 33.6,9). Aceitamos isto pela fé, percebendo que o “visível” não é a única e realidade existente. O autor aos Hebreus, portanto, nos convida ao exercício da fé nas Escrituras Sagradas que atestam as obras feitas pelas santas mãos de Nosso Senhor.

por Sérgio Pereira

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