O verdadeiro avivamento segundo Atos 2

O verdadeiro avivamento segundo Atos 2


O cumprimento da gloriosa promessa do derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja, descrito em Atos , nos permite identificar algumas características de um verdadeiro avivamento. Vale lembrar que o propósito deste texto não é afirmar que as características aqui apresentados são as únicas. O objetivo central é apresentar algumas muito importantes que podemos encontrar no capítulo  do livro de Atos dos Apóstolos.

Jesus Cristo orientou os Seus discípulos a não se ausentarem de Jerusalém até que se cumprisse a gloriosa promessa (Atos 1.4). Eles não sabiam que dia seria esse, pois o Senhor disse apenas “até”, e os discípulos obedeceram à orientação do Mestre. Enfim, quando se cumpriu a promessa, a Bíblia diz: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados” (Atos 2.1,2). Os primeiros discípulos foram, então, batizados com o Espírito Santo, como Jesus havia prometido: “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1.5). O sinal perceptível foi o falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo concedia que falassem (Atos 2.4). Cremos que este continua sendo, até hoje, o sinal de que alguém foi batizado com o Espírito Santo.

Dentro desse contexto tão maravilhoso, podemos, então, identificar alguns elementos em um verdadeiro avivamento, encontrados em Atos 2. O primeiro é a relação entre o Avivamento e o Arrependimento. Na História da Igreja, podemos observar uma direta relação entre a mensagem do avivamento e a conclamação ao arrependimento e à conversão. Essa foi a mensagem de João Batista, do nosso Senhor Jesus Cristo e dos apóstolos. No dia do derramamento do Espírito Santo, que marcou o início do avivamento na Igreja primitiva, o apóstolo Pedro pregou de forma bem contundente: “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2.38).

Outro detalhe dentro desse primeiro ponto é que o capítulo 2 de Atos começa da seguinte forma: “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes...”. Não foi à toa que o Senhor escolheu o Dia de Pentecostes para o derramamento do poder do Espírito Santo sobre a Igreja. Além do fato de que essa festa, também chamada de Festa das Colheitas, onde as primícias da sega de grãos eram oferecidos a Deus, simbolizava a colheita de almas no Reino de Deus, e também do fato de que, nesse dia, povos de diversas regiões estavam presentes, existe ainda um simbolismo muito rico na relação entre a Páscoa e o Pentecostes. A Festa de Pentecostes acontecia 50 dias após a Páscoa. A primeira (Páscoa) celebrava a libertação do povo de Israel do Egito (Êxodo 12), quando Deus mandou as famílias sacrificarem um cordeiro e aspergirem o sangue deste nos umbrais das portas, para que o anjo da morte, enviado da parte de Deus, não ferisse os filhos de Israel. Isso aponta para o sacrifício de Cristo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. É importante notar que primeiro o povo celebrava a Páscoa para depois celebrar o Pentecostes. Parece óbvio, mas essa era a ordem. Não existe Pentecostes sem Páscoa. Primeiro, a Páscoa; depois, o Pentecostes. Tipologicamente, podemos afirmar que quem não passou pela Páscoa, ou seja, quem ainda não foi lavado pelo sangue de Jesus, não irá experimentar o poder do Pentecostes. Ou seja, primeiro vem o novo nascimento, depois o batismo com o Espírito Santo. Pode até ser que aconteçam quase que simultaneamente, ou seja, no momento em que a pessoa passou pelo novo nascimento, ela é batizada com o Espírito Santo, porém é sempre nessa ordem.

É glorioso saber que, assim como em Atos 2, o poder do Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos, e fê-los pregar a mensagem do arrependimento. Assim também hoje o verdadeiro avivamento deve levar-nos a pregar tal mensagem e, acima de tudo, podermos ver almas se arrependendo, pedindo perdão dos pecados e se convertendo ao Senhor.

A segundo característica é a relação entre o Avivamento e a Unidade. O texto de Atos 2, no primeiro versículo, nos diz: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar”. Essa expressão: “reunidos no mesmo lugar” significa mais do que um simples ajuntamento geográfico. Foi um ajuntamento de propósito, de comunhão. Sim, eles estavam reunidos e unidos. O capítulo 1 e versículo 14 diz: Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os seus irmãos”. Essa expressão significa dizer que eles estavam com o mesmo ânimo, com o mesmo propósito. E logo após a descida do Espírito Santo, a Bíblia mostra que essa unidade continuou. Podemos ler em Atos 2.42,44: E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações (...) Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum”. Duas palavras se destacam nestes dois versículos: comunhão (koinonia) e comum (koinê).

Sim, há uma relação direta entre o verdadeiro avivamento e a unidade. Como uma equação reversível, uma gera e é gerada pela outra. O verdadeiro avivamento no meio do povo de Deus gerará unidade, perdão e comunhão.

A terceiro característica é a relação entre o Avivamento e a Oração. Não podemos pensar que, antes do derramamento do poder do Espírito Santo, os discípulos estavam esperando de qualquer maneira. Como escrevemos acima, o capítulo 1 e versículo 14 de Atos nos afirma claramente que eles perseveravam unanimemente em oração. Em Atos 2.1, lemos o seguinte: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar”. Certamente, a oração fazia parte dessa reunião. É maravilhoso saber que, antes do derramamento do poder do Espírito eles estavam em oração e, após o derramamento, eles continuaram na prática da oração. É isso que Lucas escreveu em Atos 2.42: E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. Devemos orar constantemente por um avivamento e continuar orando depois de ele chegar.

A quarto característica é a relação entre o Avivamento e a Palavra de Deus. Quando lemos todo o capítulo 2 de Atos, podemos perceber claramente que várias vezes textos do Antigo Testamento são citados pelo apóstolo Pedro, naquilo que podemos chamar de “primeira mensagem pentecostal”. A pregação de Pedro foi bíblica: logo nos versículos 16 ao 20 do capítulo 2 de Atos, Pedro cita o capítulo 2 do livro do profeta Joel. Nos versículos 25 ao 28, ele cita Salmo 16.8-11. Já nos versículos 34 e 35, ele cita o Salmo 110.1. Que maravilha! A pregação no Dia de Pentecostes foi baseada nas Sagradas Escrituras. O ensinamento bíblico na Igreja em nada atrapalha a operação do poder do Espírito Santo; ao contrário, a embasa e norteia, livrando a Igreja tanto do formalismo frio como do fanatismo, da reação meramente emocional. Mesmo após o batismo com Espírito Santo, o escritor Lucas escreveu: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos...” (Atos 2.42). Portanto, como nos registra Atos 2, há uma relação direta entre o verdadeiro avivamento e a ministração da Palavra de Deus.

A quinto característica é a relação entre o Avivamento e o Evangelismo-Missões. O derramamento do Espírito Santo foi seguido da mensagem evangelística, o que gerou na conversão de quase 3 mil almas (Atos 2.41). Deus não derramou do Seu poder sobre a Igreja para ela ficar apenas entre quatro paredes, mas para ela proclamar a mensagem de Boas Novas a este mundo. Na promessa feita a Seus discípulos, o nosso Senhor Jesus disse: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1.8).

A sexto característica é a relação entre o Avivamento e a Santificação. Logo após Pedro trazer a palavra de arrependimento no versículo 38, ele adverte no verso 40. Diz o texto: “E com muitas outras palavras isto testificava e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa” (Atos 2.40). O verdadeiro avivamento deve despertar no cristão a atitude de não estar em conformidade com as práticas pecaminosas desta geração perversa, cada vez mais distante de Deus e da Sua Palavra (Romanos 12.2). Na História da Igreja, podemos observar que todo despertamento espiritual ou avivamento tinha no seu contexto a busca pela santificação. Uma geração avivada irá procurar pregar sobre a santificação, cantar sobre a santificação da Igreja e a santidade de Deus; porém, acima de tudo, procurará viver em processo de santificação. A Palavra de Deus bem nos recomenda: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12.14).

A sétimo característica é a relação entre o Avivamento e os Sinais e Maravilhas. Em Atos 2.43, nós lemos: “Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos”. Isso significa dizer que a Igreja Primitiva vivia o sobrenatural de Deus e os milagres eram uma realidade entre os primeiros cristãos. Lucas registra a expressão: “muitas maravilhas e sinais”, ou seja, eles eram realizados em grande quantidade.

No início de Atos, temos a seguinte expressão: “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar” (Atos 1.1). O Evangelho segundo Lucas registrou o que Cristo começou a fazer e a ensinar, na unção e no poder do Espírito Santo (Lucas 4.18). Muitos sinais e maravilhas foram operados por Jesus Cristo. Já o Livro de Atos nos traz o que Jesus Cristo continuou fazendo, mas através dos apóstolos, estando eles debaixo do poder do Espírito Santo. Cremos que o mesmo Jesus que batiza com o Espírito Santo hoje também opera os sinais e maravilhas no meio da Sua Igreja como fazia no passado. Essa promessa é atual.

Enfim, embora saibamos que, no decurso da História da Igreja aqui na Terra, ela experimentou vários períodos de avivamento, não obstante as fases difíceis que têm passado, todavia o capítulo  de Atos caracterizou o início do cumprimento da gloriosa promessa. Ali tudo começou e, com certeza, este capítulo é um referencial para a Igreja de hoje. Portanto, que possamos buscar, viver e pregar o que aconteceu em Atos 2. Deus nos abençoe.

por Cláudio César Laurindo da Silva

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