Jesus e o pentecostalismo

Jesus e o pentecostalismo


Jesus é o padrão de vida para todos. Ele deve ser a nossa fonte, inspiração e direção (João 14.6). Jesus é o maior de todos os mestres. Ser um Rabi (rhabbí) era possuir uma das patentes mais importantes no cenário palestino. Esse título só era dado a quem de fato merecia. Surge da palavra hebraica rab, que tem a colocação de grande ou capitão. A nomenclatura era utilizada entre judeus como sinal de honra para quem era intérprete da Tanakh, e Jesus – por ser quem é – era diferente dos outros (João 7.14-18, Mateus 7.28-29).

O Mestre nos mostra qual é a verdadeira doutrina. Tudo aquilo que foi ensinado por Ele é válido para aprendermos e praticarmos. E podemos inferir a essência da doutrina pentecostal em Cristo. Jesus Cristo foi o primeiro agente do pentecostalismo da história. Ao analisar algumas circunstâncias da vida de Jesus, percebemos o Espírito Santo em constante atuação:

­1) Profeticamente: A monarquia de Israel é perpétua na tribo de Judá, sobre a descendência de Davi. Pelos pecados de Salomão, sabemos da história da divisão das doze tribos. No Sul, passaram cerca de 20 reis na dinastia e, tragicamente, devido às más condutas, veio um exílio de 70 anos. As esperanças de uma monarquia sacra e divinamente guiada era praticamente nula. Então, Deus prediz sobre a posteridade (Isaías 11.1-2), afirmando que o governo do Messias seria único. Os “sete espíritos de Deus” repousariam sobre Ele (Isaías 11.3). Isso não significa uma variedade de espíritos, mas as multiformes ações do Espírito patentes no caráter de Jesus.

2) No Seu nascimento: A vida de Jesus estava emergida no Espírito Santo desde Sua concepção. A descida do Espírito com a sombra do Altíssimo corroborou para a concepção de Jesus (Lucas 1.35). A gestação virginal de Maria era fruto da ação divina. Ainda no ventre, Jesus já era revestido de virtude. Isabel, a parente próxima da mãe de Jesus, também conseguiu desfrutar dessa experiência (Lucas 1.41-43). A alegria de Isabel não estava sobre o fato de simplesmente ter visto Maria, mas porque ela carregava em seu ventre alguém especial, no qual havia a presença do Espírito.

3) Precursora: João Batista foi o precursor de Jesus. Enviado para preparar o caminho para Ele, sempre alertou a todos que não era o Messias (João1.19). João Batista nos conduz a um aspecto interessante sobre Jesus: Ele não seria apenas alguém com a presença do Espírito Santo, mas seu desejo é que todos consigam chegar a esse batismo (baptízō) no Espírito (Mateus 3.11). As águas batismais servem para um testemunho pessoal daquilo que Cristo realizou na vida de alguém. O batismo no Espírito concede o poder para testemunhar acerca de Jesus. Ambas as imersões devem ser valorizadas.

4) Ministerialmente: Vemos o Espírito Santo em Seu ministério também (Lucas 4.18-21). Durante Seu ofício, observamos os ensinos do Mestre revelando a verdadeira vontade do Pai. Em seus sermões, averiguamos algumas palavras proferidas acerca do Espírito Santo mencionadas em dois momentos distintos. Um antes da crucificação e outro após a ressurreição. Respectivamente, Jesus faz aos discípulos uma promessa e depois uma ordem. O Mestre queria orientar Seus discípulos sobre como viver a bendita presença do Espírito.

Havia um desejo no coração de nosso Senhor de celebrar a Páscoa com Seus discípulos. O que os discípulos mais temiam estava mui próximo de acontecer: Ele seria entregue para ser levado a Seu destino (Isaías 53.7). A tristeza invade os corações dos homens ali assentados. Porém, Jesus os consola com a promessa de Sua volta e da vida eterna (João 14.1-4). E aparece a primeira menção a respeito do Espírito Santo como promessa. Extraímos algumas lições preciosíssimas aqui:

a) Era necessário rogar ao Pai – Derivado da palavra grega erōtáō, o sentido de rogar é significativo: “suplicar”, “interrogar”. É interessante a colocação de Jesus, pois Ele teria que estar perante o Pai para que pudesse rogar. Em outras palavras, o Espírito só viria quando Jesus voltasse aos céus (João 16.7). Temos o derramar do Espírito pelo fato de ter havido o dia da crucificação; ou seja, a Páscoa sempre antecederá o Pentecoste!

b) Seria Outro Consolador - Logo se percebe a primeira inserção de paráklētos, com a conotação de um intercessor e advogado. Esse termo se refere a matrizes jurídicas (Romanos 8.26,27). Nunca devemos nos esquecer dessa grande verdade: há alguém que nos ajuda e auxilia, mesmo quando não vemos ou imaginamos. Jesus foi e é nosso grande intercessor, que enviou Outro Consolador.

c) Ele é Eterno – É intrigante o fato de Jesus citar que rogaria ao Pai, para enviar Outro Consolador, que ficaria para sempre conosco. Jesus se apartaria de Seus seguidores fisicamente, mas estaria com os discípulos até a consumação dos séculos (Mateus 28.20). Quando se cumprisse a promessa da vinda do Espírito, veríamos o Seu agir de um modo excepcional. Ele não seria um fluido que percorre o espaço e tempo, mas alguém que teria um trabalho, uma função a ser exercida, que incluía convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (João 16.8).

No texto original, aparece a palavra elénchō para designar “convencer”. O sentido consiste em refutar, acusar, contar uma falha. Outros apontam o sentido de repreender, ou até mesmo “tornar manifesto o que estava em oculto”. Com isso, Jesus delibera as três denúncias para o mundo: pecado, juízo e justiça.

Jesus é crucificado e, ao terceiro dia pela manhã, acontece Sua ressurreição. Após isso, Jesus ressurreto passou 40 dias aparecendo a Seus discípulos (Atos 1.3). Lucas informa que Jesus falava das coisas do “Reino de Deus”. E antes de partir, Jesus lhes deixa uma ordenança, relativa ao revestimento do Espírito (Atos 1.4; Lucas 24.49). Jerusalém seria o começo da pregação evangelística, mas receberiam virtude para ir além. No texto grego, a palavra é dýnamis, que designa poder. Eles receberiam a promessa para realizar feitos semelhantes aos de Jesus e até maiores (João 14.12-14). Outro termo utilizado é dýnamai, que significa capacidade. O Espírito os capacitaria.

O Mestre foi visto por mais de 500 irmãos (1 Coríntios 15.6). Porém, esse número reduz quando chegam em Jerusalém. Muitos ouviram a promessa, mas não se prontificaram em recebê-la. A redução do número de pessoas impressiona: só 120 obedeceram Jesus (Atos 1.15). Mesmo vendo Jesus ressurreto, muitos ainda rejeitaram a última ordenança de Jesus aqui na Terra. Eles deveriam ter uma vida direcionada pelo Espírito.

por Vítor Gabriel Bela Nery

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