Protestos anti-Israel se espalham nos EUA, Paris, Austrália e na USP
Em abril e maio, uma onda de antissemitismo invadiu algumas das principais universidades dos Estados Unidos e uma universidade em Paris. Nos Estados Unidos, universidades de renome – pertencentes à chamada Ivy League – como Columbia, Nova York, Califórnia, Harvard, Princeton, Yale, Cornell, Pensilvânia e Brown foram tomadas por estudantes anti-Israel, com as aulas tendo que ser suspensas na maioria delas. Professores e estudantes judeus eram agredidos e hostilizados, e impedidos de entrar no campus, enquanto palavras de apoio explÃcito ao grupo terrorista Hamas eram proferidas. Ao todo, 39 universidades em 18 estados dos EUA e no Distrito de Washington foram alvos de manifestações. Centenas de alunos foram presos. Até o fechamento desta edição, o número de presos passava de 500.
InÃcio dos protestos
Desde o inÃcio da guerra de Israel contra o Hamas em 7 de
outubro do ano passado, têm sido registradas manifestações antissemitas em universidades
norte-americanas, o que levou, inclusive, na renúncia da presidente da
Universidade de Harvard, Claudine Gay, em 2 de janeiro. Entretanto, em abril, houve
uma escalada.
A segunda e mais forte onda de manifestações antissemitas
teve inÃcio em 17 de abril, começando
por Columbia. Seis dias depois dos primeiros ataques, o rabino Elie Buechler
solicitou aos estudantes judeus que deixassem de ir à universidade. Ele
descreveu a situação como “terrÃvel e trágica”, e criticou a instituição e o
Departamento de PolÃcia de Nova York pela incapacidade em garantir a segurança
dos estudantes judeus. Por sua vez, a deputada Elise Stefanik acusou a universidade
de perder o controle e falhar na proteção de seus alunos. A presidente da
universidade, a muçulmana Nemat “Minouche” Shafik, permitiu a presença da
polÃcia no campus, mas as tensões continuaram a escalar, ao ponto de ela cancelar
todas as aulas presenciais. Segundo o Departamento de PolÃcia de Nova York
(NYPD), foram encontrados nos acampamentos dos manifestantes em Columbia cartazes
com as declarações “Morte aos Judeus!” e “Morte à América!”.
No mesmo perÃodo, a Universidade de Yale também enfrentou protestos
violentos. Em um deles, na noite do dia 20 de abril, um manifestante empunhando
uma bandeira palestina esfaqueou o olho esquerdo de uma judia, estudante da
Universidade de Yale, durante o turbulento protesto anti-Israel no campus da
instituição. A vÃtima, Sahar Tartak, é editora-chefe da Yale Free Press
e cobria o protesto quando foi cercada por uma multidão de manifestantes que
apontavam o dedo médio para ela enquanto gritavam “Palestina livre!”. Em certo
momento, “um manifestante masculino de mais de um metro e oitenta de altura,
segurando uma bandeira palestina, acenou com a bandeira na minha cara e depois me
esfaqueou no olho esquerdo. O meu agressor estava mascarado e usava um keyeh,
ocultando a sua identidade”, relatou ela em artigo publicado no site do Yale
Free Press no dia seguinte ao ataque.
Tartak afirma que logo após ser atacada procurou a polÃcia
de Yale, mas recebeu pouca ajuda. Ela disse que havia apenas sete policiais para
lidar com uma multidão de cerca de 500 pessoas. Tartak foi examinada por um
paramédico de ambulância e depois levada a um hospital. O agressor escapou impune.
Casa Branca se manifesta e polÃcia intervém
Em 30 de abril, ocorreu a tomada do Hamilton Hall,
prédio-sede da Universidade de Columbia, situado em Manhattan (Nova York), ao
som de gritos “Viva à intifada estudantil!”. Diante da notÃcia, a Casa Branca
divulgou um comunicado condenando o ato. Segundo Andrew Bates, secretário-adjunto
de imprensa da Casa Branca, “o presidente Biden sempre se opôs à s difamações
repugnantes e antissemitas e à retórica violenta, e condena o uso do termo ‘intifada’,
assim como fez com outros discursos de ódio trágicos e perigosos exibidos nos
últimos dias. O presidente Biden respeita o direito à liberdade de expressão, mas
os protestos devem ser pacÃficos e legais. Tomar edifÃcios à força não é
pacÃfico – é errado. E o discurso de ódio e os sÃmbolos de ódio não têm lugar
na América”, disse Bates. A resposta veio após uma série de crÃticas ao
presidente norte-americano por demorar a se pronunciar sobre as manifestações, enquanto
o candidato republicano à Presidência, Donald Trump, condenara os ataques desde
o inÃcio.
Os participantes do acampamento na Universidade de Columbia
foram os mais agressivos, envolvendo-se ardorosamente na glorificação do
terrorismo, entoando slogans terroristas e perseguindo, intimidando e agredindo
judeus. Um dos seus lÃderes apelou explicitamente à morte dos apoiadores de
Israel. Ao assumirem o controle de Hamilton Hall, quebraram janelas, destruÃram
propriedades e teriam mantido alguns alunos sob custódia contra a sua vontade
por um curto perÃodo de tempo. Em
de maio, a polÃcia foi acionada para acabar com os acampamentos. Os policiais
tiveram que entrar no prédio pelas janelas porque os agitadores se barricaram
no interior com móveis, alguns dos quais haviam sido quebrados. Várias prisões
foram feitas e os protestos, finalmente, contidos.
Estudantes na França, Austrália e na USP aderem
No inÃcio de maio, estudantes de quatro universidades na
Austrália se uniram em uma onda de protestos contra Israel e pró-Palestina. Em Sydney,
a universidade foi ocupada. Os estudantes pediram, inclusive, o corte de verbas
destas instituições para o governo de Israel.
Na França, várias universidades tiveram seus prédios tomados
pelas mesmas manifestações anti-Israel, dentre elas a Universidade de Sorbonne,
resultando na prisão – até o fechamento desta edição, demais de 2,2 mil
manifestantes. O governo francês também ameaçou cortar as verbas para a
Sciences Po, uma das mais prestigiadas instituições de pesquisa do paÃs, caso
as manifestações antissemitas continuassem ali.
Em 8 de maio, estudantes da Universidade de São Paulo (USP) também
aderiram às manifestações, invadindo o campus em protesto contra Israel. No
mesmo dia, o site judaico Pletz mostrou imagens de um aluno judeu da USP sendo
hostilizado e expulso do campus pelos manifestantes.
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